Temperatura, visual, olfato e paladar devem estar casados para uma boa degustação de cerveja (Gianni Testore / Stock Xchng)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2011 às 07h00.
São Paulo – Ainda dominante nas mesas de botecos e churrascos, a cerveja ganhou status e agora também está presente em ambientes mais requintados. Isso porque, como o vinho, ela possui uma grande complexidade de aromas e sabores, e pode cair bem com vários tipos de comida.
“Dificilmente um uísque, uma vodca ou cachaça, por exemplo, vai cair bem em um jantar, como o vinho e a cerveja. Essas bebidas podem até ter uma ou outra comida com a qual vão bem, mas não é comum elas ficarem boas em refeições”, afirma Gerson Bonilha, sommelier de cervejas e professor dos cursos de gastronomia e hotelaria do Senac-SP.
Para ele, além da popularidade e variedade da cerveja, a possibilidade de combiná-la com diferentes pratos eleva a bebida ao mesmo patamar do vinho.
Temperatura
Por isso, para apreciar melhor uma cerveja, é preciso estar atento a alguns aspectos importantes. Um deles é a temperatura. “Brasileiro tem costume de tomar a cerveja estupidamente gelada, mas isso prejudica o paladar. Abaixo dos cinco graus Celsius, nós não conseguimos distinguir os gostos e só sentimos a refrescância”, afirma Bonilha.
Ele indica que o ideal é entre oito e dez graus Celsius, para que as papilas gustativas consigam diferenciar os sabores. “É a temperatura da que fica na porta da geladeira”, diz.
Copo
O formato do copo também é importante para acentuar o gosto, e cada tipo de cerveja pede um copo diferente. Há aqueles em formato de taça de champanhe, de vinho, de copo americano grande e até um que se parece com um tubo de ensaio de laboratório.
Mas, de acordo com o sommelier, na falta desses, o copo mais aceito é o estilo “Boêmia”, que pode ser usado para a maioria das cervejas. Esse copo deve ter uma parede longa e fina, um bojo grande e uma borda levemente fechada para manter as propriedades da espuma e os aromas.
Visão, olfato e paladar
Após servir a cerveja, Bonilha recomenda ficar bem atento aos sentidos da visão, olfato e paladar, para identificar suas particularidades. “É importante ver a cor, verificar se a bebida tem turbidez, que às vezes pode ser ruim, mas nem sempre, ver o creme que ela forma, se é espumosa ou não”, diz.
Depois, as narinas entram em ação para identificar a intensidade de aromas. Em algumas, o cheiro pode ser herbal, cítrico, de chocolate ou caramelo, por exemplo. Só após essa fase, o degustador tomará o primeiro gole, para ver se ela tem boa acidez, pela lateral da língua, e doçura, pela ponta.
“A pessoa vai ter também a sensação tátil, pelo corpo da cerveja, se ela tem tanino, se amarra a boca, se esquenta. E vai ver a consistência do sabor, ou seja, quanto tempo o gosto permanece na boca”, afirma Bonilha.
Qualidade X quantidade
A arte da degustação também depende de outro ponto muitas vezes esquecido pelos bebedores de cerveja comum: parcimônia. “Em vez de comprar duas caixas a 98 centavos cada unidade, vale mais a pena comprar uma marca que custa por volta de três reais, umas quatro garrafinhas. É beber menos e beber melhor”, afirma Bonilha.