Obra de Francisco Graciano - Novos Para Nós. (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 07h39.
Está chegando a terceira edição do Rotas Brasileiras. Entre os dias 28 de agosto e 1 de setembro na ARCA, em São Paulo, a feira promove uma imersão completa no Brasil por meio das artes visuais e entra de vez para o calendário cultural da cidade. São galerias, instituições culturais e projetos convidados com estandes curados que destacam novos caminhos pela arte brasileira.
O evento reúne, entre emergentes e consagrados, mais de 250 artistas, dos quais mais de 40% são mulheres, e 66 participantes de 15 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
"Rotas é um mergulho na arte brasileira. Cada projeto é cuidadosamente pensado com galerias e seus artistas, resultando em um conjunto de perspectivas distintas, e aprofundadas da nossa identidade. Nesta terceira edição, fica ainda mais evidente a potência e a enorme riqueza cultural do Brasil", comenta Fernanda Feitosa, fundadora e diretora executiva da SP–Arte.
Uma das grandes novidades é a direção artística de Rodrigo Moura. Curador, editor e crítico de arte, Moura (Belo Horizonte, 1975) atua como curador-chefe no Museo del Barrio, em Nova York, desde 2019. Sua trajetória inclui passagens pelo Masp como curador-adjunto e pelo Instituto Inhotim como diretor artístico e curador. Foi também o primeiro curador do Setor Solo na SP–Arte, em 2014 e 2015.
“Rotas oferece a possibilidade de criar diálogos em torno de conceitos e noções de identidade e pertencimento, propondo perguntas, revisões e afirmações”, afirma o diretor artístico. “Para mim, tem sido uma honra colaborar com agentes do sistema e propor novas dinâmicas de circulação e sentido para seus programas no contexto da feira”, diz. Moura colaborou no desenvolvimento dos projetos das galerias, estimulando apresentações solo, duo ou recortes temáticos.
Destaque para estreia do Mirante, setor proposto por Moura, em um formato pouco usual em feiras de arte. Reunindo obras em grande escala e raramente exibidas, o Mirante apresenta trabalhos de artistas consagrados como Tunga, Rivane Neuenschwander e Adriana Varejão ao lado de nomes da nova geração, como Rebeca Carapiá e Jota Mombaça. Veja abaixo a lista completa de artistas e galerias:
Adriana Varejão, Amelia Toledo, Galeria Nara Roesler, Artur Pereira, Galeria Estação, Chico da Silva, Galatea, Delson Uchôa, Gomide&Co, Emanoel Araújo, Simões de Assis, Emiliano Di Cavalcanti, Almeida & Dale, José Bento, Millan, Jota Mombaça, Martins&Montero, Montez Magno, Galeria Marco Zero, Mira Schendel, Pinakotheke, Sergio Augusto Porto, Central Galeria, Rebeca Carapiá, Galeria Leme, Rivane Neuenschwander, Gomide&Co, Rosângela Rennó, Vermelho, Tunga, Millan.
Entre as participantes, estão casas já conhecidas do circuito, como Almeida & Dale, Gomide&Co, Bolsa de Arte, Marilia Razuk e Millan, e também as mais jovens, caso de Mitre, HOA, Projeto Vênus e Verve. Galerias-chave do Nordeste também marcam presença: Lima (São Luís do Maranhão), Marco Zero (Recife), Paulo Darzé, Acervo, RV Cultura e Arte (Salvador) e Leonardo Leal (Fortaleza).
Como de praxe no Rotas, também participam institutos, acervos e galerias que preservam e disseminam a obra de artistas consagrados da arte brasileira. São eles: Instituto Cultural Vlavianos, Caravana Farkas, Sertão Negro, Galeria Estação (que celebra 20 anos em 2024), Instituto Mario Cravo Neto, Karandash, Bancos Indígenas do Brasil e coleção moraes-barbosa – dedicada a preservação de obras efêmeras, como performance e arte postal.
