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Aos 20 anos, Igor Bonatto é a aposta do cinema nacional

O jovem cineasta de Curitiba vai rodar um curta. Seria normal se os realizadores do cultuado “Cidade de Deus” não estivessem abraçando o projeto

O cineasta Igor Bonatto num estúdio de São Paulo. “Quero sucesso de crítica e de público” (Gui Mohallem)

O cineasta Igor Bonatto num estúdio de São Paulo. “Quero sucesso de crítica e de público” (Gui Mohallem)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 14h05.

Como a maioria dos jovens que terminam o curso superior de cinema, o paranaense Igor Bonatto tinha uma câmera na mão e muitas ideias na cabeça. Ou melhor: algumas das ideias já haviam se materializado em seis curtas-metragens. Recém-saído da Vancouver Film School, no Canadá, o rapaz estava com 19 anos e pretendia rodar seu longa de estreia, DES., sobre o cotidiano de duas modelos. Elaborou um projeto detalhadíssimo –com roteiro, storyboards, sugestões de cenas – e, algo raro para um marinheiro de primeira viagem, resolveu bater na porta de figurões do cinema nacional. Peregrinou por Curitiba e pelo Rio de Janeiro até chegar à O2 Filmes, em São Paulo, onde acabou agradando o chefe de produção. Por intermédio dele, conheceu Hank Levine. O produtor norte-americano aparece nos créditos do documentário Lixo Extraordinário e do cultuado Cidade de Deus, ambos indicados ao Oscar e ganhadores de prêmios importantes. Ex-sócio da O2, Levine viu no novato um talento promissor e topou produzir DES.. Recomendou, porém, que o garoto transformasse o argumento original num curta. Bonatto concordou, e as filmagens devem começar agora, em outubro. Detalhe: hoje, o cineasta tem 20 anos.

“O projeto de DES. me impressionou bastante. Igor sabe exatamente o que quer. Articula as ideias com inteligência, faz desenhos interessantes de cenas e busca referências sofisticadas”, avalia Levine, que mora em São Paulo desde 1995. O produtor também gostou dos curtas anteriores de Bonatto, que lhe pareceram bem realizados tanto técnica quanto artisticamente. Por que, então, não quis apostar em DES. como um longa? “Porque a maneira mais eficiente de lançar um diretor no mercado ainda é com um curta.” Para compensar a inexperiência do curitibano, Levine conseguiu que três profissionais de peso aderissem à empreitada: o compositor Antonio Pinto (responsável pela trilha de Central do Brasil e Cidade de Deus), o montador Daniel Rezende (que trabalhou igualmente em Cidade de Deus) e o estilista Alexandre Herchcovitch (que criará os figurinos de DES.).

Embora surpreso com o desenrolar das coisas, Bonatto diz que não fica inseguro diante de parceiros tão consagrados. “Sinto que meu esforço e minha ousadia valeram a pena.” Filho de um casal sem nenhum trânsito no universo cinematográfico, ele cavou uma bolsa na escola particular de Curitiba em que cursava o ensino médio. Como recompensa, ganhou do pai o dinheiro das mensalidades, que poupou integralmente, já cogitando usá-lo para estudar cinema no Canadá.

Por causa de DES., trocou recentemente a capital paranaense pela paulista – o que lhe permitiu frequentar grandes agências de modelo e os bastidores da São Paulo Fashion Week. “Gosto de cinema experimental, mas admito que não é a minha praia”, explica. “Não quero apenas sucesso de crítica. Quero também o de público.”

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