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Um nó na rede mundial

A socióloga Saskia Sassen, professora da Universidade de Chicago e referência mundial no estudo dos efeitos da globalização na vida das metrópoles, define "cidade global" como um centro estratégico onde se tomam decisões que afetam mercados muito além das fronteiras do país. No livro As Cidades na Economia Mundial (Studio Nobel), ela enumera 11 metrópoles […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h32.

A socióloga Saskia Sassen, professora da Universidade de Chicago e referência mundial no estudo dos efeitos da globalização na vida das metrópoles, define "cidade global" como um centro estratégico onde se tomam decisões que afetam mercados muito além das fronteiras do país. No livro As Cidades na Economia Mundial (Studio Nobel), ela enumera 11 metrópoles como pontos de comando na organização da economia mundial: Nova York, Londres, Tóquio, Paris, Frankfurt, Zurique, Amsterdã, Sydney, Hong Kong, Cidade do México e São Paulo. Na entrevista a seguir, Saskia explica a inclusão de São Paulo no seleto grupo de cidades globalizadas.

Por que São Paulo é uma cidade global?
São Paulo possui uma combinação de recursos que permite às empresas gerenciar suas operações globais diretamente da cidade. A concentração maciça de infra-estrutura, a extraordinária combinação de profissionais capacitados, a longa experiência das empresas brasileiras em negociar com os mercados mundiais - todos esses fatores fazem de São Paulo um centro poderoso no gerenciamento e fornecimento de serviços especializados para operações globais.

Qual o papel de São Paulo na economia mundial?
Ela é parte de uma rede de cidades globais que representa a arquitetura organizacional do sistema econômico mundial. Seu papel particular nessa rede global é, provavelmente, duplo: em primeiro lugar, lidar com as operações das empresas estrangeiras no mercado brasileiro e com as operações das empresas brasileiras nos mercados fora do país; em segundo lugar, articular os negócios do Mercosul e, provavelmente, de toda a América do Sul e conectar a região aos vários circuitos econômicos globais.

Por estar num país em desenvolvimento, São Paulo tem papel secundário nessa rede mundial de cidades?
Sim e não. Sim, porque há uma hierarquia muito rígida no sistema, e um dos reflexos disso é a decisão das empresas brasileiras de negociar suas ações diretamente na Bolsa de Nova York, em detrimento da Bovespa. Não, porque o sistema econômico global é altamente interligado e necessita cada vez mais de uma rede de cidades globais, caracterizada por uma considerável divisão de funções.

Qual o profissional que se valoriza com esse caráter global da cidade?
É alguém que atue pela sua própria inserção nos mercados de trabalho transnacionais e que tenha formação, experiência e talento comprovado. A complexidade das operações para as empresas presentes em vários países aumenta a demanda de profissionais especializados.

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