John Goodman, Alan Arkin, Ben Affleck e Cryan Cranston, na exibição de "Argo" em Nova York: "Quando vi o roteiro, eu não podia acreditar que ele era tão bom", disse Ben Affleck (©AFP/GETTY IMAGES / jason kempin)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2012 às 16h35.
Los Angeles - Com "Argo", o ator e diretor americano Ben Affleck traz para o cinema a incrível e verdadeira história da "exfiltração" pela CIA, com a cumplicidade de Hollywood, de um grupo de diplomatas americanos de Teerã em 1979, em plena revolução iraniana.
Terceiro filme de Ben Affleck como diretor, depois de "Medo da verdade" (2007) e "Atração perigosa" (2010), "Argo" é produzido por George Clooney e estreará na sexta-feira nos Estados Unidos. No Brasil, o filme chega às telas de cinema em 9 de novembro.
O filme conta a história de uma das missões mais romanceadas da CIA, por muito tempo considerada como "secreta", até se tornar pública em 1997.
Durante a tomada da embaixada dos Estados Unidos em Teerã por revolucionários iranianos em 1979, um grupo de diplomatas conseguiu escapar por uma porta dos fundos e buscou refúgio na embaixada do Canadá.
Enquanto 52 reféns americanos estavam nas mãos dos revolucionários - eles permaneceram 444 dias, precipitando a derrota do presidente Jimmy Carter contra Ronald Reagan em 1980 -, as autoridades procuravam em vão a melhor maneira de evacuar os diplomatas da embaixada do Canadá.
Tony Mendez, um agente da CIA, propôs uma ideia excêntrica, que por fim foi aceita: inventar em Hollywood uma equipe de produção de um falso filme de ficção que, em seguida, iria para o Irã em busca de locações para o filme e retornaria aos Estados Unidos com os diplomatas, que se passariam por membros dessa equipe.
"Quando vi o roteiro, eu não podia acreditar que ele era tão bom", disse Ben Affleck na apresentação do filme em Beverly Hills.
"O que me prendeu quase que imediatamente era ter, ao mesmo tempo, suspense e paródia de Hollywood, uma história de espiões da CIA baseada em fatos reais", acrescentou.
"Vidas em jogo"
Brilhantemente escrito e de uma eficácia dramática notável, "Argo" é construído em torno do personagem de Tony Mendez - interpretado por Ben Affleck -, o único a acreditar até o fim em seu plano. O ex-espião também esteve muito envolvido na produção do filme, e chegou a fazer uma aparição.
"Inspirou-me muito encontrar com Tony", contou o ator de 40 anos. "Essa era a sua história, o seu ponto de vista. Ele queria me encontrar em um bar famoso da CIA em Georgetown e me dizia que foi lá que (o agente duplo) Aldrich Ames entregou aos russos os nomes dos agentes americanos".
"Quando ele me contou isso, de repente, tudo se tornou real, (Argo) é a verdadeira história de um cara real em um mundo real, onde vidas reais estão em jogo", observou.
"Argo" conseguiu, o que não é pouca coisa, manter a coerência de tom entre a pintura em traços fortes da revolução iraniana, a tensão extrema e os perigos da missão e saborosas cenas de produção em Hollywood, servidas pelos atores Alan Arkin e John Goodman.
Se Ben Affleck não queria que seu filme fosse "politizado", a pouco tempo da eleição presidencial dos Estados Unidos em 6 de novembro - onde "muitas coisas são politizadas", segundo ele - foi incapaz de ignorar as aproximações do filme com a atualidade, com os recentes ataques contra as representações americanas no mundo árabe.
"Queríamos ser cuidadosos e criteriosos em apresentar os fatos e dizer muito claramente que esta é apenas uma visão (entre outras) desta parte do mundo. E o fato de que esta parte do mundo está atualmente agitada, não deve nos impedir de mostrar nossa visão. Eu acho que seria uma coisa ruim", concluiu.