Carreira

Vagas aumentam nas melhores empresas para trabalhar

O número de vagas abertas nas empresas que integram o Guia aumentou de 27 000, no ano passado, para mais de 31 000, em 2012. Sinal de que as melhores conhecem o segredo anticrise: investir em gente

Ilustração - Vagas de emprego (Marcos Müller/EXAME.com)

Ilustração - Vagas de emprego (Marcos Müller/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2013 às 17h41.

São Paulo - Otimismo e cautela definem os ânimos corporativos em 2012 no universo das 150 melhores empresas para trabalhar no Brasil. Até dezembro, juntas, elas pretendem contratar 31 593 profissionais em todo o país, para todos os níveis, ante 27 698 no ano passado. Desse total de vagas, 24,5% dependem do comportamento do mercado nos próximos meses.

“Não é surpresa ver que boas empresas contratam mais do que a média, porque elas fazem um investimento permanente não só em benefícios, mas também em clima organizacional. E funcionários felizes produzem mais, vestem a camisa e enxergam além do salário”, diz Bernardo Entschev, presidente da De Bernt Human Capital. 

As demandas da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 elevam as projeções de admissões em alguns setores, enquanto outros aguardam medidas de incentivo do governo para retomar o crescimento dos últimos anos. “Em 2011, a maioria estava contratando. Neste ano, o mercado continua aquecido, mas em menor grau. Há um grupo que se retraiu, a exemplo da indústria, outro que mantém o mesmo ritmo e um terceiro que está bem, principalmente no segmento de infraestrutura e bens de consumo”, afirma Entschev.

A especialista global em gestão de energia Schneider Electric lidera a lista, calculando criar aproximadamente 7 000 postos se firmar os contratos previstos para os dois megaeventos esportivos que acontecerão no país. Mas o bom desempenho da companhia não está apenas atrelado a eles.

Com as recentes aquisições, como a Telvent, fornecedora de produtos e serviços de TI, a Steck, produtora de materiais elétricos, e a CP Eletrônica, desenvolvedora de projetos de gestão de energia, o portfólio da Schneider aumentou e abriu novas frentes. Outro fator que ajuda a compor essa projeção tão robusta são as obras de infraestrutura no Norte e no Nordeste, dois mercados em pleno desenvolvimento. “Nosso principal investimento é em capital intelectual, principalmente em um segmento tão movimentado como o nosso”, diz Rosana Martins, vice-presidente de recursos humanos. “Gente gera negócios, soluções e crescimento. É um ciclo virtuoso.”

Bens de consumo entram na esteira desse crescimento, com a PepsiCo na dianteira da intenção de contração entre as empresas do segmento listadas neste Guia. A companhia espera preencher 1 300 vagas até o fim do ano. “Geralmente, empregamos para os cargos de base e capacitamos as pessoas  por meio da nossa universidade corporativa para seguir carreira na Pepsico”, diz Cristiana Gomes, diretora de recursos humanos.

Assim como na Schneider, a estimativa otimista é fruto das recentes aquisições, especialmente da Mabel, principal produtora de biscoitos do Brasil, oficializada em novembro passado. O aumento do poder de consumo da classe C e a entrada de produtos no portfólio que atendam a essa demanda são fatores significativos para a organização.


As cooperativas fazem parte do time que também mantém suas apostas em alta — e duas delas puxam os números do setor para cima. A Unimed Rio planeja criar 1 200 postos para suprir as necessidades de um novo hospital na capital fluminense. E a cooperativa de crédito Sicredi, que tem crescido de 20% a 25% ao ano, pretende abrir 1 700, principalmente na região Sul e nos estados do Pará e de Tocantins. Mais da metade dessas vagas é das áreas operacionais e administrativas, para repor profissionais que foram promovidos.

“No Brasil, o sistema de cooperativa ainda é pouco conhecido, então existe muito espaço para crescer”, diz Viviane Furquim, diretora superintendente de gestão de pessoas. “As pessoas estão começando a perceber que é um modelo de negócios mais sustentável.”

Morno, e não frio

Outra integrante de peso do grupo das melhores que está contratando é o Itaú Unibanco. O ano de 2012 deve fechar com um saldo de 7 000 novas vagas — 2 000 delas ainda estão por vir. Mesmo representando uma queda em comparação com 2011, quando houve a abertura de 13 000 postos, é uma quantidade expressiva. “Os bancos passaram por fusões e aquisições e é natural que aconteça um ajuste de quadro, para eliminar sobreposição de funções e operações”, afirma Entschev.

O varejo, que encabeçava a lista de setores com mais postos disponíveis no segundo semestre do ano passado, em 2012 entrou em compasso de espera. Mas o cenário está bem longe de uma crise. Em agosto, o segmento já havia recebido a boa notícia de que, em vez da aguardada queda dos números em junho, houve crescimento de 1,5%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se comparado ao mesmo período do ano passado, representa um acréscimo de 9,5%. Mais da metade das empresas do Guia desse segmento está com vagas disponíveis. Só a rede catarinense de supermercados Angeloni é responsável por 900 delas. Outras se preparam ainda para as contratações sazonais: ao todo, são 2 600 empregos temporários para o fim do ano.

“Caso o quadro na Europa se mantenha regular e o governo brasileiro continue com os pacotes de incentivo, 2013 será um ano ainda melhor”, diz Entschev. Portanto, a previsão é de tempo bom, mas manter o guarda-chuva por perto não faz mal a ninguém.

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