Chef Manu Buffara: Nova York é uma de suas cidades prediletas e está no seu ranking das melhores do mundo para comer (Manu Buffara/ Instagram/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 4 de junho de 2019 às 05h00.
Última atualização em 4 de junho de 2019 às 15h30.
São Paulo - A conquista no ano passado do prêmio "Miele One to Watch", do ranking “Latin America's 50 Best Restaurants”, adicionou ainda mais fermento na carreira internacional da chef curitibana Manoella Buffara, a Manu.
Convites para congressos e palestras em instituições renomadas como o Culinary Institute of America, em Nova York, e o Basque Culinary Center, em San Sebastián, na Espanha, têm obrigado a cozinheira de 35 anos a se ausentar cada vez mais de seu restaurante, o curitibano Manu, no qual serve apenas menu degustação - o inhame com pimentão e caviar de quiabo e os chips de batata doce com shiitake hidratado com tucupi, dois snacks recorrentes, dão uma ideia do que aguarda a clientela.
Mãe de duas meninas, de 2 e 4 anos, a cozinheira pendurou na parede da casa um mapa-múndi com marcações coloridas que ajudam as duas a localizá-la ao redor do globo. Para evitar que as duas passem a odiar trabalho, o dela em especial, a chef nunca diz que está indo trabalhar. “Digo que estou indo ajudar as pessoas a comer melhor”, conta.
Manu pretende inaugurar em agosto em Nova York, com dois sócios americanos, o Ella, que tornará sua rotina de viagens ainda mais intensa - no ano passado, ela calcula ter se submetido a 46 voos internacionais. Por sorte, Nova York não é só uma de suas cidades prediletas como está no seu ranking das melhores do mundo para comer. Descubra a seguir quais são as outras da lista.
“É uma cidade para ser sentida e saboreada, sou fascinada por ela. Gosto de me hospedar no distrito de Sultanahmet, na parte mais antiga da cidade, onde ficam as mesquitas mais importantes. Na hora de comer, recomendo dar mais atenção aos endereços tradicionais do que aos mais chiques. São os primeiros que realmente servem a comida do povo turco, marcada pela conexão entre o oriente e o ocidente. Vale a pena tirar pelo menos um dia para explorar a comida de rua. E não deixe de experimentar os chás e as frutas da cidade. Se for ao Grande Bazar, o famoso mercado local, não esqueça que é obrigatório pechinchar - a regra é chegar à metade do valor ofertado.”
Restaurantes imperdíveis: Pandeli, famoso pelo cordeiro cozido lentamente, servido em uma cama de purê de berinjela, e 1924 Istanbul, que recepcionou ao longo dos anos figuras com Mata Hari, Greta Garbo e Agatha Christie.
“Agora sou meio suspeita para falar bem da cidade, mas é onde dá para comer em 365 bons restaurantes por ano sem repetir. Todo mundo sabe, mas não custa dizer novamente que dá para comer bem 24 horas por dia, andar com segurança a qualquer hora e comprar absolutamente tudo que você estiver procurando. Sem falar nos eventos, nos shows e na diversidade das pessoas”.
Restaurantes imperdíveis: Momofuku Ko, o mais caro do império do chef David Chang, e Estela, o bistrô incensado do chef Ignacio Mattos.
“É uma cidade que me pegou de surpresa. Encantadora, ideal para andar a pé, com inúmeras atrações para conhecer - só de museus há mais de 50. Recomendo comprar o típico hot-dog suíço e comê-lo à beira do lago, contemplando os animais que circulam pelos arredores. A cidade velha, com suas construções pré-medievais, vetada para automóveis, é imperdível - e ótima para garimpar presentes em lojinhas surpreendentemente baratas. Se tempo houver, pegue um trem com destino a Lucerna, para conhecer as estações de esqui”.
