Emily Ewell: faculdade de engenharia química e cursos de vinhos. (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Casual
Publicado em 28 de fevereiro de 2024 às 07h12.
Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 16h55.
Seria incomum se Emily Ewell, fundadora e CEO da Pantys, não se interessasse pelo mundo dos vinhos. A empresária americana nasceu no estado da Virgínia, primeiro local a plantar uvas para vinho nos Estados Unidos, em uma iniciativa do presidente Thomas Jefferson, no início do século 19. Ewell também se graduou em engenharia química, na Universidade de Virgínia.
“Jefferson morou na França e, ao voltar para os Estados Unidos, levou as primeiras vinhas para plantar na Virgínia. Durante o curso visitamos muitas vinícolas, porque todo o processo de fazer um vinho é engenharia química pura”, diz. “Também focamos muito em entender a parte mais técnica de fazer o vinho, de plantação e fermentação, pois se trata de um processo muito técnico. Eu me encanto não só pelo produto mas também por essa parte da fabricação.”
Os estudos sobre o fermentado de uvas continuaram após a graduação. Ewell fez um curso de vinhos na UC Berkeley como parte do MBA Wine Industry Speaker Series. “Também fiz parte do Wine Club, que me proporcionou um curso de experimentação de vários vinhos do mundo e várias visitas a Napa, Sonoma e Russian Valley, na Califórnia, em que aprendemos não só sobre os vinhos mas também sobre a indústria”, conta.
Após o MBA, a empresária passou uma temporada na Suíça. Mais precisamente na Basileia, próxima à região da Alsácia, conhecida pelos vinhos brancos. Na Europa, conheceu regiões produtoras como Rioja, na Espanha, Colmar, na França, e Freiburg, na Alemanha.
Já na América do Sul, ela esteve no Chile e visitou vinícolas brasileiras. “Antes da pandemia, conheci a Guaspari, que considero o local com os melhores vinhos do país atualmente. São supertecnológicos e têm um sistema que mede a temperatura, a hidratação e o pH de cada planta.” Sua uva preferida no momento é a cabernet franc.
Ewell se considera uma conhecedora de vinhos na parte de experiências. “Não tenho uma grande adega no Brasil. Meu pai costumava comprar muitos vinhos na Califórnia dos anos 1960 e 1970, então quando vou visitá-lo acabamos abrindo algumas dessas garrafas”, conta.
O interesse por vinhos também se expande para o streaming, com séries, filmes e documentários sobre o universo do fermentado de uvas. Entre as sugestões da executiva estão o documentário Somm: Into the Bottle, o filme Bottle Shock, sobre a primeira premiação de vinhos americanos de Napa, na França, e a recente produção da Apple TV+ Gotas Divinas.
Um de seus planos para a aposentadoria é ter uma vinícola. “Isso se eu conseguir parar de trabalhar, pois amo meu trabalho. Mas acredito que a vinícola seria um ofício que mistura arte e ciência”, diz. Enquanto esse plano não se concretiza, Ewell segue desenvolvendo calcinhas e sutiãs absorventes e itens voltados para menstruação.
Criada em 2016 e com produção nacional, a Pantys possui duas lojas físicas em São Paulo, está em farmácias e lojas parceiras como Renner, Farm, Hering, Amaro e Marisa e conta com um e-commerce. “Assim conseguimos levar tecnologia e impacto para mais pessoas por meio de parceiros. Já fizemos uma colaboração com a Sempre Livre, que pode até parecer uma concorrente, mas conseguimos entrar como um parceiro de tecnologia.”
A Pantys exporta a patente de forro e processo de costura dos produtos e está presente em varejistas na Inglaterra, França, Holanda e Suíça. As peças utilizam a tecnologia Amni Soul Eco, uma poliamida com formulação de aditivos que garantem propriedade de biodegradação acelerada. Ewell quer no futuro aprimorar as técnicas de produção e descarte e melhorar a marca com o tempo. Como se fosse um vinho.
(Agradecimento: Evino Pinheiros, em São Paulo)