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Veja as 6 áreas que mais sofrem com burnout, segundo estudo que usa IA

O perfil dos líderes também foi avaliado. A geração X de C-Levels possuem a maior pontuação relacionada à doença

O burnout ganhou mais destaque com a pandemia, tanto que foi classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022 (Getty Images/Divulgação)

O burnout ganhou mais destaque com a pandemia, tanto que foi classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022 (Getty Images/Divulgação)

Publicado em 1 de agosto de 2023 às 15h22.

Última atualização em 1 de agosto de 2023 às 16h50.

A síndrome do esgotamento profissional, conhecida como burnout, ganhou mais destaque com a pandemia, tanto que foi classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. Esse reconhecimento gerou um alerta para as empresas, que começaram a buscar ações internas voltadas para a saúde mental de seus funcionários.

Mas por onde começar? Avaliando o setor? Ou avaliando a liderança? Pensando em entender melhor a doença ocupacional no Brasil, a Way Minder, startup mineira de solução tecnológica, realizou um estudo que utiliza a inteligência artificial com mais de 600 funcionários de 17 organizações em maio deste ano. A pesquisa indica que as seguintes áreas corporativas são as que mais sofrem com burnout no Brasil:

  • RH: 43 pontos;
  • Vendas: 42,11 pontos;
  • Educação: 42,1 pontos;
  • Liderança: 40,43 pontos;
  • Administrativo: 38,38 pontos;
  • TI: 36,61 pontos.

A classificação, que foi realizada de forma online pela plataforma Way Minder, aponta casos nulo de 0 a 18, baixo (19 a 32), moderado (33-49), alto (50-59) e grave (60-75).

“Os indicadores acima de 30 sinalizam que a fase da doença está em estágio moderado, acendo sinal de alerta aos usuários e empresas no monitoramento das emoções e uso de estratégias que visam reduzir esse índice”, afirma Deivison Pedroza, Co-Founder e CEO da Way Minder.

A startup utiliza a "Eliis", Inteligência Artificial Generativa, neste processo de coleta de informações. A IA foi criada pensando naqueles funcionários que não conseguem responder aos questionários inteligentes online. A solução foi criar um bate-papo.

"Principalmente os executivos, como C-Level, preferem esse tipo de abordagem por ser mais dinâmica. Com a IA, o funcionário basicamente entra em uma conversa via WhatsApp, Messenger ou outra plataforma. Ele sabe que está sendo avaliado, mas de uma forma diferente do questionário padrão", afirma Pedroza.

Qual perfil de líder apresenta mais pontuação para o burnout?

Os dados mostram ainda que quando se trata de liderança, o burnout está em todas as esferas, mas com forte sinal de alerta entre os C-Level:

  • CEO, diretor e sócio: 44,41 pontos;
  • Lideranças (como gerentes e coordenadores): 37,43 pontos;
  • Outras lideranças (sub-gerentes e supervisores): 39,47 pontos.

Se tratando de gerações, entre lideranças C-Level, os da geração X, consideradas mais tradicionais em relação ao trabalho e que preferem carreiras estáveis, são os que apresentam as maiores pontuações (48,83), ficando muito próximo do nível elevado, quando atinge a pontuação entre 50 e 59.

Abaixo, a pontuação dos C-Levels por geração:

  • C-Level Baby boomers (nascidos entre 1940-1960): 31,5 pontos
  • C-Level geração X (nascidos entre 1960-1980): 48,83 pontos
  • C-Level geração Y ou Millennials (nascidos entre 1980 e 1995): 33,93 pontos

Entre a categoria de Lideranças (gerentes e coordenadores), a pontuação da geração Z (nascidos a partir de 1995) se destaca:

  • Baby boomers: 34,5 pontos;
  • Geração X: 36 pontos;
  • Geração Y: 33,93 pontos;
  • Geração Z: 41,8 pontos.

A metodologia utilizada pela Way Minder é própria e embasada em mais de 20 anos de pesquisas, incluindo a diretriz da Universidade de Ohio, nos EUA, relacionadas às áreas de prevenção de saúde emocional e mental, neurociência, inteligência emocional e psicologia positiva, afirma Pedroza.

"Estamos trabalhando na nossa IA desde outubro do ano passado, com algaritmos  de fora que foram interpretados para uso no Brasil. Nossa abordagem é sustentada com avaliações de inteligência emocional e transtornos mentais, e por intervenções comprovadas para proteger a saúde mental de mais de 12 mil clientes no Brasil, América Latina e Estados Unidos.”

Quais são as principais doenças ocupacionais?

Além da profissão, o indivíduo e o ambiente de trabalho, que inclui a gestão, podem influenciar o risco de desenvolver problemas de saúde mental, afirma a psicóloga Larissa Fonseca, terapeuta clínica há 15 anos com abordagem cognitiva comportamental.

O burnout é apenas uma das doenças que podem surgir no mundo corporativo. Para identificar seus sintomas, a psicóloga explica as características de cada das principais doenças:

  • Ansiedade: apresentam sintomas muito semelhantes aos do estresse associados com uma intensidade de negatividade no futuro. Tudo é e será um problema, todas as possíveis variações de problemas que poderiam acontecer em relação à um determinado assunto. Quando temos o transtorno de ansiedade generalizada, que é a forma mais grave e intensa da ansiedade, há crises em que a mente trava e os sintomas daquela pessoa dominam o corpo.
  • Burnout: é um quadro evolutivo com sintomas do estresse associados à ansiedade, à depressão, aos sentimentos de inferioridade e ao perfeccionismo - este conjunto desencadeia em um "bug" mental. A cabeça fica improdutiva e não consegue mais funcionar corretamente, a pessoa fica com problemas na memória, esquece coisas simples e o corpo para, seja com um desmaio, vômitos ou crises de choro.
  • Compulsões e dependências: a pessoa desenvolve um vício na tentativa de procurar alívio de um dia a dia infeliz. Desde compulsões alimentares até vício em jogos ou em substâncias podem estar associados.
  • Depressão: diversos sintomas físicos do estresse podem estar associados ao quadro deprimido. Mas o que caracteriza é o excesso de passado. A pessoa sempre pensa que o “ontem” sempre foi muito melhor que hoje e não tem esperança para o futuro.”
  • Estresse: o estresse é a descarga de cortisol em nosso organismo e nos faz ficar em constante alerta. Os sintomas são físicos e emocionais, porém, cada indivíduo terá um conjunto diferente do outro. Os sintomas mais comuns são: problemas no sono, problemas gastrointestinais, suar frio, boca seca, dores de cabeça, tensão muscular, tremores nas mãos e sudorese.
  • Transtornos relacionados ao sono: atraso de fase (atrasar o horário de dormir e acordar) em decorrência do excesso de trabalho, ou o avanço de fase (acordar mais cedo para trabalhar) são quadros comuns. A insônia também é um dos sintomas (como acordar antes do horário, no meio da noite ou ter dificuldade para dormir pelas preocupações e pensamentos relativos ao trabalho) e até pesadelos constantes pelo medo intenso de falhar.

Como forma de tratamento para essas doenças, a psicóloga indica a psicoterapia alinhada a outras ações, como atividades físicas:

“Tudo depende do grau de intensidade do transtorno relacionado e os sintomas do quadro. A terapia pode ajudar certamente, mas precisa estar alinhada com outras medidas como, uma atividade física, a higiene do sono, mindfulness e uma alimentação saudável. O ser humano para ter saúde precisa ter saúde mental e isso é ter equilíbrio.”

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