Com 30 e poucos anos de carreira, João Armentano apurou o dom de ouvir e interpretar os sonhos dos moradores. “No início, eu queria fazer o design de interiores perfeito, aquele de ganhar prêmio. Hoje, busco ao máximo incorporar os desejos das pessoas aos projetos.” Foi o que aconteceu neste imóvel, no qual a dona pediu um lustre de cristal na sala de jantar. “Para equilibrar a presença marcante da peça, investi no mobiliário com linhas retas”, diz. Despertar os sentidos é outro talento do arquiteto. “Entre o tapete de sisal e o de lã, aqui preferi o segundo. Em grandes dimensões, ele dá a sensação da areia de praia. Um convite a tirar os sapatos e relaxar”, ensina João.

A luminária com formas orgânicas ajuda a quebrar o predomínio dos traços retilíneos no living. “Ela imprime novo ritmo ao conjunto”, pondera. Este modelo é o Arco, de Achille (1918-2002) e Pier Giacomo (1913-1968) Castiglioni.

Baú antigo perto da cadeira suspensa, com visual minimalista: a mistura inusitada agrada ao arquiteto. “Gosto do clima descontraído que estes itens emprestam à decoração clean.”

Rente ao piso, a mesa de design italiano brinca com a diferença de altura entre seus diversos módulos. “Os objetos sobre o tampo mantêm a proposta de mesclar os altos com os baixos, criando este arranjo harmônico”, afirma.

Desejo da moradora, o lustre de cristal de Murano foi associado à mesa com tampo de vidro preto e linhas puras. “Assim, o pendente vira o ponto central e não destoa do todo”, explica.

O piano de meia cauda era outro item relevante para a dona, e João tratou logo de incorporá-lo ao projeto. “Peças como esta, que contam histórias de vida, devem ser valorizadas.”

Adotar um forro com poucas interferências e o piso de placas de limestone uniformizou o visual do living e da varanda, integrados na reforma. Este tipo de base sóbria casa com diversos estilos de decoração.

Os elefantes trazidos de viagens ganharam espaço na mesa espelhada. “Nada mais importante do que a gente se cercar de objetos que falam ao coração.”

No hall de entrada, a cadeira de Charles Rennie Mackintosh (1868-1928) para a Cassina, com seu grafismo, funciona como uma escultura. Sobre o assento o arranjo bem-humorado do arquiteto.

“Mais do que pensar se combinam ou não com o décor, escolha obras que agradam você.” Aqui, o quadro e a foto ficam recostados na parede, apoiados nas costas do sofá (Flexform), reforçando o clima de descontração.