O home office ou a flexibilidade de horário está se tornando um dos benefícios mais buscado por profissionais (ArtistGNDphotography/Getty Images)
Repórter
Publicado em 21 de maio de 2024 às 15h03.
Última atualização em 21 de maio de 2024 às 15h28.
Desde que o home office se tornou uma modalidade padrão no mercado, muitas empresas e funcionários estão se adaptando às chamadas "férias silenciosas", que nada mais são do que o regime de trabalho em que o funcionário consegue viajar e cumprir outras atividades pessoais, sem a necessidade de afastamento do trabalho ou revelar sua localização aos chefes.
Conhecida também como “hush-cation” ou “férias informais” ou simplesmente como trabalho 100% remoto, essa tendência de mercado permite que funcionários trabalhem de qualquer lugar do mundo, desde que continuem suas atividades.
“Esse modelo se popularizou durante a pandemia, quando muitos optaram por trabalhar em locais turísticos para equilibrar trabalho e lazer”, afirma Paulo Bivar, sócio-fundador da KINP Group, empresa focada no direcionamento de carreira.
O home office ou a flexibilidade de horário está se tornando um dos benefícios mais buscado por profissionais, afirma Bivar, que reforça que essa demanda está sendo vista por muitos RHs como um caminho para a retenção de talentos.
“Entre os benefícios incluem maior engajamento e retenção de talentos, já que os funcionários valorizam muito a flexibilidade no trabalho”, diz o executivo que reforça que por outro lado, os malefícios podem incluir isolamento do funcionário do time e desafios de fusos horários diferentes.
“Há muitos profissionais que buscam trabalhar em outro país e por isso precisam se adequar ao horário de trabalho da empresa contratante. Por outro lado, muitos acabam perdendo a relação com a equipe que, mesmo estando de home office, podem realizar encontros pontuais no escritório”.
A produtividade no home office também é discutida, sendo vista como variável e dependente da infraestrutura que a empresa oferece e disciplina do funcionário, diz o executivo.
“Precisa entender qual modelo de trabalho acaba sendo mais produtivo para cada atividade e funcionário, e se caso for realmente ‘hush-cation’, é preciso oferecer estrutura, porque no final o que muitas empresas estão focando hoje é no resultado e não mais no regime de controle”.
A adoção do modelo de “férias silenciosas” depende da cultura da empresa e de sua confiança na autonomia dos funcionários, afirma Bivar.
“Empresas que possuem culturas de comando e controle não tem como implantar as ‘férias silenciosas’. Ela só vai ver o malefício, por isso esse estilo de trabalho não é uma opção.”
Em termos de legislação, ele alerta que as “férias silenciosas” não servem para trabalhadores no regime CLT, porque não podem passar longos períodos fora do país sem risco de complicações legais, enquanto contratos PJ oferecem mais flexibilidade.
“É o caso de profissionais freelancers que prestam serviços para diferentes empresas de qualquer lugar do mundo, mas por outro lado não possui tantos benefícios trabalhistas.”
Fato é que as “férias silenciosas” são interessantes para as empresas que focam na produtividade, afirma Bivar.
“Somos muito bons em priorizar a conversa e o relacionamento no escritório, mas o mais importante para uma empresa é a produtividade, e isso nem sempre acontece no trabalho presencial. Por isso vale a empresa avaliar suas atividades e como dar mais resultado em um mercado cada vez mais competitivo”, diz. “No final das contas, a questão que assegura as ‘férias silenciosas’, e consequentemente a sustentabilidade do negócio, é a entrega e a qualidade do serviço”.