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Artistas cubanos se posicionam sobre manifestações

Em um país orgulhoso da sua cena cultural, os artistas sempre foram vistos de perto em busca de sinais de sentimento político

Cuba: milhares de cubanos se reuniram para raros protestos nacionais contra escassez de produtos no país. (Alexandre Meneghini/Reuters)

Cuba: milhares de cubanos se reuniram para raros protestos nacionais contra escassez de produtos no país. (Alexandre Meneghini/Reuters)

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Reuters

Publicado em 15 de julho de 2021 às 07h00.

Última atualização em 15 de julho de 2021 às 11h24.

Músicos cubanos, do grupo de salsa Los Van Van ao pianista de jazz Chucho Valdés e à estrela pop Leoni Torres, deram um raro sinal de apoio a manifestantes e criticaram a maneira como as autoridades comunistas trataram a maior manifestação popular nas ruas em décadas.

Milhares de cubanos se reuniram para raros protestos nacionais no domingo, contra escassez de produtos no país, Covid-19 e por direitos políticos. O governo culpou "contra-revolucionários" financiados pelos EUA que tentam explorar a crise econômica causada por sanções norte-americanas.

Historicamente, músicos em Cuba se afastam de temas políticos para não correrem o risco de serem repreendidos no país, se forem considerados críticos ao governo, ou de se tornarem alvo de ódio no exterior entre exilados cubanos, se parecerem apoiadores.

Mas a explosão social de domingo, incluindo vídeos nas redes sociais de conflitos violentos entre manifestantes e forças de segurança, mudou esse cenário.

"Apoiamos os milhares de cubanos reivindicando seus direitos, eles precisam ser ouvidos", afirmaram os vencedores do Grammy, Los Van Van, há décadas o grupo musical mais popular de Cuba, pelo Facebook.

"Dizemos não à violência, não aos conflitos, e pedimos calma nas nossas ruas."

Uma pessoa morreu em um protesto no qual, segundo um morador, forças de segurança usaram armas de fogo contra manifestantes que as atacavam com pedras e outros objetos.

"Que dor, que tristeza ver o abuso de poder das forças de ordem cubanas, ver como atacam pessoas comuns e pacíficas", afirmou a banda de salsa Elito Revé y su Charangón, no Facebook.

O presidente Miguel Díaz-Canel pediu que apoiadores do governo revidassem, e ativistas dizem que "brigadas de reação rápidas" - grupos civis organizados pelo Estado - estão reprimindo a dissidência.

"Não tem como deitar na cama e dormir tranquilamente sabendo a situação que estamos vivendo", escreveu o músico urbano Yomil, cujo nome verdadeiro é Roberto Hidalgo, no Twitter. No domingo, ele transmitiu ao vivo sua breve detenção pela polícia no momento em que saía para protestar.

GUERRA CULTURAL

Autoridades cubanas afirmam que forças de segurança também foram feridas nos protestos e denunciaram "vandalismo".

"Eles (o governo) têm as mãos sujas de sangue", disse a estrela pop Leoni Torres, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook.

Em um país orgulhoso da sua cena cultural, artistas sempre foram vistos de perto em busca de sinais de sentimento político. Muitos permanecem leais ao governo.

O cantor folk Silvio Rodríguez, considerado a voz da revolução cubana, afirmou em seu blog que o país tem que defender suas conquistas, entre demonstrações "fomentadas pelo regime imperialista", mas também meditar sobre a situação.

Em cima disso, alguns músicos cubanos de Miami, como a dupla de reggaeton Gente de Zona, lançaram um hino contra o governo chamado "Pátria e Vida" que viralizou na internet.

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