UnitedHealth Group (GERMANO LUDERS/Exame)
Nesta segunda-feira, 2, os funcionários da United Health Group Brasil (UHG), companhia que controla a operadora de planos de saúde da Amil e a rede médico-hospitalar Americas, estão oficialmente de volta aos escritórios após mais de dois anos de afastamento por causa da pandemia da Covid-19.
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Essa retomada segue um calendário definido por funções, com a direção executiva e as demais lideranças tendo retornado primeiro, nos meses de março e abril, enquanto as demais equipes retornam ao escritório apenas nessa segunda.
Para que a retomada ocorra da melhor forma possível e com segurança, a UHG desenhou um modelo estratégico um tanto quanto curiosos: todos os funcionários foram divididos em perfis gerais e cada perfil possui sua própria orientação de como deve ser essa volta aos escritórios.
A equipe da área de Eficiência e Transformação da companhia desenvolveu quatro perfis para os colaboradores, a partir de critérios como a necessidade e frequência de interação presencial para realização do trabalho; a natureza do trabalho; a necessidade de discussão de temas confidenciais que devam ser tratados em ambiente seguro; e o local e a frequência de acesso a sistemas e informações.
Os trabalhadores foram, então, separados em quatro grupos distintos: Guardião, Empreendedor, Conectado e Itinerante. "Somos uma empresa que está presente em todo o ecossistema de saúde, com uma operação muito complexa. Embora grande parte dos nosso funcionários esteja no front, fizemos a transição para o home office muito rapidamente. E dali tivemos uma celeridade de repensar o futuro do trabalho", explica Ricardo Burgos, vice-presidente de Capital Humano do UnitedHealth Group Brasil em conversa com a EXAME.
E, foi a partir destes perfis, que a empresa moldou os três modelos de trabalho atualmente adotados na companhia: o Presencial (Office Based), o Teletrabalho (home based) e o Híbrido (Felx Based).
Com cerca de oito mil funcionários, a UHG tem um mote principal para essa retomada e o futuro do trabalho em si: o trabalho deve ser um propósito para o qual você se dedica, não é um local onde você executa as suas atividades profissionais.
“Esse projeto surgiu, inicialmente, da necessidade de prover condições de trabalho adequadas e segurança aos nossos colaboradores durante a pandemia. Mas identificamos a importância de uma mudança de chave no estilo de trabalho para acompanhar os novos tempos. Estamos caminhando rumo a um UnitedHealth Group Brasil mais flexível e colaborativo, com modelos de atuação que impulsionam a produtividade, aliada ao bem-estar e ao equilíbrio na vida de nossos colaboradores", explica Ricardo.
Para se formatar o projeto, foram realizadas mais de 200 reuniões, com 22 áreas da empresa envolvidas, que resultaram em 14 processos elaborados/revisitados, assim como 6 políticas ou procedimentos.
A necessidade de retomar alguns processos presenciais e a percepção de que uma regra geral de trabalho presencial não funcionária a todos os times e equipes, levou a UHG a preparar essa complexa operação de análise e divisão.
"Nossa área de Eficiência e Transformação, que fica dentro do time de Gente e Gestão, possui uma expertise de planejamento muito forte, tanto que esse projeto de mapear as funções e delimitar os objetivos começou ainda em junho de 2020", conta o vice-presidente. "Precisávamos entender o que cada trabalho requer, como cada demanda logística funciona. Embora nossa operação seja complexa, foi fundamental entender o quanto cada função carece do trabalho presencial", continua Ricardo.
A ideia de transformar o espaço do escritório presencial em um lugar que permita a criação de conexões significativas entre os próprios funcionários e o ambiente de trabalho em si é o balizador principal do projeto da UHG.
Segundo a companhia, o objetivo principal do projeto foi encontrar uma forma para uma utilização melhor e mais eficiente dos espaços de trabalho corporativos, e das pessoas que atuam neles.
Os funcionários que ficaram no grupo Guardião são aqueles que devem apoiar outros times de trabalhadores e cliente na maior parte do tempo e precisam realizar cotidianamente atividades presencias, dada a natureza dos cargos em questão.
Os Guardiões trabalham com documentos confidenciais e precisam de sistemas e/ou equipamentos disponíveis nos escritórios para que suas funções sejam realizadas com a máxima eficiência. Os funcionários alocados nesse grupo devem seguir o modelo de trabalho presencial.
"Um exemplo é o nosso time de folha de pagamentos, que necessitam de um desktop e de uma rede de segurança, assim como o pessoal de contas médicas. São profissionais que lidam com temas confidenciais", complementa Ricardo.
