Para o ex-pró-reitor de graduação da Unicamp Marcelo Knobel, a autonomia da universidade é um dos principais aspectos que justificam a boa colocação no ranking (Priscila Micaroni Lalli/ Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2013 às 10h04.
São Paulo - O ranking das 100 melhores universidades do mundo com menos de 50 anos de fundação, divulgado pela prestigiosa publicação inglesa Times Higher Education (THE), coloca a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) como a única representante brasileira no top 100.
Nesta segunda edição anual do ranking, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) não aparece no levantamento - em 2012, a instituição estava na 99ª posição.
O levantamento atual de jovens universidades em ascensão divulgado pelo THE coloca a Unicamp na 28ª posição. Ano passado, a instituição ocupava o posto de número 44. Ela é não apenas a única representante do Brasil, como a única instituição da América Latina e também entre os países do BRIC - que inclui Rússia, Índia e China - a aparecer no top 100.
"A disparada da Unicamp para o 28º posto do ranking prova que ela é uma das mais jovens e vibrantes universidades do mundo", afirma, em nota, Phil Baty, editor da unidade de rankings da publicação.
Para a elaboração e ranqueamento das instituições, a Times cria indicadores para analisar itens como a qualidade no ensino, a relevância das pesquisas científicas produzidas, a inovação e o nível de internacionalização das universidades.
A Universidade de São Paulo (USP), presença constante em outros rankings internacionais, não aparece na lista. A instituição que iniciou suas atividades em 1934, possui mais de 50 anos de criação.
No mundo
Entre as 100 instituições novatas que fazem parte do ranking, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Pohang, na Coreia do Sul, aparece pela segunda vez com a melhor instituição.
Já, quando a análise é categorizada por países, a Grã-Bretanha (18), Austrália (13) e os Estados Unidos (8) têm a maior quantidade de universidades listadas no top 100. Ou seja, além de desenvolvidos, ambos os países possuem a língua inglesa em comum.
"O inglês é um fator determinante para a difusão do conhecimento científico. No Brasil, nossos pesquisadores ainda têm dificuldade em escrever um artigo em inglês. Isso é problemático", fala Claudio de Moura Castro, ex-diretor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) - agência federal de fomento.
Unicamp
Para o ex-pró-reitor de graduação da Unicamp Marcelo Knobel, a autonomia da universidade é um dos principais aspectos que justificam a boa colocação no ranking.
"Com a autonomia financeira, as universidades paulistas precisaram repensar a maneira como utilizavam os recursos para investimento em sua própria melhoria", fala Knobel, que é professor titular da instituição.
Segundo ele, com o Projeto Qualidade foi possível melhorar a qualificação do corpo docente. "Hoje 99% dos nossos professores são doutores. Nenhum docente é contratado sem doutorado e procuramos selecionar, sempre que possível, aqueles que têm experiência internacional", diz Knobel.
Mesmo elogiando a atual situação da universidade, o estudante do 3º ano de Medicina André Citroni, ainda critica outros aspectos que precisam melhorar na instituição.
"O acesso a cursos como o de Medicina precisa ser mais democrático. E as políticas de permanência estudantil, como a construção de mais moradias e restaurantes universitários, precisam ser ampliadas", diz Citroni, que também é membro Centro Acadêmico da Unicamp - órgão de representação estudantil.