Elisabeth Moss, Owen Wilson, Tilda Swinton, Fisher Stevens e Griffin Dunne. (Courtesy of Searchlight Pictures. © 2020 Twentieth Century Fox Film Corporation All Rights Reserved/Divulgação)
Julia Storch
Publicado em 19 de novembro de 2021 às 19h19.
Última atualização em 19 de novembro de 2021 às 19h20.
Elenco renomado, personagens peculiares, estética visual única e roteiro com doses de humor sarcástico, chega aos cinemas o esperado filme A Crônica Francesa, o mais recente filme do diretor americano Wes Anderson.
O novo filme acompanha as aventuras de um grupo de jornalistas de A Crônica Francesa, uma prestigiosa publicação americana sediada em uma pequena cidade da França. Estruturada em torno das crônicas incluídas em uma determina edição da revista, a história imerge o público nas circunstâncias em que aconteceram cada um dos artigos escritos, conhecendo, assim, tanto os jornalistas que os escreveram quanto as personas que os protagonizam.
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Como o próprio Anderson indica, seu novo filme tem três fontes de inspiração: a prestigiosa publicação americana The New Yorker, o cinema francês e a estética da França, país que adotou o cineasta nos últimos anos.
“Lembro-me de uma entrevista que li uma vez com Tom Stoppard em que alguém o perguntou de onde tinha vindo uma de suas obras e ele disse que sempre foram duas ideias de origem diferente que ele reuniu e transformou em seu próximo trabalho. Isso é exatamente o que acontece comigo todas as vezes. E este filme é, na verdade, três coisas: uma coleção de contos, algo que sempre quis fazer; um filme inspirado na The New Yorker e o tipo de repórter que sempre foi conhecido por publicar; e, tendo passado muito tempo na França ao longo dos anos, sempre quis fazer um filme francês, e um filme que fosse relacionado ao cinema francês”, conta o diretor.
O ator Owen Wilson, companheiro de quarto de Anderson na universidade e colaborador recorrente de seus filmes, conta que em seus anos na universidade, o diretor lia o The New Yorker constantemente. “Ele lia o The New Yorker o tempo todo, o que era bastante incomum. Acredito que ele não era um assinante, porque isso estaria fora do seu alcance financeiro, mas ficava completamente absorvido por aquela revista. Que presente mais atencioso a todos aqueles escritores”, diz Wilson.
Por sua vez, Andrew Weisblum, editor de longa data de Anderson, comenta: “O filme nasceu de seu amor pelo cinema, pela literatura e a cultura francesa e suas experiências na França durante os últimos dez anos ou mais, e acredito que é isso que ele queria evocar e compartilhar neste filme”.
O filme é estruturado em quatro seções, dedicadas às quatro crônicas incluídas na revista. Trata-se de uma coleção de histórias repletas de visuais requintados, hilárias reviravoltas no enredo e performances comoventes.
A primeira é uma crónica colorida do jornalista Herbsaint Sazerac (Owen Wilson) sobre Ennui-sur-Blasé, a encantadora cidade onde se passa o filme.
A segunda gira em torno da obra de arte do pintor criminoso Moses Rosenthaler (Benicio del Toro e, quando jovem, Tony Revolori), que é implacavelmente promovido e vendido a preços cada vez mais astronômicos pelo negociante de arte Julian Cadazio (Adrien Brody) e seus dois tios (Bob Balaban e Henry Winkler).
A terceira crônica, da ensaísta Lucinda Krementz (Frances McDormand), é um relato pessoal das reinvindicações e paixões, políticas e sexuais, que leva a romântica e desencantada juventude de Ennui à guerra com seus professores adultos, e a iniciar uma tumultuada greve geral que leva ao fechamento de todo o país. A coleção é completada pelo retrato do lendário chef Nescaffer (Stephen Park), o cozinheiro do policial da cidade, que repentinamente se torna em um relato de suspense contra o relógio.
