ESG: o impacto nas mudanças climáticas, no bem-estar comunitário e na transparência das ações das empresas são mais que necessidades pontuais, são uma realidade (jcomp/freepik/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2022 às 08h00.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 18h42.
Seja no Brasil, Estados Unidos, Europa, Ásia ou África: seu negócio ou o lugar onde você deseja trabalhar fazem parte de um contexto global que vai muito além das transações econômicas e de bens de consumo. O impacto nas mudanças climáticas, no bem-estar comunitário e na transparência das ações das empresas são mais que necessidades pontuais, são uma realidade e têm nome: ESG.
A sigla em inglês deriva das palavras Environmental, Social e Governance e se refere aos três pilares de uma gestão responsável, que ultrapassa a saúde financeira do empreendimento. Trata das implicações de cada organização nas esferas Ambiental, Social e de Gestão Corporativa.
A empresa passa a ser entendida como parte do mundo e da sociedade de forma ampla, não apenas econômica. É o que pode ser chamado de trabalho e geração de riqueza com propósito. Assim, a cadeia produtiva precisa se preocupar com questões como eficiência energética, impacto climático, gerenciamento de resíduos, políticas que garantam a diversidade de gênero e etnia, responsabilidade com a comunidade local, transparência de dados e canais de denúncia contra assédio, discriminação e corrupção, entre outros.
Mas não é só questão de ética ou de uma conversa altruísta: “O ponto central é a incorporação de fatores socioambientais nos investimentos para gerenciar riscos”, como afirma James Gifford, professor, economista, membros fundador e ex-diretor do Principles for Responsible Investment (PRI) - rede internacional de investidores apoiada pelas Nações Unidas (ONU) que visa o fomento a investimentos mais sustentáveis - e um dos criadores do conceito ESG.
Seja por convicção sobre responsabilidade coletiva e qual contribuição podem dar acerca dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU; seja por pressão de uma clientela mais engajada ou força do que passou a ser chamado de capitalismo de stakeholder, o número de empresas alinhadas às boas práticas de ESG vem crescendo e um bom exemplo é dado pela América Latina em 2022.
É o que indica um estudo realizado pela CIO Research + SEEKMENT e encomendado pela empresa de tecnologia SAP. Em “Sustentabilidade na Agenda das Lideranças”, as respostas de cerca de 450 executivos nos mercados da Argentina, Brasil, Colômbia e México apontam que 69% das companhias latino-americanas de médio e grande porte iniciaram ou aceleraram estratégias de sustentabilidade nos últimos meses. Em 2021, o montante correspondia a 46%.
A busca pelo termo ESG, no Brasil, praticamente triplicou em um ano, segundo levantamento do Google Trends a pedido do jornal Valor Econômico. A ferramenta ainda aponta que, mundialmente, “sustentabilidade” nunca foi tão procurada como em 2021. Dados da plataforma Semrush explanam que o país é o segundo no mundo na busca por ESG: das quase 700 mil pesquisas diárias via desktop ou mobile em toda web, cerca de 15% são geradas no Brasil.
Em 2021, a S&P Global Ratings estimou as emissões de títulos sustentáveis e de caráter ESG em 700 bilhões de dólares (cerca de R$ 3,7 trilhões – na cotação de 11.jun.2022), número 40% maior que em 2020. No mundo, os ativos ESG já passam de 35 trilhões de dólares ou, aproximadamente, R$ 187 trilhões, se considerada a mesma cotação.
Em paralelo, uma pesquisa da McKinsey, de 2020, indica que 83% dos C-level e investidores esperam que práticas de ESG contribuam para turbinar o valor das companhias. Mas falta, ainda, um maior fomento em conhecimento técnico para que as ações se tornem concretas no longo prazo