Jaime Lannister quebra seu juramento e mata o rei Aerys II (Superinteressante/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 30 de julho de 2017 às 17h31.
Última atualização em 30 de julho de 2017 às 17h33.
No mundo de Game of Thrones, quem muito quer nada tem.
Houve um tempo em que a maior potência comercial e bélica de Essos era a Velha Ghis, uma cidade construída com a escravidão. Mas, perto dali, numa cadeia de montanhas vulcânicas chamadas Catorze Chamas, viviam os valirianos, que aprenderam a domar dragões. Não é preciso muita imaginação para saber o que aconteceu depois. Os valirianos, de cabelos prateados, travaram cinco guerras contra os guiscaris pelo poder. A última foi definitiva – até o idioma da Velha Ghis desapareceu. Mas Valíria não estava satisfeita. O império se expandiu para outras regiões do continente e dizimou outros povos, como os roinares. Outra parte atravessou o Mar Estreito rumo a Dorne, sob o comando da guerreira Nymeria. Mas Valíria estava perto do abismo. Quando o império chegou ao seu auge, as Catorze Chamas entraram em erupção ao mesmo tempo e tanto os dragões quanto os seus senhores pereceram. Dizem os mestres que a destruição dos valirianos veio por castigo do destino porque eles eram gananciosos e não viam problemas em casamentos incestuosos. Há também quem diga que a perdição aconteceu graças à maldição rogada por um líder roinar que morreu na mão dos valirianos. Hoje, a península onde ficavam os vulcões é um lugar mal-assombrado. E o sangue valiriano só continuou a existir graças a alguns senhores de dragões que escaparam de lá antes da perdição. É o caso de Aegon Targaryen, que se tornou o primeiro e lendário rei da dinastia em Westeros.
Como a guerra do usurpador definiu o início da história contada nos livros e na série.
O rei Aerys II até que não era dos piores Targaryen. Mas, certa vez, foi sequestrado pelo lorde Denys Darklyn, que não queria pagar impostos, e foi mantido em cativeiro por meses. Depois que Barristan Selmy, líder da Guarda Real, libertou o rei e todos os Darklyn foram mortos, Aerys nunca mais foi o mesmo. Ele ficou conhecido como Rei Louco e deixou muita gente insatisfeita nos Sete Reinos. Quando seu filho Rhaegar Targaryen sumiu com Lyanna Stark (ninguém sabe se foi uma fuga de amantes ou um sequestro), o irmão da moça, Brandon Stark, desafiou o rei e ameaçou matá-lo. Em troca, Aerys mandou assassinar Brandon, seu pai, Rickard, e outros senhores do Norte e do Vale. Foi a gota d¿água. Robert Baratheon, que ia se casar com Lyanna, se uniu a Ned Stark e Jon Arryn numa cruzada contra o Rei Louco.
Foram várias batalhas históricas. Em Vaufreixo, Mace Tyrell e Randyll Tarly venceram as tropas de Robert. Já no Tridente, Robert e Rhaegar se enfrentaram corpo a corpo, e o príncipe morreu. A decisão do conflito veio no Saque de Porto Real, um ano depois, com a entrada dos Lannister na jogada. Jaime, que era da guarda real, traiu os votos de proteger o rei e o assassinou. E Tywin, muito esperto, sabia que a guerra estava praticamente perdida para os Baratheon. Ele mandou assassinar Elia Martell, esposa de Rhaegar, e seu filho, herdeiro do trono. Com o exílio dos outros filhos de Aerys (Daenerys e Viserys), não sobrava ninguém na linha de sucessão Targaryen. Robert Baratheon, descendente dos valirianos, foi coroado rei. E sua esposa, Cersei Lannister, rainha.
Foram necessários três reis para conter um exército de religiosos.
Antes da Conquista de Aegon, a Fé dos Sete – equivalente ao Vaticano, no mundo real, para a religião dos Sete Deuses – já tinha dois braços armados: os Filhos do Guerreiro, grupo formado por cavaleiros que abriram mão da fortuna, e os Pobres Irmãos, que eram como andarilhos que escoltavam viajantes de septo em septo. Num ato político, o Conquistador fez várias concessões à Fé e até mandou erguer templos em nome dos Sete Deuses. Quando Aegon morreu, a Fé não concordou que seu sucessor fosse Aenys, já que ele era filho de um homem com sua irmã. Revoltados, os religiosos se rebelaram.
