Clubhouse: espontaneidade e o foco no conteúdo é o grande diferencial da rede social (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)
Victor Sena
Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 16h45.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 16h59.
Uma rede social para conversas. É assim que podemos definir o Clubhouse, aplicativo que disparou em popularidade nos últimos dias. A diferença do novo aplicativo para fóruns como Reddit e até serviços de mensagens como Telegram e WhatsApp é que tudo é discutido por voz.
Como tem salas sobre temas específicos, a rede social pode ser uma nova ferramenta para desenvolver o networking, conhecer pessoas novas e até estudar, principalmente em tempos de isolamento social devido à pandemia.
A espontaneidade e o foco no conteúdo é o grande diferencial da rede social, na visão do professor de marketing digital do Insper e da PUC-RS Renato Mendes.
“Nas redes sociais, muita coisa acaba sendo fake, tudo é planejado. No caso do Clubhouse, a grande novidade é que ele é a rede da autenticidade. As pessoas são quem elas são. Tem pouco espaço para antever, simular e planejar. Ele é vida real”, opina.
Para ele, isso traz uma dinâmica nova para quem quer usar a internet para aumentar seu potencial de conseguir um emprego e fazer networking. Em outras palavras, “vender seu peixe”. A tendência, na visão do professor, é de que o aplicativo tenha cada vez mais grupos nichados:
“Eu acho que vão começar a surgir milhares de conversas nichadas e simultâneas, sobre todos os assuntos. A gente vai ser capaz de encontrar conversas sobre qualquer coisa lá. Ela é uma ótima ferramenta para você se expor para seus pares, e o que eu tenho mais visto são conversas de cunho profissional”.
Com interesse pela área de saúde, o profissional de marketing digital e copywriter Guilherme Tonial conta que o aplicativo ajuda na aleatoriedade, ao proporcionar encontros que não seriam possíveis. Além disso, ele destaca como o Clubhouse pode ajudar as pessoas a saírem dos seus “clubinhos”.
“O que eu achei de mais legal do aplicativo é que você conversa de forma mais horizontal, não precisa de câmera e isso quebra barreiras. O que eu tenho percebido é que é legal as pessoas entrarem em salas menores. Eu gosto da área de saúde, por exemplo. Por ali, eu conheci gente que eu achei que jamais achei que iria conhecer”, conta.
Entre as salas que Guilherme participou, ele destaca uma em que professores universitários e alunos conversavam sobre empresas juniores.
Durante a conversa, assuntos como vagas de trabalho e trocas de contato para enviar currículo aconteceram diversas vezes.
Para os usuários de primeira viagem, o Clubhouse pode parecer complicado, mas entender para que ele serve já dá um bom norte. Ali, existem grupos temáticos de variados temas, até com personalidades, especialistas e artistas.
Nesses casos, ele acaba funcionando como uma palestra. Os criadores da sala são os que estão com o microfone habilitado para falar, enquanto as outras pessoas ficam como ouvintes. Apesar disso, há a opção de “levantar a mão” e contribuir de alguma forma com a discussão.
O professor Renato Mendes destaca essa diferença entre ouvintes e “speakers”. Ao considerar aumentar o networking e até começar a buscar emprego, as pessoas devem estar dispostas a migrar de uma posição para outra. Ou seja, contribuir com as conversas com suas opiniões e abrir o microfone.
“Uma vez que você vai se propor para falar, pense antes para não falar só por falar. No fim das contas, o seu cartão de visita vai ser a sua produção de conteúdo. E nisso as pessoas têm que tomar cuidado: como se posicionar, que reputação quer construir, que imagem quer passar.”
Entre as dicas oferecidas pelo professor estão: só falar quando tiver algo que realmente vá contribuir e procurar as salas de assuntos do seu meio profissional que estão programadas para acontecerem.