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Apocalipse e Star Wars se esbarram em templos maias

Ruínas de templos maias onde ocorreram filmagens de Star Wars devem receber recorde de turistas com aproximação de suposto "fim do mundo"

Ruínas de templos maias na cidade guatemalteca de Tikal, onde ocorreram as  filmagens de cenas de Star Wars no planeta Yavin 4 (REUTERS/Mike McDonald)

Ruínas de templos maias na cidade guatemalteca de Tikal, onde ocorreram as filmagens de cenas de Star Wars no planeta Yavin 4 (REUTERS/Mike McDonald)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2012 às 18h58.

TIkal - No centro da base rebelde de onde Luke Skywalker decolou para destruir a Estrela da Morte e salvar seu povo das garras de Darth Vader, a Guatemala se prepara para outro fato marcante: o fim de uma era para os maias.

Nas profundezas da selva guatemalteca ficam as ruínas dos templos maias que George Lucas usou como locação para o planeta Yavin 4 na série "Star Wars".

Nesta semana, no alvorecer da sexta-feira, 21 de dezembro, termina uma era no chamado "calendário maia de contagem longa", um fato que foi associado por vários grupos ao fim dos tempos, ao começo de uma nova era mais espiritualizada, ou a uma boa razão para passear pelos antigos templos maias do México e da América Central.

"Se for o fim do mundo, tomara que o Luke venha e detone a Estrela da Morte", disse o consultor Alex Markovitz, 24 anos, fã de "Star Wars" que mora em Filadélfia, enquanto olhava o local da base rebelde do mocinho cinematográfico. "Eu vejo por que rodaram aqui. Não parece real. Parece um planeta alienígena."

Outrora o coração de uma civilização conquistadora por mérito próprio, a antiga cidade de Tikal - considerada "a Nova York do mundo maia", pelo porte dos seus edifícios - é hoje um centro de peregrinação tanto para fãs de "Star Wars" quanto para entusiastas da cultura maia, ávidos por descobrirem exatamente o que significam as interpretações modernas das antigas lendas.


Na década de 1960, um influente acadêmico norte-americano disse que o fim do 13o "bak'tun" maia - um período que dura cerca de 400 anos - poderia significar um "Armagedom", embora muitos visitantes dos velhos templos acreditem que a virada do calendário possa prenunciar algo maravilhoso.

Descoberto em 1848, quando locais desencavaram crânios humanos com joias de jade encravadas nos dentes, Tikal hoje atrai turistas do mundo todo. Nesta semana, visitantes diziam sentir uma presença poderosa no céu sobre suas cabeças.

"O mundo tal qual conhecemos está terminando", disse a blogueira argentina Jimena Teijeiro, de 35 anos. "Estamos sendo impulsionados para uma nova era de luz, sincronicidade e de deslumbramento simples com a vida." Estudiosos dos maias e astrônomos rejeitam a ideia de que o mundo esteja à beira da destruição, mas místicos e buscadores de experiências espirituais continuam vindo atrás da energia de Tikal. Guardas do parque contaram que na semana passada expulsaram 13 mulheres nuas que dançavam e cantavam em torno de uma fogueira perto dos templos.

"Algo grande vai acontecer", disse o empresário Ricardo Alejos, presidente do fã-clube de "Star Wars" na Guatemala. "Os maias eram um povo incrivelmente preciso. Algo grande vai acontecer, e vamos descobrir em poucos dias." Cercada por uma espessa floresta habitada por onças, macacos e tucanos, a vista para Yavin 4 do topo do Templo 4 de Tikal, conhecido como "templo da serpente de duas cabeças", pouco mudou desde a filmagem feita em 1977 por Lucas.


O cineasta escolheu Tikal ao ver um cartaz do lugar numa agência de viagens da Inglaterra, e em março de 1977 enviou uma equipe à Guatemala para filmar, no meio de uma guerra civil que duraria 36 anos.

Com um sistema de polias, a equipe instalou pesadas câmeras e refletores em cima do Templo 4, com 65 metros de altura, e pagou com cervejas um guarda que durante quatro noites vigiou o material, munido com uma espingarda, segundo moradores.

Um ano depois das filmagens, as cabanas onde a equipe se hospedou foram queimadas por guerrilheiros esquerdistas que combatiam o governo militar da época.

Yavin 4 e a base rebelde voltarão à trama de "Star Wars" no Episódio 7 da série, anunciado em outubro pela Disney, no que Skywalker regressa ao seu planeta para montar uma academia de Cavaleiros Jedis. Muitos fãs, no entanto, dizem que a Disney deve filmar em estúdio, em vez de voltar a Tikal.

Os templos também apareceram em "007 Contra o Foguete da Morte", de 1979, em que o agente James Bond é atraído para o covil do seu inimigo Hugo Drax no meio da selva.


Guias locais preveem um grande afluxo de visitantes nesta semana, e o governo guatemalteco estima um recorde de 235 mil turistas estrangeiros em dezembro. Os hotéis em Tikal estão lotados.

"Há grupos apaixonados que chegam", disse o guia turístico Gamaliel Jimenez. "Um grupo me disse: ‘Se você não nos levar aonde filmaram ‘Star Wars', não vamos contratar você'."

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