Resort na Tailândia: o resort apresentou uma queixa de difamação contra o homem. (Sergi Reboredo/Getty Images)
Matheus Doliveira
Publicado em 5 de outubro de 2020 às 13h34.
Um cidadão estadunidense que vive e trabalha na Tailândia corre o risco de ser condenado a até dois anos de prisão no país asiático depois de ter avaliado negativamente um resort local na plataforma online TripAdvisor.
Segundo informações da agência AFP, o proprietário do Sea View Resort, na ilha de Koh Chang, costa leste da Tailândia, entrou com uma queixa contra Wesley Barnes, acusando o homem de causar "danos à reputação do hotel" depois de sua avaliação no TripAdvisor.
O americano visitou o estabelecimento em junho. Além de ter dado uma estrela para o resort --- menor pontuação permitida pelo TripAdvisor ---, Barnes também criticou os funcionários do hotel e escreveu que há melhores opções de hospedagens no local. "Pessoal hostil, ninguém nunca sorri. Eles agem como se não quisessem ninguém lá. O gerente do restaurante era o pior. Ele é da República Tcheca. É extremamente rude e indelicado com os hóspedes. Encontre outro lugar. Há muitos com uma equipe mais simpática que está feliz por você ficar com eles ", comentou.
"Escolhemos registrar uma reclamação para servir de impedimento, pois entendemos que ele pode continuar a escrever comentários negativos semana após semana no futuro previsível", disse o hotel em um comunicado ao jornal britânico The Telegraph.
Assim que foi denunciado pelos donos do resort, Barnes foi preso pela polícia de imigração, e agora aguarda o processo em liberdade depois de pagar fiança. Com leis anti-difamação muito rígidas, a Tailândia poderá condenar o homem a até dois anos de prisão e multa de 6.300 dólares (cerca de 35 mil reais) se ele for considerado culpado.
Ativistas dos direitos humanos acusam a Tailândia de usar suas leis anti-difamação para cercear a liberdade de expressão, de imprensa e promover censura. Em dezembro do ano passado, por exemplo, uma repórter da rede de televisão tailandesa Voice TV foi condenada a 2 anos por fazer um Tweet sobre as condições de trabalho em uma granja da empresa Thammakaset. Assim como o americano Barnes, a jornalista foi acusada (e, no caso dela, condenada) de difamar a empresa que citou em seu comentário no Twitter.