Carreira

Renata Tolentino, você está contratada!

Conheça Renata Tolentino, vencedora do reality show Aprendiz – O retorno

Roberto Justus e Renata Tolentino durante a final do programa O Aprendiz (Edu Moraes)

Roberto Justus e Renata Tolentino durante a final do programa O Aprendiz (Edu Moraes)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 08h25.

São Paulo - É uma mulher sorridente, com vestido florido, que recepciona a equipe de VOCÊ S/A em um hotel em São Paulo. Naquele momento, Renata Tolentino, 27 anos, de Belo Horizonte (MG),  em nada lembrava a mulher de postura firme que desafiou o todo poderoso Roberto Justus na final do reality show Aprendiz – O retorno.

A entrevista aconteceu no intervalo das reuniões para acertar os últimos detalhes do novo emprego dela, em uma agência de publicidade do grupo de comunicação Newcomm.

Renata foi vencedora do reality show, que em 2013 convidou os melhores participantes das edições anteriores para retornar à competição e tentar mais uma vez a contratação, dessa vez pelo próprio Justus.

"Tenho duas candidatas muito fortes que não chegaram até aqui à toa. Uma profissional pronta para o presente e outra para o futuro. Eu sempre gostei de apostar no futuro”, disse Roberto antes de anunciar que Renata havia derrotado Melina Konstadinidis, participante do "Aprendiz 2" e que disputava a final junto com a mineira.

Renata, de origem simples, contou a VOCÊ S/A um pouco de sua trajetória profissional. Assim que começou a falar de sua experiência no programa, o perfil determinado e confiante, que marcou sua participação na última edição, ficou claro.

A seguir, ela conta como o Aprendiz impactou na sua vida e o que ela espera daqui para a frente, com 1 milhão de reais no bolso e a chance de trabalhar com profissionais como o administrador de empresas Walter Longo, mentor de estratégia e inovação do grupo Newcomm, e o próprio Roberto Justus.


VOCÊ S/AQuem era Renata Tolentino antes do Aprendiz?

Renata Tolentino – Como perdi meu pai com 14 anos, tive de começar a trabalhar com aquela idade para ajudar nas contas da casa. Meu primeiro emprego foi em uma locadora de vídeos. Quando eu completei 16, apareceu uma vaga de estágio em uma prestadora de serviços.

Mesmo sem estudar na área, consegui o emprego e passei a aprender tudo o que podia. Até que a empresa foi vendida e toda a equipe efetiva foi mandada embora. Só eu fiquei, porque, afinal, dava resultado e representava um gasto pequeno para a companhia.

Com 17 anos, eu já coordenava o RH de uma empresa com mais de mil funcionários – sem ser formada, só com a experiência que havia adquirido. Eu cuidava de tudo: da parte administrativa, da folha de pagamentos, das questões trabalhistas jurídicas.

VOCÊ S/A – Como começou sua carreira na empresa anterior, a Totvs?

Renata Tolentino - Depois dessa experiência, optei por fazer um curso técnico de RH, porque precisava acelerar meu aprendizado e ter resultados rápidos. Nesse curso, conheci uma pessoa que trabalhava na Totvs, que na época era MicroSig, e que me convidou para trabalhar com eles.

Fiquei lá por oito anos e respondi por todas as questões de RH na região de Minas Gerais. Minha última função era gerenciar projetos, desde a parte de planejamento até a entrega para o cliente, comandando uma equipe de analistas.

Já havia feito um curso de gestão da informação na Universidade Federal de Minas Gerais, mas percebi que precisaria de mais capacitação e procurei outro, de gestão de projetos. Sempre me especializei de uma forma mais focada na função que eu realizava no momento. Nunca tive paciência de estudar o que não tem a ver com meu resultado de hoje. Eu quero resultado rápido, agora.

VOCÊ S/A- O que levou você a se inscrever no programa Aprendiz?

Renata Tolentino O meu interesse pela área de negócios sempre existiu, mas quem via o programa era meu namorado. Eu não tinha o perfil de reality shows, até porque acreditava que quem participava desse tipo de programa eram atores ou pessoas com QI – Quem Indica. Fiz a inscrição mais para meu namorado parar de insistir no assunto do que por acreditar que renderia algo.

Tanto que, quando a produção do programa me ligou, eu nem lembrava. Quase recusei, achando que era uma oferta de ser aprendiz em alguma empresa.  Minha ficha caiu quando soube que havia 160 mil candidatos. A concorrência me atiçou a vontade de participar e eu comecei a pesquisar mais sobre o programa e a entender a proposta dele.


VOCÊ S/A- Como foi a decisão de largar o emprego e partir rumo a essa proposta incerta?

Renata Tolentino- Durante as etapas de seleção do programa, fui me preparando e fazendo um report das minhas atividades e dos meus projetos para, quando chegasse o dia, os profissionais que trabalhavam comigo conseguissem tocar sem mim. Minha gerente decidiu me afastar temporariamente – e entrei no Aprendiz pela primeira vez.

