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Traduzir ou não traduzir? Professor de inglês explica

Antes de mais nada, é preciso entender a diferença entre traduzir, mais ao pé da letra, e o que é criar uma equivalência

Parlamento inglês - Reino Unido - Brexit (Jack Taylor/Getty Images)

Parlamento inglês - Reino Unido - Brexit (Jack Taylor/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2022 às 10h33.

Por Bruno Braga, professor de inglês há 18 anos e Coordenador Pedagógico na Companhia de Idiomas.

To translate or not to translate? That is the question.

Que Shakespeare me perdoe pela não muito honesta adaptação de uma de suas linhas mais famosas, mas quando estamos aprendendo um idioma é inevitável que, em algum momento, o questionamento nos apareça: Traduzir ou não traduzir? Eis a questão.

E para alinharmos as expectativas, já vou te deixar um spoiler: eu não tenho a resposta.

Assim como um dos preceitos da filosofia é sobre questionar mais do que responder de fato, eu também não vou (e nem poderia) me arriscar a dar uma resposta final para esta pergunta que está sempre pairando sobre a cabeça de todo aluno de idiomas. Neste artigo eu vou compartilhar com você algumas ideias, dicas e um pouco de como eu enxergo a tradução no aprendizado de idiomas para que você mesmo chegue à sua conclusão: traduzir ou não traduzir?

Antes de mais nada, vamos entender a diferença entre traduzir, mais ao pé da letra, e o que eu chamo de criar uma equivalência.

Traduzir

A tradução, por definição, não é necessariamente feita de forma literal. Há de se considerar o contexto do que está sendo traduzido, o idioma de origem, o idioma para qual o está sendo traduzido, entre outras coisas. Mas não raramente vi e vejo alunos tentando traduzir frases, expressões ou até mesmo palavras ao pé da letra. Por isso, para este artigo, eu vou chamar de tradução essa transposição literal de um idioma para o outro.

E eu definitivamente não te recomendo ter esse tipo de tradução como sua amiga. Pelo menos não o tempo todo.

Equivalência

Criar uma equivalência, por outro lado, é quando tentamos entender na língua materna uma frase ou expressão escrita ou falada em outro idioma. Falo em equivalência pois, neste caso, a ideia é você encontrar no seu idioma uma expressão equivalente àquela que você está estudando no idioma-alvo. E não, necessariamente, traduzir ao pé da letra, palavra por palavra.

E para encontrar essa equivalência, você terá que considerar, entre outras coisas, o contexto em que a palavra ou expressão se encontra.

Vamos, então, entender melhor isso na prática com alguns exemplos:

Quantos anos você tem?

Tradução literal: How many years do you have?

Expressão equivalente: How old are you?

Note que ao traduzirmos literalmente a pergunta sobre idade, acabamos criando uma frase em inglês que não faz o menor sentido. Isto acontece porque em inglês não nos referimos à idade com o verbo ter (to have), mas sim como o verbo ser/estar (to be). Logo, você não deve traduzir esta pergunta, mas sim aprender uma expressão equivalente em inglês que te leve ao mesmo caminho: descobrir a idade da outra pessoa.

Agora, vamos fazer o caminho inverso?

How old are you?

Tradução literal: Quão velho você é?
Expressão equivalente: Quantos anos você tem?
Percebeu que mesmo invertendo os idiomas, de novo, a tradução literal não deu certo?

Ponto para a equivalência. Então, vamos ver mais alguns exemplos:

Eu tenho 20 anos de idade.
Tradução literal: I have 20 years of age. (errado)
Expressão equivalente: I am 20 years old. (correto)

How tall are you?
Tradução literal: Quão alto você é? (não recomendado)
Expressão equivalente: Quanto você mede? (melhor)

Pode falar. / Pode passar. / Pode ir.
Tradução literal: You can talk. You can pass. / You can go. (não recomendado)
Expressão equivalente: Go ahead. (melhor)

How are you doing?
Tradução literal: Como você está fazendo? (errado)
Expressão equivalente: Como você está? (correto)

have a good time
Tradução literal: ter um bom tempo (errado)
Expressão equivalente: se divertir (correto)

Estes são apenas alguns exemplos simples do dia-a-dia, mas se prestarmos atenção encontraremos dezenas, talvez centenas de outros exemplos onde a tradução literal não vai dar certo. Assim como também encontraremos muitos exemplos onde ela dá certo. Mas exatamente por não funcionar sempre, como professor e como falante de inglês, eu geralmente vou recomendar evitar a tradução e buscar a equivalência.

Afinal, vai que eu traduzo tudo ao pé da letra e acabo dizendo naquela entrevista para o emprego dos meus sonhos que eu tenho total disponibilidade para malhar (work out) em horário comercial, quando na verdade eu queria falar sobre trabalhar fora (work outside), né?

E você, o que decidiu? Traduzir ou não traduzir?

Sobre Bruno Braga:

Professor de inglês há 18 anos e Coordenador Pedagógico na Companhia de Idiomas. Professor de Música por formação, possui certificação CELTA pela Cardiff and Vale College (Reino Unido) e pós-graduação em Gestão de Negócios pelo SENAC. Atua na área de idiomas desde 2004, sendo hoje responsável pelo suporte pedagógico e treinamento de professores na Companhia de Idiomas e Verbify, além de atuar como professor, com foco especial em metodologias ativas para aulas online. Dúvidas ou comentários? É só escrever no bruno@companhiadeidiomas.com.br

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