O perfil Empreendedor foca em funcionários que atuem em papeis estratégicos e requer interação presencial com outras áreas para, por exemplo, condução de workshops, treinamentos e reuniões. Desenvolve ou participa da criação de soluções multidisciplinares. Por exemplo, o time de Projetos da companhia.
"Por conta da necessidade estratégica desse perfil, que realiza mentorias, workshops e treinamentos, é necessária a presença desse profissional no escritório, mas só quando há uma real necessidade", explica o VP. Funcionários que pertençam ao perfil Empreendedor podem pode exercer sua jornada de trabalho presencialmente na empresa ou à distância. A recomendação é ir ao escritório até três vezes por semana.
Já o perfil Conectado engloba aqueles profissionais que solucionam problemas através de seu conhecimento e especialidade e interage de forma remota a maior parte do tempo com um grupo específico de pessoas ou de áreas. A área de comunicação corporativa é um exemplo.
Esses funcionários se encaixam na rotina de trabalho hibrido, com a necessidade de ir ao escritório até duas vezes na semana.
E, por fim, o perfil Itinerante - como o próprio nome sugere - trabalha independentemente de um espaço físico com sistemas e/ou equipamentos que podem ser acessados fora dos escritórios, com processos maduros e procedimentos bem definidos.
"Independente de onde ele estiver, o trabalho pode ser feito. Um exemplo disso é a nossa área de programação", explica.
Para ajudar aqueles perfis que atuarão em formato híbrido e não terão postos de trabalho fixos, a empresa desenvolveu a ferramenta UHG Workplace, que permite a reserva de postos de trabalho e de salas de reunião. Trabalhadores dos perfis que demandam presença constante no escritório terão mesas próprias.
Os escritórios passam a contar com salas de reunião Teams, para encontros híbridos, com parte da equipe presencialmente e outra, de forma remota. Foram necessários também ajustes em benefícios como vale-alimentação e vale-transporte e foi ampliado o acesso aos estacionamentos e ao restaurante dos escritórios.
“Não temos expectativa que o projeto já nasça perfeito. O ideal é que todos pratiquem a escuta ativa, vejam as mudanças pelas lentes dos nossos valores e deem exemplo de boas práticas e comportamentos. O futuro já chegou, mas esse é só um começo", explica Ricardo.
Embora o projeto da UHG seja robusto, Ricardo não descarta mudanças e explica que a flexibilidade e a adaptação são centrais para que a proposta funcione.
"Conforme avançar a legislação, e a cultura dentro da empresa, podemos caminhar para outros modelos, estamos acompanhando as tendências do mercado para seguirmos como uma empresa interessante de as pessoas virem trabalhar. Flexibilidade, sem dúvida, é uma delas”, comenta Ricardo Burgos. "Esse momento é de reconexão. Tudo que construímos são parâmetros. Em primeiro lugar, estamos trabalhando de maneira humana", finaliza o vice presidente.
Aqueles que se interessaram no modelo de retomada aos escritórios da UHG e gostariam de trabalhar na empresa, podem se inscrever nas vagas abertas que a companhia possui. Atualmente, a UHG Brasil possui 561 vagas de emprego abertas em 7 estados diferentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte) e mais o Distrito Federal.
As inscrições podem ser realizadas na página oficial de contratações da companhia.
A volta aos escritórios presenciais da UHG ocorre em meio à polêmica envolvendo a carteira de planos da Amil, da controladora UnitedHeatlh.
A ANS decidiu nesta sexta-feira anular a autorização para que a operadora de planos de saúde Amil transferisse sua carteira de beneficiários com planos individuais para operadora APS.
Com isso, a agência determina que a APS transfira a carteira, que tem cerca de 340 mil beneficiários, de volta à Amil. A decisão ainda anula o contrato firmado entre Amil e o grupo de investidores interessado em adquirir a carteira, que inclui as empresas Fiord Capital, Seferin & Coelho e o executivo Henning Von Koss.
Após a transferência, clientes da Amil passaram a reclamar de mudanças na rede credenciada e de dificuldade para entrar em contato com o plano de saúde. Antes de receber a carteira da Amil, a APS tinha cerca de 11 mil beneficiários. A Amil diz que "a transferência não modificou as coberturas estabelecidas nos contratos nem as obrigações com os beneficiários".
Procurada, a Amil enviou a seguinte nota: "Apesar de divergir dos argumentos técnicos que fundamentaram a decisão da ANS, a Amil acatará a decisão da agência. A prioridade da Amil segue sendo garantir que seus beneficiários tenham pleno acesso aos cuidados de saúde que necessitam".
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