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Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2013 às 15h36.
São Paulo - A inveja é um sentimento nocivo, mas que faz parte do cotidiano das empresas. Quando não gerenciada, ela prejudica o clima, compromete a produtividade das equipes e a carreira dos profissionais.
“Quem tem inveja se preocupa mais com o desempenho do outro do que com o seu próprio”, diz o consultor Maurício Goldstein, autor do livro Jogos Políticos nas Empresas (Editora Campus/Elsevier). Por outro lado, quem é alvo da inveja pode sofrer as consequências sem ao menos se dar conta.
“Essas pessoas começam a ser alvo de fofocas, podem ser marginalizadas ou ter seus erros mais expostos, já que são mais observadas”, diz Maurício.
Para as empresas, o dano é ainda mais silencioso, já que é difícil de ser mensurado. As americanas Tanya Menon e Leigh Thompson, professoras da Chicago Booth School of Business e da Kellogg School of Management, respectivamente, realizaram estudos com executivos de diversos setores e descobriram que as pessoas invejosas estão mais dispostas a aprender com as ideias que vêm de outras empresas do que com as dos colegas do escritório.
“Quando copiamos algo que vem de fora, somos vistos como empreendedores, mas, se a sugestão vier de alguém da própria companhia, é esse profissional que fica marcado como o líder intelectual do grupo”, escrevem as professoras em artigo publicado em abril na edição americana da revista Harvard Business Review.
O resultado da dor de cotovelo corporativa é a resistência para ouvir as sugestões dos colegas, desperdício de talentos, resultados abaixo do possível e perda de receita.
Onde está o problema?
O cotidiano no escritório propicia a proliferação da inveja. Há forte cobrança por resultados, todos disputam o reconhecimento do chefe e, muitas vezes, os critérios da competição estão nas entrelinhas. “Onde as regras não são claras, a competição é predatória”, diz a professora Patrícia Tomei, da escola de negócios da PUC-Rio e autora de Inveja nas Organizações (Makron Books).
“Apesar do discurso sobre a importância das competências comportamentais e dos valores, os profissionais ainda são mais avaliados pela qualificação técnica e pelos resultados”, diz. Logo, quem consegue reconhecimento nem sempre é visto como merecedor, principalmente diante dos olhos dos invejosos.
Para evitar que isso aconteça, na farmacêutica Boehringer Ingelheim, com sede em São Paulo, os líderes são preparados para ter conversas transparentes com a equipe. “Quando as pessoas sabem o que se espera delas, fica mais fácil entender quando um reconhecimento não vem da forma desejada”, diz Adriana Tieppo, diretora de RH da Boehringer.
Além disso, há um trabalho com os gestores para que liderem mais pelas suas atitudes do que pelo cargo que ocupam. “Estimulamos a admiração em vez da inveja”, diz Adriana.