Nomes como Bianca Boeckel, Bolsa de Arte, Claraboia, Marcelo Guarnieri, Marli Matsumoto, Martins&Montero, Pinakotheke, Projeto Vênus, Ricardo Von Brusky, Sandra & Marcio e Via Thorey estarão na feira pela primeira vez.
A galeria Almeida & Dale apresentará um projeto inédito que reúne o paraense Emmanuel Nassar, a goiana Mirian Inêz da Silva e o paraibano Antonio Dias, cujas obras reverberam as dinâmicas do processo de modernização do Brasil e da cultura brasileira no século 20.
A Gomide&Co exibirá “Rotas de afeto”, promovendo uma espécie de ping-pong entre o trabalho da artista Lenora de Barros e o de seu pai, Geraldo de Barros. Com curadoria minuciosa da artista, esculturas, pinturas e peças de design compõem a exposição.
A Paulo Darzé, de Salvador, levará para a Rotas Brasileiras o projeto “O Mensageiro”, uma exposição coletiva que tem como eixo conceitual Exu, divindade cultuada em religiões de matriz africana.
Com obras dos artistas Daiara Tukano, Gustavo Caboco, Jaider Esbell e Joseca Mokahesi Yanomami, a Millan enfatiza as histórias ancestrais e a luta pela defesa dos direitos das populações indígenas do país.
A GDA, Galeria de Artistas, enfatiza diásporas árabes, com obras de Mari Dagli, Rodrigo Lahoud, tintanamente e Yara Osman e curadoria de Khadyg Fares. As obras refletem as identidades, a estética e os desdobramentos poéticos e políticos que advém deste trânsito migratório: do oriente ao Brasil.
A Cerrado apresenta um solo do artista Moacir. Residente da Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, ele nunca saiu de lá e tem sua vida envolta por questões míticas. O desenho é sua forma de comunicação com o mundo exterior e suas pinturas confrontam elementos de naturezas distintas, criando figuras carregadas de simbolismos e personagens do imaginário popular.
O projeto da Marco Zero explora o conceito de desvio como uma forma potente de coabitar o território. Com curadoria de Bitu Cassundé, a seleção inclui trabalhos de artistas como Advânio Lessa, Bozó Bacamarte e Cícero Dias e busca reinventar paisagens e resgatar memórias ancestrais.
Com três artistas mulheres, Kássia Borges, Kaya Agari e Nara Guichon, a Carmo Johnson Projects busca ampliar a discussão de urgências e resgates de manifestações estéticas, culturais e socioambientais, que apoiam práticas sustentáveis e conexões ecológicas.
Nesta edição, o destaque da Lima é o artista longevo Luis Carlos Lima Santos. Com trabalhos a partir das sementes de babaçu, andiroba e tamburi, típicas do Maranhão, suas obras vão da forma orgânica à abstração.
Na Marcelo Guarnieri, haverá uma seleção de obras produzidas entre 1962 a 2024 pelos artistas Maureen Bisilliat e João Bez Batti. Por meio da fotografia e da escultura, ambos desenvolvem uma prática interessada em processos manuais, como a revelação fotográfica analógica ou o trabalho de esculpir o basalto.
A Martins&Montero apresenta um projeto solo do artista do Recôncavo Baiano Davi Rodrigues. Sua nova série de pinturas sobre papel, “Memória e presente do meu Paraguaçu” (2024), traz o rio como personagem principal. Rodrigues retrata a flora e a fauna, servindo de alerta para a importância da preservação ambiental e da preservação da memória cultural.
Serviço:
Rotas Brasileiras
28 agosto a 1 setembro 2024. 29 a 31 agosto das 12h às 20h, 1 setembro das 12h às 19h
ARCA: Av. Manuel Bandeira, 360 - Vila Leopoldina (São Paulo - SP)
Ingressos R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada)