Ruas de Lisboa: Ano do Brasil em Portugal repassa, até o dia 13 de junho de 2013, uma ampla mostra da cultura brasileira (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2012 às 20h24.
Lisboa - Representando toda expressividade dos designers brasileiros, duas exposições, "Design Brasileiro - Mobiliário Moderno e Contemporâneo" e "Personagens e Fronteiras: Território Cenográfico Brasileiro" - ambas em cartaz no Museu do Design e da Moda (MUDE) de Lisboa até o dia 4 de novembro -, dão início às atividades do Ano Brasil em Portugal.
Na mostra "Personagens e Fronteiras", que levou no último ano a Triga de Ouro da 12º edição da Quadrienal de Praga, o maior evento mundial dedicado à cenografia, os visitantes são convidados a percorrer universos de contraste.
Nesta, há peças de móveis, como a "poltrona Astúrias balanço", de Carlos Motta, que se afundam no silêncio e na areia da praia (elemento que revela a inspiração do artista) e, logo ao lado, uma chamativa estrutura rosa reúne vídeos, fotografias, modelos e adereços de grupos teatrais sob um alvoroço de trilhas musicais.
Essa disparidade entre as expressões artísticas nutre o olhar comum à produção dos designers brasileiros que estão nessas duas mostras, explicou à Agência Efe Aby Cohen, curadora da mostra junto a Ronald Teixeira.
"A representação do Brasil é a representação da mistura. Esta mistura também é o que aproxima o país de outras culturas com as quais tem relação e influência, como a portuguesa", completa a curadora.
Segundo Aby, essa exposição é uma seleção das obras que mesclam os tradicionais espaços cênicos e "as quebras de regras do espaço convencional", como acontece no Rio de Janeiro e São Paulo com as performances de rua que são representadas na mostra.
Este "trânsito dos artistas" de um espaço para outro, que permite um maior diálogo entre as galerias, os teatros e a rua, é o grande destaque na experimentação das artes cênicas no Brasil, explicou Aby.
A prova disso é que a exposição "Design Brasileiro - Mobiliário Moderno e Contemporaneo" também trabalha noções de contrastes com diferentes visões.
Por um lado, o Brasil das peças modernas, planejadas a partir dos anos 40 e durante a ditadura (1964-1985). Do outro, o país das criações contemporâneas surgidas a partir de grande marcos, como a exposição "Os incômodos" (1989), dos irmãos Humberto e Fernando Campana.
Para o design Zanini de Zanine, curador desta exposição ao lado de Raul Schmidt, esses trabalhos são definidos com dois adjetivos: "informalidade e aconchego", que se diferenciam "pela pluralidade de materiais e propostas".
Uma variedade que pode ser observada na "cadeira África" de Rodrigo Almeida, formada por coloridas cordas de suspensão. São objetos que se ambientam entre a condição de móvel, com um fim específico como se sentar e escrever, e a obra de arte, desenhada para ser observada, explicou Schmidt.
Segundo Schmidt, a força econômica é, junto com a qualidade das propostas, um dos principais motivos que permitiu o design brasileiro chegar à museus de Nova York, como o Moma, e de Berlim, onde essa exposição já foi apresentada.
O Ano do Brasil em Portugal repassa, até o dia 13 de junho de 2013, uma ampla mostra da cultura brasileira, desde suas representações mais clássicas até as mais atuais, através do cinema, da música, das artes plásticas e da gastronomia.
A iniciativa se complementa com a realização simultânea do Ano de Portugal no Brasil, que destaca inúmeras atividades paralelas sobre a cultura lusa.