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2019 é o ano do Oscar da diversidade também na disputa por melhor diretor

Não há dúvida que, depois de ser acusado seguidamente de anglo-saxão demais, "so white" ou antifeminista, o Oscar se abre

Alfonso Cuarón e Spike Lee, no Directors Award: os filmes dos cineastas estão cotados para os principais prêmios do Oscar (Emma McIntyre/Getty Images)

Alfonso Cuarón e Spike Lee, no Directors Award: os filmes dos cineastas estão cotados para os principais prêmios do Oscar (Emma McIntyre/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 09h51.

São Paulo - A diversidade chega ao Oscar e torna-se clara entre os indicados para melhor diretor. Dos cinco, três deles nasceram em outros países: Alfonso Cuarón (México), Pawel Pawlikowski (Polônia) e Yorgos Lanthimos (Grécia).

Dos dois norte-americanos, Spike Lee e Adam McKay, um é negro. Faltou ao menos uma mulher. Mas não há dúvida que, depois de ser acusado seguidamente de anglo-saxão demais, "so white" ou antifeminista, o Oscar se abre. Não são bestas em Hollywood. Sabem que o tempo é de inclusão e quem não perceber vai ficar para trás.

É importante lembrar que o hoje cotadíssimo e já anteriormente oscarizado Alfonso Cuarón rodou um filme muito pessoal, Roma, porém produção da Netflix. A polêmica, já se sabe, foi sobre a distribuição em streaming, que opôs fundamentalistas das salas de cinema aos adeptos das plataformas por internet.

Debate que vem sendo superado, na prática, pela quantidade de prêmios acumulados por Roma, que deve ter sua consagração na noite do Oscar. A não ser que haja alguma supersurpresa reservada para o dia 24.

Lanthimos, o grego, vai para a Inglaterra filmar uma história da rainha Anne e suas adoráveis (ou nem tanto) cortesãs. Quem dá show é Olivia Colman no papel da rainha louca e lésbica. Está indicada para o troféu de melhor atriz, mas, apesar da sua performance estupenda, deve perder para Glenn Close, de "A Esposa", produção que nem sequer está entre as oito indicados para melhor filme.

Lanthimos quebra a encenação acadêmica que prejudica tantas obras de época. Inventa com a câmera, com truques de lentes de grande angular, o que levou alguns a classificarem sua direção de enjoativa. Funciona.

Já Pawel Pawlikowski, com "Guerra Fria", faz um filme integralmente europeu, uma love story prejudicada pelas intrincadas relações políticas do pós-guerra (leia acima). Talvez seja, dos cinco exercícios de direção, o mais convencional. Não deixa de ser eficaz. Parece uma daquelas histórias de amor de antigamente com pano de fundo político, porém pouco saturado.

Já os dois norte-americanos em disputa nesse quesito, Spike Lee e Adam McKay, apresentam filmes políticos de alta voltagem. Lee, com "Infiltrado na Klan", volta às suas preocupações com a questão racial em seu país. McKay, com Vice, fala sobre os desmandos do poder. Ambos mesclam o horror e o cômico, e saltam de um registro a outro com especial desenvoltura.

 

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