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7 coisas do século 21 nas quais você pode estar viciado

Vícios dos século 21: sete coisas que são legalmente permitidas e promovidas regularmente, e a maioria das pessoas não conseguiria ficar sem elas


	Vícios dos século 21: sete coisas que são legalmente permitidas e promovidas regularmente, e a maioria das pessoas não conseguiria ficar sem elas
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Vícios dos século 21: sete coisas que são legalmente permitidas e promovidas regularmente, e a maioria das pessoas não conseguiria ficar sem elas (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2015 às 11h06.

As campanhas antitabagismo não são mais comuns hoje em dia, mas até crianças sabem que fumar é ruim para sua saúde, pode matar e causar câncer. O álcool também é conhecido por ser perigoso.

Na Polônia e no Brasil, o consumo de bebidas de alto teor alcoólico está caindo. De acordo com as estatísticas da OMS, poloneses maiores de 15 anos bebem em média 10.6 litros de álcool puro por ano, as mesmas estatísticas apontam que os brasileiros bebem em média 8.7 litros de álcool puro por ano (nos três anos anteriores a média brasileira era de 9.8 litros por ano), sendo que tal média para a Europa toda é de 10.85 litros e de 8.4 para América Latina.

Narcóticos são geralmente considerados como coisas ruins. Além disso, as pessoas sabem o que é ninfomania, vício em jogos ou em antidepressivos - na Groelândia, que encabeça os rankings, 10% das pessoas tomam antidepressivos diariamente.

Mas todas essas substâncias, devido ao perigo envolvido, são submetidas a um rígido controle - elas são controladas pela consciência social e/ou restrições legais.

Existem, porém, certas substâncias e práticas que, de tão populares, se tornaram invisíveis. E elas são parte das vidas das sociedades, culturas e negócios modernos. Elas são legalmente permitidas e promovidas regularmente, e a maioria das pessoas não conseguiria ficar sem elas. Elas são os vícios do século 21.

1. Negócios

Você acha difícil diminuir o ritmo? Ou dizer não para novos deveres? Você, sem se dar conta, checa seu e-mail em seu smartphone ou entra na internet sempre que você tem um tempo livre apesar de não precisar?

Você acha difícil fazer uma refeição sem assistir televisão enquanto come ou ir ao banheiro sem um jornal em mãos? Se sim, fique atento a síndrome do "estar ocupado" ou "síndrome dos negócios". Em um tempo definido pelo sucesso, ter tempo livre se tornou um sinal de preguiça e o excesso de trabalho se tornou uma virtude.

As pessoas do século XXI são cercadas por negócios. O sistema bancário trabalha 24h por dia; lojas estão abertas o tempo todo; grandes cidades não dormem; a palavra 'produtividade' se transformou em sinônimo de um importante valor.

A habilidade para controlar tudo, para evitar a sensação de culpa causada pelo não fazer nada, a falsa satisfação pelo mero tomar ação (ao invés da otimização, a qual é mais efetiva do que a maximização), e também a história sem fim de se ter mais ou melhores coisas para fazer - tudo isso são as marcas da sociedade atual.

Se tornar viciado no medo de que você não é bom o suficiente, que está fora da corrida do sucesso, se tornou parte normal da vida das culturas ocidentais e impede as pessoas de experimentarem a felicidade.

Por debaixo desses negócios, estão demônios escondidos da sociedade moderna, como medo do tédio, medo de ser uma pessoa mediana, dificuldade de viver momentos profundamente com a família e os amigos, dores na consciência causadas pela falta de contato com seus próprios filhos, ou então dificuldade emocional se não for bem-sucedido o tempo todo.

Nos Estados Unidos, cada vez mais se fala sobre a Síndrome do Vício em Negócios, o que é um sinal de defesa contra o sucesso tóxico.

2. Popularidade

Fomentando a cultura narcisista dos 'selfies', construindo seu senso de valores baseado no número de curtidas no Facebook ou convidando pessoas para serem seus amigos no Facebook apesar de você não saber nada sobre elas, tudo isso tem produzido um novo vício, chamado vício de popularidade.

