Homem triste com a cabeça baixa (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2013 às 10h53.
Buenos Aires - Após ser dispensado por sua namorada, o músico argentino Roberto Lázaro criou o primeiro 'clube de homens abandonados por uma mulher', que em menos de um ano reuniu mais de 1.700 homens que viveram uma experiência similar e com o qual procura romper estereótipos machistas.
'Fiquei abatido com o abandono de uma mulher após sete anos de namoro. Éramos quase um casal consumado, ela era quase minha esposa. Íamos ter filhos e todas essas coisas, mas você nunca pensa que essa pessoa irá embora', relata Lázaro à Agência Efe.
O vocalista da banda pop Sinusoidal explica que sua relação se deteriorava porque havia reiteradas 'injúrias sem sentido' e 'silêncios profundos', mas que seu fim ocorreu de forma repentina, quando, ao voltar para casa após uma discussão, viu suas coisas empacotadas.
'Pedi uma explicação, mas pelo meu orgulho tratei de ir embora rápido. Fui para a casa dos meus pais, e o outro dia foi muito difícil porque eu estava acostumado a compartilhar com minha mulher as atividades cotidianas, esse pequeno mundo tão gigante para o casal', acrescenta.
No meio dessa angústia, o produtor artístico compôs uma canção e a postou no YouTube para que pudesse ser escutada por outros homens que também estivessem passando por uma desilusão amorosa.
Lázaro conta que a música teve grande repercussão nas redes sociais e que começou a receber vários contatos de pessoas que queriam saber 'se se tratava de um clube de abandonados', o que o encorajou a transformá-lo em uma realidade.
'A princípio, tive de suportar as gozações, mas eu tinha certeza do que fazia. Queria estender um laço entre os homens que estava passando por isso para evitar situações de violência contra essa mulher que não quer mais você. Para que o homem possa aceitar o abandono e ajudá-lo a reconstruir sua vida'.
O fundador sustenta que a página do clube no Facebook não é um lugar para expressar posturas machistas e que se algum integrante se manifestar de forma 'violenta', ele tenta convencê-lo a não insultar a mulher; se a atitude perdurar, o sujeito é bloqueado.
'O que apregoo é que a mulher continue sendo uma inspiração para a vida e não um objeto', destaca.
A cada duas semanas essa comunidade promove reuniões itinerantes em diversos pontos da Argentina, mas Lázaro nega que o clube use técnicas dos grupos de autoajuda e destaca que ele também não é 'um terapeuta que diz aos homens o que eles têm de fazer'.
'Não somos como os Alcoólicos Anônimos, que abrem uma roda, contam suas experiências e começam a chorar enquanto os outros integrantes os ouvem. Evito isso porque é muito cruel. Nos juntamos para fazermos coisas como assistir a um jogo de futebol. Podem parecer insignificantes, mas são muito importantes para o momento que essa pessoa está atravessando', indica.
Lázaro se mostra orgulhoso de o clube ter ajudado muitos homens a compartilharem o seu abandono com outros, o que, segundo sua opinião, significa o rompimento de um 'estereótipo machista', já que habitualmente os homens tendem a ocultar a sua desilusão por medo ou vergonha.
'Admiro esses casais que podem ficar juntos por 40 anos, como meus avôs ou meus pais, mas estamos em uma época muito mais individualista, e isso faz com que os casais durem pouco e que não trabalhem para superar as crises. Mas também acredito que é possível encontrar uma parceira para toda a vida e busco isso', conclui. EFE