Projeção em 3D do Apothekario: drinques com extratos de frutas nativas (Aphotekario/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 07h33.
Dois quartos da Pousada do Sandi, uma das mais tradicionais de Paraty, foram derrubados recentemente. Em seu lugar está sendo inaugurado, nesta sexta-feira 18 de dezembro, o Apothekario, bar de drinques de propriedade de Alexandre D’Agostino, dono do Apothek, em São Paulo, e uma das estrelas da atual onda da coquetelaria.
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Chamar o Apothekario de bar é reducionista. O local será na verdade um laboratório de criação de drinques, um sonho antigo de D’Agostino. A ideia é criar um centro de experimentações de coquetelaria e que pode ser replicado em outros lugares já no ano que vem.
O sócio de D’Agostino na empreitada é o empresário Sandi Adamiu, dono da Pousada do Sandi e um dos sócios da Paris Filmes. Juntos, eles importaram, por exemplo, um antigo destilador suíço, com tecnologia de 80 anos. É a única máquina do tipo no Brasil, até o momento.
Drinque na esfera da magia
O aparelho vai servir para retirar essência de plantas e frutas da Mata Atlântica local, conservando suas propriedades. A ideia é que os novos drinques tenham propriedades funcionais. “Podemos criar coquetéis calmantes, energizantes, anti-inflamatórios”, explica Rodrigo Benez, CEO da marca Apothek.
“Uma pessoa pode tomar um drinque de maracujá, para dormir bem, e no dia seguinte um shot à base de cacau, um estimulante natural, para ter energia e fazer alguma atividade física ou sair para um passeio de barco na região", conta Adamiu.
Benez completa o raciocínio de Adamiu. “Além de fomentar a cultura local e a arte da coquetelaria, queremos tirar a bebida da gaiola da festa e do entorpecimento, e trazê-la para a esfera da inspiração, abstração e magia.”
Coquetelaria une passado e presente
A intenção é integrar a nova onda da mixologia com a história de Paraty, uma charmosa cidade colonial com ruas de pedras no centro histórico. Paraty está encravada na chamada Costa Verde, entre São Paulo e Rio de Janeiro, um dos litorais mais deslumbrantes do país.
Litogravuras com desenhos da fauna e flora locais do século 17 vão decorar o salão com apenas 12 lugares, medida condizente com a precaução com a pandemia do novo coronavírus. Artistas regionais serão convidados para dar palestras sobre a arte regional. “Será um bar conceito, um laboratório de ideias e um centro cultural. Queremos oferecer ao público e aos amigos boêmios de Paraty um espaço de alta coquetelaria e arte”, afirma Sandi.
A integração com a cidade também vai acontecer por meio de um balção onde os clientes poderão comprar os coquetéis em sistema take away. As criações do Apothekario poderão ser levadas em atividades temáticas de Paraty, como passeio de barco e birdwatching. “A ideia é dialogar com insumos locais, como as frutas nativas e a boa cachaça típica da região”, diz Benez.
Bebida, arte e moda
A sociedade de D’Agostino e de Sandi começou, por incrível que possa parecer, em uma academia de crossfit no bairro do Pacaembu, dois anos atrás. No hábitat de malhadores compulsivos, os dois empresários mais ligados à boemia logo se reconheceram. As conversas ocasionais viraram amizade e agora sociedade.
Apothek, cabe lembrar, significa farmácia em alemão. As experimentações sempre foram a maior motivação de D’Agostino. No Apothekario de Paraty, e nas próximas casas com esse conceito, a arte da coquetelaria pode ganhar novo impulso no Brasil.
Além de bebida e arte, o novo espaço também tem lugar para a moda. Haverá por lá um corner da marca de beachwear Shorts & Co, com uma coleção de estampas exclusivas da Pousada do Sandi e de Paraty.
O novo centro de inovação promete ser um hit do verão de um dos pontos turísticos brasileiros mais bonitos e sofisticados.