Moto Morini: marca pertence ao grupo chinês Zhongneng. (Divulgação/Divulgação)
Repórter de automobilismo
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 06h01.
Com aporte de R$ 250 milhões previstos para os primeiros três anos de operação, a italiana Moto Morini promete desembarcar no Brasil no segundo semestre de 2025. O investimento, segundo a empresa, abrangerá todas as etapas de estruturação da cadeia produtiva, como distribuição, construção de rede e posicionamento estratégico.
Futuras instalações fabris serão na Zona Franca de Manaus (AM), de onde operam praticamente todas as marcas de motos que produzem localmente; lojas serão abertas em São Paulo, Campinas, Sorocaba e São José dos Campos – todas no estado paulista.
“No ano seguinte, 2026, a marca oficializará sua expansão para mais estados do Sudeste e para o Distrito Federal. A região Sul será contemplada durante a terceira fase da nossa expansão, em 2027”, antecipa Gunther Hofstatter, diretor de vendas e pós-venda da Moto Morini Brasil.
A estreia ocorrerá com três modelos inéditos, a serem revelados na 110ª edição do EICMA, o badalado salão motociclístico italiano, no próximo dia 5 de novembro.
“Ampliaremos esse portfólio, no segundo ano, em mais dois modelos, escalando da mesma forma no terceiro ano. Assim, chegaremos a 2027 com um line-up de sete plataformas distintas de motocicletas, presentes nas categorias de média e alta cilindradas”, detalha Hofstatter. A ideia é se posicionar como marca premium italiana entre concorrentes como Kawasaki, Suzuk, Triumph e Yamaha.
Nos cálculos da empresa, entre 700 e 1.000 motocicletas da Moto Morini serão comercializadas no primeiro ano; após os primeiros 12 meses de atuação no mercado brasileiro, o volume de emplacamentos deve saltar para 3.000 unidades por ano. Até 2027 a Moto Morini prevê a abertura de até 12 lojas.
“O mercado brasileiro é muito complexo e exigente, no entanto, está em expansão e tem recebido marcas novas muito bem. O motociclista brasileiro está cada vez mais aberto a experimentar novidades. Seremos uma opção de alta qualidade, porém acessível em termos de preço, para o cliente que busca a escola italiana de motociclismo”, avalia Fabrício Morini, CEO da marca.
Fundada em 1937 na província de Bolonha, na Itália, a Moto Morini começou com triciclos, mais adequados à espartana realidade italiana. Foi destruída pela Segunda Guerra Mundial, mas se reergueu. O segundo tombo, de tantos que viriam, foi a partida em 1969 de Alfonso Morini – além de fundador da marca, mecânico, designer e piloto.
Sob o comando da filha de Alfonso, Grabiella, a Moto Morini atravessou os anos 1970 como uma das primeiras fabricantes a introduzir um sistema de ignição eletrônica em uma motocicleta de produção em massa. No fim dos 1980, outra queda: entraves políticos e queda nos emplacamentos levaram à venda da marca à conterrânea Cagiva, que a negligenciou.
Relegada ao ostracismo pelos novos proprietários, o Taxas Pacific Group, a Morini foi presenteada com uma reviravolta em abril de 1999, quando a Morini Franco Motori, uma empresa fundada pelo sobrinho de Alfonso Morini em 1954 e especializada em motores de dois e quatro tempos para motocicletas, a trouxe de volta à família.
O destino cheio de revezes a traiu novamente, e ao fim da primeira década do novo século a Moto Morini estava falida. Mesmo despedidos, trabalhadores voltaram ao chão de fábrica para construir a última fornada de motos, possível apenas pelas sobras de peças de reposição. Foram 16 Scramblers e 29 Granpassos, vendidas respectivamente por 6.300 euros e 7.100 euros cada uma.
Paolo Berlusconi, irmão de Silvio e dono da Garelli, até tentou comprar os restos da Moto Morini, mas foi impedido pelos sindicatos.
Ressuscitada novamente em 2011 pela Eagle Bike, a Moto Morini desde 2018 pertence ao grupo chinês Zhongneng. Hoje sediada em Trivolzio, na região da Lombardia, a Moto Morini está presente em 55 países, seis deles na América do Sul.