Trainee da Vale: mineradora quer eliminar barreiras para atrair talentos diversos (Vale/Divulgação)
Mariana Martucci
Publicado em 25 de setembro de 2020 às 14h33.
Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 14h59.
Lygia Faiman mal sabia o que era mineração quando saiu da faculdade, no Rio de Janeiro. Hoje, ela atua em Vitória em um time que está modernizando o setor com a chamada transformação digital. Sabrina Busatte, nascida e criada em Belo Horizonte, foi alocada para trabalhar na operação de uma mina de ferro no interior do Pará, onde se diz realizada.
A carioca Camila Szermann, geotécnica que se assume lésbica, sente-se acolhida e respeitada pelos colegas de trabalho em Barão de Cocais, Minas Gerais. Em comum, as três mulheres registram passagens pelos programas de trainee da Vale. Neste ano, o recrutamento de recém-formados pretende ser ainda mais diverso, mantendo a seleção às cegas, inscrições sem restrição de idade nem necessidade de experiência profissional prévia e, novidade, metade das vagas destinada preferencialmente a mulheres.
Um dos grandes objetivos da Vale é dobrar, até 2030, o número de mulheres — hoje são 10.593 — e influenciar o setor global de mineração a seguir pelo mesmo caminho. A empresa pretende, ainda, destacar mais funcionárias para atuar nas áreas de operação e engenharia, ambientes tradicionalmente masculinos. “Se uma mulher não pode realizar uma tarefa, um homem também não pode: a mineração é lugar para todos”, afirma Marina Quental, diretora de pessoas da Vale.
A empresa pretende eliminar as barreiras para a contratação de talentos diversos, sobretudo as relacionadas a vieses inconscientes (ideias preconcebidas que influenciam decisões). Seu processo de seleção aceita candidatos de qualquer instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação, não há limite de idade e os recrutadores adotam uma metodologia de seleção “às cegas”, na qual não têm acesso ao currículo dos candidatos até a entrevista final.
“Vivemos em um mundo plural e cada dia mais complexo. Sabemos que diferentes experiências e pontos de vista são fundamentais para aumentar a conexão com as mudanças da sociedade e dos negócios. Empresas reconhecidamente mais diversas e inclusivas inovam mais, trazem melhores soluções para os negócios, atraem e retêm talentos e, consequentemente, são mais produtivas”, defende Marina Quental.
Com o objetivo de ampliar o conhecimento dos empregados sobre diversidade, gerar sensibilização e combater qualquer tipo de preconceito ou comportamento discriminatório, a Vale conta com grupos de afinidade de Mulheres, LGBTQIA+ e equidade étnico-racial. O resultado é um ambiente de trabalho em que, por exemplo, a geotécnica e trainee Camila Szermann se vê à vontade para evoluir profissionalmente: “Eu me considero uma minoria por ser lésbica, mas consigo enxergar parte da mudança cultural na Vale quando me sinto extremamente segura para trabalhar e ser quem eu sou na minha equipe”.
Dando sequência ao movimento iniciado de um ano para cá, a empresa quintuplicou o percentual de trainees oriundos das regiões Norte e Nordeste de 3,6% do total do grupo, em 2019, para 16,5%, em 2020. E destinou 50% das vagas para trainee em 2021 preferencialmente para mulheres.
“Esse percentual refere-se ao gênero feminino, que inclui os indivíduos trans. Nossa intenção é tornar o processo mais inclusivo, mostrando que todas as pessoas têm espaço na Vale e que seu talento e colaboração não são só valorizados como também muito desejados”, afirma Mira Noronha, gerente global de recrutamento e seleção. O grupo de trainees selecionados para a turma que entrou neste ano, por exemplo, já é altamente engajado nas causas LGBTQIA+ e étnico-racial.
Segunda empresa mais desejada para trabalhar pelos jovens trainees, de acordo com a pesquisa Carreira dos Sonhos, conduzida pela Cia de Talentos neste ano, a Vale segue com as inscrições para os programas de recém-graduados 2021 até 30 de setembro.
O candidato poderá escolher entre duas opções: o Programa Trainee Especialista Engenharia e Geologia, voltado exclusivamente para formados nessas áreas de dezembro de 2017 a dezembro de 2020, e o Global Trainee Program, que tem 18 meses de duração e é destinado a candidatos de todos os cursos, formados de julho de 2018 a dezembro de 2020. São mais de 130 vagas para atuar nos estados nos quais a Vale possui operações: RJ, ES, MG, PA, MS e MA. Informações no site da empresa: www.vale.com/recemgraduados.