Mas o conflito só esquentou mesmo no reinado seguinte, quando Maegor, oCruel, estava no poder. O Targaryen dizimou os soldados da Fé. Dizem quemilhares de religiosos morreram no período. A luta só chegou ao fim quando o próximo rei, Jaeherys, o Conciliador, fez um novo acordo com a Fé. Por causa do episódio, os reis seguintes aprenderam a nunca mais bater de frente com a Fé dos Sete – e nem dar-lhes poder demais. Talvez Cersei Lannister devesse ter lido mais livros de história.
Ninguém pode com os senhores de dragões. Mas e quando um Targaryen enfrenta outro Targaryen?
Muito antes dos dragões de Daenerys, foi a Conquista de Aegon dos Sete Reinos que marcou o início da história moderna de Westeros. Por três séculos, os Targaryen ocupariam o Trono de Ferro. Mas, no 129º ano depois da conquista, uma guerra interna abalou os valirianos. Tudo começou com a rivalidade entre dois irmãos, o rei Viserys I e o ousado cavaleiro Daemon Targaryen. Daemon acreditava ser o próximo na linhagem, já que Viserys só tinha uma filha, e mulheres não ocupam o trono na tradição valiriana. Mas a princesa Rhaenyra era muito querida, e seu pai estava decidido a torná-la sucessora. Foi aí que Otto Hightower, Mão do Rei e inimigo de Daemon, convenceu Viserys a se casar novamente com uma moça chamada Alicent. Ocasal logo teve um filho, que foi chamado de Aegon.
Com o passar do tempo, a opinião do reino em relação à sucessão se dividiu. Uns achavam que o trono deveria ser de Rhaenyra. Outros eram do time do príncipe Aegon e de sua mãe, a rainha Alicent. Quando o marido de Rhaenyra morreu, ela se casou com o tio Daemon e teve com ele um filho, que chamou de… Aegon! Para Alicent, isso foi uma afronta. Mas a coisa só explodiu mesmo depois que o rei Viserys morreu. Pela lei, quem assumiu foi o filho do rei e da rainha Alicent. Mas Rhaneyra não deixou barato e foi para a guerra. O conflito, cheio de mortes e dragões, durou dois anos. Foi o rei Aegon II, omais velho, que venceu. Para tripudiar, ele serviu Rhaenyra como refeição para um dragão na frente do filho dela, o Aegon mais jovem. Dias depois, orei morreu envenenado. Finalmente, o sobrinho ocupou seu lugar e tornou-se Aegon III, aos 11 anos.
A revolta do bastardo que sacudiu o reinado dos dragões.
No final do segundo século depois da Conquista, quem reinava era Aegon IV, o Indigno. Ele era casado com a irmã Naerys e tinha um filho, Daeron. Mas Aegon sempre desconfiou que Daeron era, na verdade, filho de seu outro irmão, o talentoso cavaleiro Aemon (pois é, esses Targaryen…). Então o rei presenteou um de seus filhos bastardos, Daemon, com a espada lendária Blackfyre. Pegou mal, é claro. Até porque Daemon só era bastardo em teoria. Na prática, também era puro-sangue, fruto de um caso do rei Aegon IV com a prima Daena.
Quando Aegon IV morreu, em 184, Daeron o sucedeu. Ele era um intelectual e não dava tanta importância à guerra. Seu casamento com Myriah Martell também não agradava a corte. Assim, quando seu irmão ilegítimo, que agora se chamava Daemon Blackfyre, reivindicou o trono, muita gente o apoiou. Inclusive dois outros bastardos do falecido rei: Aegor Rivers (Açamargo) e Brynden Rivers (Corvo de Sangue). Muitas batalhas sangrentas depois, Daemon Blackfyre morreu, e a rebelião chegou ao fim.
Mas essa não foi a última vez que a dinastia Targaryen foi ameaçada pela Casa Blackfyre, o clã inaugurado por Daemon e perpetuado por seus nove filhos. Foram quatro rebeliões e uma guerra, todas perdidas para os Targaryen legítimos. Mas ainda se ouve falar dessa família de rebeldes. Uma das principais teorias sobre o futuro da história tem a ver com eles.