Restaurantes imperdíveis: Kronenhalle é o preferido dos endinheirados e tem uma extensa coleção de arte, incluindo obras de Chagall, Miró e Braque. “Excelente para provar Spätzle, schnitzel e o estrogonofe local”, reforça a chef.
“Não há como não sorrir num lugar desses, me sinto engolida pela beleza da cidade, cercada de montanhas. Considero uma mistura da Europa com a Califórnia. O trânsito é meio maluco, mas há muitas atrações ao ar livre, para conhecer caminhando. A comida é muito saudável e recomendo principalmente as iguarias locais”.
Restaurantes imperdíveis: O The Test Kitchen pertence ao chef Luke Dale-Roberts, a principal estrela da gastronomia do país. O Kalky’s, especializado em pescados, e o Haas Collective, conhecido pelo brunch, são sugestões mais econômicas.
“Concentra alguns dos melhores restaurantes do mundo, foi onde tive a primeira inserção em fine dining. Lá dá para fazer tudo de bicicleta, então alugue uma logo ao chegar. Recomendo fortemente o parque de diversões que fica próximo, o mais antigo do mundo, que minhas filhas precisam conhecer, o mercado Torvehallerne, e o castelo Frederiksborg, com seus jardins lindíssimos. A cervejaria Carlsberg é mais um programa bacana. O hot-dog local, feito com picles, molho remoulade e cebolinha fresca, é simplesmente o melhor do mundo”.Restaurantes imperdíveis: Amass, conhecido pelos produtos orgânicos e sustentáveis e pela imponente ambientação industrial, e o Noma, claro, do chef René Redzepi, na temporada de frutos do mar até junho passado.
“A poucas horas de voo do Brasil, é um paraíso gastronômico. Além dos restaurantes famosos, tem atrativos como o bairro Barranco, uma espécie de Vila Madalena, repleto de bares instalados em casarões. A cultura de Lima é riquíssima e ainda há sítios arqueológicos nas redondezas. Adorei o museu Mate, dedicado à obra do fotógrafo peruano Mario Testino, famosíssimo no mundo da moda. Nas praias da cidade não é possível entrar, mas há boas opções a distâncias curtas. Um ótimo atributo de Lima para os turistas: nunca chove”.
Restaurantes imperdíveis: Central, do chef Virgilio Martínez, atualmente o 6º melhor do mundo, de acordo com o ranking “The World's 50 Best Restaurants”, e o Maido, que figura em 7º na lista. Esse último, do chef Mitsuharu ‘Micha’ Tsumura, se notabilizou por mesclar a culinária peruana com a japonesa.
“Chega a ser um clichê, mas todo mundo deveria visitar Paris pelo menos duas vezes por ano. Tem gente que não se apaixona pela cidade na primeira vez. Se é o seu caso, dê uma segunda chance. Embora dispense apresentações, Paris é sinônimo de cultura, história, bebida e comida. Beber champanhe em Montmartre equivale a se teletransportar para dentro de um filme”.
Restaurantes imperdíveis: Le Meurice, que ostenta duas estrelas Michelin, e o Le Jules Verne, na Torre Eiffel. “Em Paris, é preciso começar com os clássicos”, sustenta Manu.
“Com pouco mais de 1 milhão de habitantes e agito na quantidade certa, não é uma cidade muito turística. Tem as estações bem marcadas, parques maravilhosos e é uma metrópole muito fácil de circular e conhecer, me lembra muito Curitiba. Não deixe de provar os vinhos naturais da região e, se possível, vá visitar Barossa Valley, onde eles são produzidos, a uns 60 quilômetros de distância. É uma região que faz lembrar muito a Serra Gaúcha. Em Adelaide, recomendo investir nas carnes defumadas e nos queijos locais. Para avistar cangurus e coalas o destino é a Kangaroo Island, de fácil acesso”.
Restaurantes imperdíveis: Peel St., com decoração industrial e culinária contemporânea com toques asiáticos, e Orana, tido como um dos melhores da Austrália.