O que costumava ser reservado para pessoas poderosas e, após algum tempo, também para os famosos, está agora disponível e se espalhando rapidamente para o homem comum nas ruas. Marcas, hoje em dia, não são necessariamente produtos físicos. O futuro do marketing é o personal branding, o que quer dizer que pessoas se veem como produtos e constroem as histórias delas próprias.

O mundo das hashtags e likes, visitas online para checar e monitorar tudo está tirando (especialmente) pessoas jovens do mundo do ter almoço ou jantar com a família e os colocando no mundo das fotos do "melhor prato de carne assada do mundo", de uma caminhada em um parque para a "contemplação espiritual da natureza", de uma xícara de café matinal para despertar para "construir uma relação profunda com uma xícara de café".

No passado, era isso o que as propagandas faziam. Hoje é o que os membros das comunidades online fazem. De acordo com a Teoria do Gerenciamento da Impressa de E. Goffman, as pessoas usam as estratégias adequadas para se apresentar da melhor forma possível.

Este é o lugar para a melhor foto, a melhor atividade, o sorriso mais bonito, a piada mais engraçada, dos mais difíceis comentários e o maior número de curtidas.

Essa é a arena para o "eu" ideal, ou a imagem de si mesmo que você gostaria mais ou menos. Fama nunca antes foi vista como tão facilmente disponível como é hoje em dia e a ilusão de controle nunca antes se mostrou tão forte. No mundo virtual, você pode ser quem você quiser. No mundo real, porém, as coisas são um pouco mais difíceis.

3. Internet

O mundo virtual vem tomando o lugar do mundo real. A pesquisa do World Internet Project mostra que 64% das pessoas usam a internet. Desses, quase metade (47%) gastam mais do que 10 horas semanais online.

Os canadenses encabeçam a lista com suas 43,5 horas mensais, com 8 horas à mais do que os americanos. Apesar da internet ser útil para o trabalho, entretenimento e comunicação, ninguém negaria o fato de que seu uso excessivo leva a consequências negativas.

O vício em internet assume diferentes formas. Sexo virtual, relacionamentos virtuais, compulsões online (games e especulação na bolsa de valores), excesso de informações (pesquisando a internet atrás de informação) ou jogos de computador.

Os sintomas do vício por internet podem incluir perda da noção do tempo, isolamento do mundo, sentimento de culpa por usar demais a internet, estado de euforia que surge com o uso da internet, evitar emoções mais complexas e se esconder dessas emoções no mundo virtual.

Se você olhar as estatísticas, vai achá-las depressivas: duas horas por dia desperdiçadas significam 14 horas por semana, ou praticamente 1 dia inteiro (considerando que você dorme 8h por dia). São mais de 4 dias por mês e aproximadamente 52 dias do ano desperdiçados. Se você continuar fazendo os cálculos vai perceber que você perde 1 ano de vida no mundo real a cada 7 anos.

Dado o fato de que é apenas uma questão de tempo antes que cada pessoa tenha garantido o acesso à Internet e não será capaz de fazer nada sem ela, é muito provável que se ligarão vários itens ou objetos na web (a chamado "Internet das coisas") e o uso de dispositivos móveis não será mais normal, mas vai se tornar uma necessidade, enquanto o vício da Internet será transformado a partir de um fenômeno preocupante em um novo modo de viver.

4. Fofocas

Em "A ciência da fofoca: por que não conseguimos nos controlar" (Scientific American, 2008), Frank McAndrew descreve os aspectos sociais da fofoca: reforça o sentimento de moralidade do grupo, troca de informações, compartilhando de valores e interesses.

A fofoca é uma forma de defesa do grupo contra os pontos de vista intoleráveis de outras pessoas e comportamento, uma forma de evitar o tédio e satisfazer a sua curiosidade por descobrir os limites. Esse tipo de prática pode ser definido também como "fortalecer uma pessoa em detrimento de outra" (Hafen) e "uma forma de ataque" (Peter Vajda).

