Campanha da Adidas com o uruguaio Luis Suárez: tolerância maior com quem dá lucro (Divulgação/Adidas)
Camila Pati
Publicado em 18 de julho de 2014 às 17h58.
São Paulo – Mesmo estando suspenso do futebol profissional até outubro, o uruguaio Luis Suarez foi apresentado como o grande reforço do Barcelona, nesta semana.
O clube catalão até já começa a faturar com a venda de camisas (a 90 euros, cada) com o nome do jogador, que ganhou os holofotes da Copa do Mundo ao tascar uma mordida no italiano Giorgio Chiellini durante uma partida.
Faturamento, aliás, é o que pode explicar porque o diretor desportivo do Barcelona, Andoni Zubizarreta, declarou ontem que o Barcelona “aceita os seres humanos com todas as suas imperfeições, todas as suas falhas e com a sua capacidade de aprender com os erros".
“A gente vive um período em que a qualidade profissional da pessoa é medida pela sua capacidade de gerar renda para os outros”, diz Silvio Celestino, sócio-fundador da Alliance Coaching.
Na opinião dele, essa “habilidade” de dar lucro faz com que haja flexibilidade na tolerância com deslizes e, no caso de Suarez, dentadas em campo.
“Aquela foi a terceira mordida dele. O que garante que ele não venha a fazer isso de novo?”, pergunta o especialista.
Assim, o lucro que ele dará ao time, com suas habilidades no futebol, até agora supera as “dores de cabeça” que ele pode causar com seu comportamento, algumas vezes, irracional.
Para os “reles mortais”, tolerância é (bem) menor
Mas, não vá achando que seu potencial ou o seu enorme talento profissional vão salvá-lo de sanções caso você “morda” alguém no trabalho, ou cometa algum outro erro grave ou tenha conduta antiética.
“No mundo empresarial não dá para as pessoas terem essa mesma expectativa”, diz Celestino. As empresas mais organizadas, com missão e valores bem definidos, não costumam se apiedar nem de seus colaboradores mais brilhantes quando eles quebram as chamadas “regras de ouro”, segundo Celestino.
Ele conta já ter visto vendedores que traziam grande lucro a suas empresas serem demitidos por cometerem atos antiéticos.
“Se o vendedor corrompe o comprador, por exemplo, e a empresa descobre vai demiti-lo mesmo que ele esteja trazendo renda”, diz.
Outro caso que o especialista cita é de um executivo muito talentoso e que trazia grandes resultados para sua organização, mas maltratava as pessoas.
Lá, conta Celestino, tratar todos com educação era um valor muito importante. “Por isso, ele foi encaminhado para o processo de coaching, e, se não mudasse seu comportamento, seria demitido no fim daquele ano”, conta.
Erros graves e condutas antiéticas para médicos, psicólogos, enfermeiros, juízes, entre outras categorias, podem ser ainda menos tolerados. “Dependendo do que for, o profissional dessas áreas pode, sim, ser banido da carreira para sempre”, diz Celestino.