O programa é o melhor MBA que alguém pode fazer, porque ali existe uma gama imensa de experiências. Lidamos com pessoas que são realmente nossos concorrentes, mas só chegamos à final se trabalhamos bem em grupo. Ou seja, um precisa do outro.

VOCÊ S/A – Por que você não ganhou da primeira vez em que participou do programa?

Renata – Na Totvs, o ambiente profissional era muito bom e a competição, menos incisiva. Da primeira vez, foram quase cinco meses de confinamento – e isso pesa. No mundo real, se está ruim, dá para se distrair, ocupar a cabeça com outras coisas. Lá, não. No Aprendiz, você dorme, acorda, vive e respira aquela tensão.

Cheguei à final porque sou determinada, mas deixei me abalar por causa de um participante que não concordava com nada que eu sugeria. Além disso, fui para os Estados Unidos fazer uma prova sem falar nada de inglês, já que, até então, o idioma não fazia parte da minha entrega. De lá até hoje, estudo inglês pelo menos três vezes por semana. Só em 2013, li mais de 120 livros em inglês.

VOCÊ S/AE como você lidou com essa frustração?

Renata Tolentino  Foi muito difícil. Sei das minhas competências e das minhas dificuldades e, para mim, eu tinha que ter ganho aquele programa. Não aceitei, porque fui a pessoa que mais liderou e que mais ganhou tarefa naquele aprendiz, o que mostra que meu desempenho realmente foi muito bom.

VOCÊ S/A – Qual foi a sua reação quando recebeu o convite para participar de outra edição do programa?

Renata Tolentino - A primeira coisa que fiz, muito magoada com o resultado da edição anterior, foi esclarecer que eu não tinha experiência nenhuma em publicidade. Sabia que o Roberto direcionaria os esforços para essa área.

A segunda foi dizer que meu inglês ainda não era fluente. Queria que o processo fosse transparente. A equipe do programa me garantiu que nem o inglês, nem a experiência em publicidade iriam ser critérios pra eliminação.


VOCÊ S/A- E como foi largar novamente seu emprego e buscar uma oportunidade que não tinha dado certo da primeira vez?

Renata TolentinoConversei com a minha gestora e ela disse que eu teria de pedir demissão. Foi o que fiz. Se essa oportunidade tinha aparecido novamente, eu agarraria: entrei para ganhar, e não para ter uma experiência. O fato de eu não ter aceitado a derrota da última vez colaborou para que eu me desafiasse e quisesse mostrar como sou competente. Pensei “Eu vou calar a boca de muita gente”.

VOCÊ S/A – Você sofreu muitas críticas durante o programa?

RenataTolentino - Sim, por vários motivos. Os participantes diziam que eu não entendia nada de linguagem publicitária e que perguntava demais. Mas tive um professor que dizia que o importante não era saber, mas, sim, saber quem sabe e ir atrás da informação.

Eu era a mais inexperiente e, mesmo assim, alcançava as maiores entregas. Falavam também que eu tinha energia demais e pegava o trabalho dos outros para fazer. Acontece que não consigo ficar ociosa, porque o projeto também era meu.

VOCÊ S/A – Qual era sua estratégia na segunda edição da qual participou?

Renata Tolentino - Mostrar minha capacidade de liderança e defender minhas ideias. No final do programa, o Roberto me perguntou qual era a minha maior qualidade eu respondi que, tanto no outro Aprendiz, com o João Doria, como no dele, tinha provado que era a liderança.

E o Roberto disse que não estava falando do João Doria. Então, retruquei, acrescentando que eu também não estava. O que me interessava ali era expor o meu histórico. Acho que, quando você acredita no seu potencial, tem que deixar isso claro e desafiar quem for preciso, seja um presidente, seja o Roberto Justus.

VOCÊ S/A: Quais são seus planos na Grey?

Renata: Ainda estamos definindo a minha área de atuação e quais resultados. Não quero que seja um contrato de um ano – vou buscar construir projetos. Já comecei a estudar e a me preparar para isso, embora acredite que, hoje, a formação acadêmica conte muito menos que a experiência.

VOCÊ S/A – Que lições você aprendeu no Aprendiz?

Renata Tolentino -  A me posicionar, a negociar, a ter controle emocional, foco e meta. Também aprendi que é preciso mudar a estratégia quando percebo que não estou indo bem e a ter humildade para reconhecer que algo pode ser feito de outro jeito.

Outra lição foi a importância de saber se relacionar e ter carisma. E isso não significa omitir o que penso nem deixar de ser quem sou, mas, sim, saber se colocar com educação e respeito. 

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosEntrevistasMulheres executivasTalentos

Mais de Carreira

Como usar a técnica de Myers-Briggs Type Indicator (MBTI) para melhorar o desempenho profissional

Escala 6x1, 12x36, 4x3: quais são os 10 regimes de trabalho mais comuns no Brasil

Ele trabalha remoto e ganha acima da média nacional: conheça o profissional mais cobiçado do mercado

Não é apenas em TI: falta de talentos qualificados faz salários de até R$ 96 mil ficarem sem dono