A fofoca no trabalho é motivada, muitas pela vontade de se adaptar à cultura corporativa vigente, para alcançar um status mais elevado ou para construir uma rede de influência. Pode levar à redução da produtividade e perda de tempo, à distorção de informações e mudanças dos fatos.

Pode resultar em menos confiança naqueles que fofocam e aqueles que são vítimas da fofoca acabam por perder de sua motivação, acabam tendo seus sentimentos feridos e sua reputação danificada.

O jornal Daily Mail publicou os resultados de uma pesquisa (First Cape) que mostra que mulheres no Reino Unido gastam cerca de 5 horas por dia fofocando! Elas fofocam principalmente sobre os problemas de outras pessoas, sobre quem está saindo com quem e sobre os filhos dos outros.

Todos esses temas são seguidos também pelo sexo, compras e histórias. Em outra pesquisa, o Dr. Robin Dunbar afirma que 65% da fala diária de uma pessoa é fofoca. E apesar da fofoca ser pensada sempre como trivial e superficial, ela evoluiu como um conceito linguístico ou ferramenta de manejo do mundo social e, sem ela, a comunicação baseada apenas em fatos seria de natureza enciclopédica e pouco atrativa para seu interlocutor.

A tendência da celebração da cultura, o que leva a situações em que o cérebro, estimulado pela mídia, tende a ver cantores ou atores famosos como seus próprios membros de família, reforça a instituição de fofoca. É difícil imaginar uma empresa sem esta forma de construir relações e grupos de amigos fofocando sobre seus "adversários".

5. Comer

Nos Estados Unidos mais de 70 milhões de pessoas são viciadas em comida (David Kessler, Administração Federal de Drogas).

Pesquisas envolvendo animais mostram que narcóticos estimulam as mesmas áreas do cérebro que dizem respeito à recompensa do o ato de comer.

Aproximadamente 50% das pessoas obesas, 30% daquelas com sobrepeso e 20% daquelas que estão em uma "dieta saudável" são viciadas em um tipo particular, uma combinação ou a quantidades específicas de comida.

Aproximadamente 400 mil mortes estão diretamente ligadas ao peso excessivo e os custos com tratamento ou ausência no trabalho, somente no ano 2000, chegou a 117 bilhões de dólares. Açúcar é uma substância tóxica e a principal causa de doenças hepáticas. Na Europa, os custos do tratamento da obesidade em adultos dizem respeito a 65% de todo o custo com saúde.

O resultado de um estudo do Multicentro Nacional da População Polonesa (ainda não tenho os dados brasileiros) mostra que 20% dos poloneses são obesos, principalmente como resultado da falta de exercícios físicos e consumo exagerado de gorduras. O sobrepeso afeta 9,7% dos garotos de 13 anos e 3.9% das meninas de mesma idade.

Para algumas pessoas, comer se tornou uma forma ineficiente de escapar de seus problemas emocionais, que tem resultado em desordens alimentares como anorexia e bulimia.

O vício por comer é causado pelas tendências sociais predominantes no aumento do consumo de praticamente tudo. Em 1998 nas Ilhas Fiji, onde as mulheres tradicionalmente não tinham nenhum complexo de seus corpos, emissoras de TV começaram a passar programas americanos (Beverly Hills 90210).

Então, três anos depois, 73% das mulheres se diziam gordas. Assistindo televisão 3 ou 4 vezes por semana, 30% das mulheres decidiram entrar em dieta. Isso mostra que o vício em comida é agora acompanhado pelo vício em ser atraente (a tendência atual é a chamada aptidão estética). No caso dos homens, isso pode levar a vigorexia (um vício de construção do corpo).

6. Compras

Enquanto os indicadores econômicos crescem conforme mais dinheiro é gasto, psiquiatras pensam em classificar a compulsividade por compras como uma doença. Em uma cultura onde o "ter" significa "ser", os valores são definidos por sua riqueza e servem para fazer com que você se sobressaia em meio às outras pessoas, comprar não é mais sobre satisfazer seus desejos reais.