Após considerar a possibilidade de criar a cidade de Ennui-sur-Blasé na sala de edição a partir de várias locações, Anderson e sua equipe decidiram se estabelecer na cidade de Angoulême, na região sudoeste da Nova-Aquitânia.
“Angoulême tinha a antiguidade a arquitetura adequadas, mas, mais especificamente, tinha todas as curvas, esquinas, escadas e pequenos viadutos; todo esse empilhamento vertical único de marcos históricos. Isso produzia belos quadros e também sugeria certas áreas de Paris, Lyon e outras cidades francesas”, diz o designer de produção Adam Stockhausen.
Em Angoulême, Anderson e sua equipe encontraram uma antiga fábrica de feltro que transformaram em um estúdio de cinema em miniatura, montando uma oficina de construção, uma oficina de criação de maquetes e dois cenários.
De uma forma ou de outra, os caminhos de A Crônica Francesa também levam ao Kansas, estado do centro-oeste dos Estados Unidos que atravessa o filme. Por um lado, o nome em inglês da publicação centro da trama é The French Despatch of the Liberty Kansas Evening Sun, uma clara referência às origens dos criadores da lendária The New Yorker. Harold Ross, o cofundador da revista e William Shawn, seu sucessor, foram inspiração para o personagem de Bill Murray no filme e são ambos nativos do centro-oeste.
“Para mim, o Kansas é o lugar mais norte-americano dos Estados Unidos”, diz Anderson. Outra referência? “Uma Obra-Prima Concreta”, a primeira história prolongada apresentada no filme, é enquadrada por uma conferência da autora da história, J.K.L. Berenson (Tilda Swinton) em um centro cultural do Kansas.
Alinhado com os demais filmes de Wes Anderson, A Crônica Francesa segue as características de enquadramento do diretor, no estilo de dioramas vivos. “Quando li o roteiro, já nas primeiras trinta páginas ficou claro para mim que cada frase exigia um novo set. Isso veio diretamente da animação, onde cada cena é realmente seu próprio cenário e há uma atenção microscópica constante para cada detalhe visual”, explica Weisblum.
O produtor Jeremy Dawson acrescenta: “Acho que neste filme havia cerca de cento e trinta sets diferentes, a maior criação de set e preparação de cenários que já fiz. Cada um tinha seu próprio estilo e a única maneira de fazer isso de forma econômica era mantar as coisas bem próximas umas das outras, reutilizando coisas sempre que possível e fazer isso de maneira inteligente... e ter uma equipe de design de produção extraordinariamente talentosa liderada por Adam Stockhausen e sua incrível equipe francesa, todos esses artesãos e criadores de placas e artistas de cenário de ópera. Todos eles fizeram um trabalho incrível”.
De acordo com o estilo de Wes Anderson, A Crônica Francesa conta com um elenco excepcional. Aos renomados atores e atrizes que colaboram assiduamente com o cineasta, como Bill Murray, Adrien Brody, Owen Wilson, Jason Schwartzman e Tilda Swinton, acrescenta-se outros nomes famosos que fazem sua estreia no “universo Anderson”. E quem são alguns deles? Benicio del Toro, com quem Anderson desejava trabalhar há muito tempo, a atriz francesa Léa Seydoux e o ator Timothée Chalamet, que descreve a experiência de fazer parte de um dos filmes do diretor.
“É uma máquina muito bem azeitada. Nada é desperdiçado, cada parafuso e cada fio funcionam, e todos trabalham juntos, desde (o operador de Steadycam) Sanjay e o (diretor de fotografia) Bob Yeoman até (a figurinista) Milena e Adam Stockhausen e suas equipes. E, claro, Wes, que é sempre inspirador – e um pouco intimidante, seu papel de capitão, porque tem uma atmosfera circense de comunidade boêmia, mas absolutamente tudo funciona como um relógio – todos estão unidos por trás da visão de Wes. E todos contribuem para que isso ganhe vida”.