Oniomania (derivado da palavra grega onios, que significa "à venda"), o termo técnico para descrever o desejo compulsivo por compras se aplica principalmente naqueles países onde a riqueza é normal e a ambição é o incentivo fundamental. Algumas pessoas compram para elas mesmas e outros compram compulsivamente presentes para outros para se sentirem aceitas ou amadas.

Existem também pessoas que estão sempre atrás de pechinchas ou que são escravas de marcas, isto é, pessoas que primeiro verificam o preço de um produto e continuam a pesquisar em outras lojas se o preço não for o maior.

Existe até um termo especial para pessoas que compram algo e devolvem o produto logo depois: returnaholics. Existem também diferenças entre mulheres e homens.

Elas tendem a comprar mais em termos de quantidade, enquanto eles tendem a gastar mais dinheiro. Diferentes estudos mostram que esse tipo de vício afeta entre 6% (Stanford, 2006) ou 9% (University of Virginia) da população. 52% das mulheres no Reino Unido dizem que preferem fazer compras do que sexo, e 20% das alemãs sentem uma necessidade constante de comprar coisas.

O vício por compras resulta nas pessoas se afundando em dívidas, mentindo para seus companheiros e gastando menos tempo em casa. A solução para isso pode ser a chamada cultura da simplicidade voluntária, a qual envolve viver uma vida baseada em sua necessidade natural e contra o consumismo extremo.

Vivendo uma vida assim, você se pergunta se comprar o objeto que você está a comprar vai ajudá-lo a crescer espiritualmente, se você precisa realmente daquilo para satisfazer uma necessidade real e se você se endividará por isso.

Esse é um caminho alternativo para se construir uma melhor relação com o dinheiro. Isso não só te permite poupar mais, mas também te libera mais tempo em sua vida e te ajuda a se definir de uma outra forma que não seja através de sua riqueza.

7. Televisão

O vício em televisão é particularmente popular, sendo que, em média, 13 anos de uma pessoa são despendidos assistindo TV. Embora seja inquestionável o fato de que esse aparelho é valioso em termos de educação e entretenimento, você deve parar para refletir se acha que ela está substituindo sua vida em família e se você não consegue passar uma noite sem sua própria TV ligada.

É também alarmante se assistir TV é a única forma que você consegue passar seu tempo livre, se você não consegue relaxar sem ela durante os feriados ou se deixar de assistir seu programa favorito deixe-o emocionalmente perturbado. De acordo com pesquisas realizadas pela empresa OPOP (2008), a pessoa média gasta 3 horas e 26 minutos diários assistindo televisão.

As crianças nascidas na era da mídia estão particularmente em risco. Uma pesquisa da Kaiser Family Foundation (De Zero a Seis: Mídia eletrônica na vida de bebês, crianças pequenas e pré-escolares) mostra que 80% das crianças assistem televisão ou jogam jogos de computador e que 77% dessas ligam a televisão ou o computador sozinho.

65% das crianças vivem em casas onde a TV permanece ligada ao menos durante metade do dia e 36% vivem em casas onde os aparelhos ficam ligados o tempo todo. Tais crianças leem menos (abaixo de 9%) e são mais agressivas (59% dos pais dizem que seus filhos replicam comportamento agressivo). Além disso, cerca de 30% das crianças de até 2 anos tem TV's em seus quartos.

Existe uma correlação direta entre assistir televisão e obesidade. O número de comerciais propagandeando comida pouco saudável durante as manhãs de sábado chega a 202 em um período de 4 horas, segundo as estatísticas levantadas pela entidade "TV Free America". Dr. Dimitri Christakis, da Universidade de Washington, percebeu que crianças de 7 anos sofrem um aumento na dificuldade de concentração se eles assistiram TV antes dos três anos de idade.

Foi provado, também, que existe uma correlação entre assistir televisão e o aumento da agressividade e do comportamento antissocial em crianças (Relatório Científico Consultivo sobre Televisão e Comportamento Social de 1972).

Dada o crescimento da popularidade de Reality Shows, pode-se concluir que o vício em televisão pode, em casos extremos, levar a uma situação em que a realidade é substituída por programas de TV e onde a vida real é substituída por sua tela.

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