A popularização de computadores e gadgets como o iPad e os smartphones leva o trabalho para casa (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 15h00.
São Paulo - Está cada vez mais difícil atualmente restringir o horário de trabalho ao tempo que se passa no escritório. Com a popularização de gadgets como o iPad e os smartphones, levar trabalho para casa tornou-se mais fácil - e, portanto, mais comum. A obrigação de resolver problemas corporativos quando se está em casa é motivo de stress tanto para homens quanto para mulheres - mas são elas as que mais sofrem com isso. De acordo com uma pesquisa publicada no periódico Journal of Health and Social Behavior, a mulher se sente duas vezes mais culpada quando um colega de trabalho liga fora do horário comercial e 40% mais estressada do que o homem quando a vida familiar é interrompida por e-mails ou mensagens eletrônicas.
Segundo Paul Glavin, sociólogo da Universidade de Toronto, no Canadá, e responsável pela equipe de pesquisadores, o sentimento de culpa das mulheres é um dos prováveis motivos pelos quais o nível de stress delas aumenta tanto quando são contatadas em casa. “No final do dia, o único sentimento que restava era o de culpa. É aí que a angústia aparece. Os motivos pelos quais isso acontece ainda não são claros, podemos apenas especular”, diz. Um dos caminhos para evitar isso, dizem os especialistas, é deixar os aparelhos em um outro cômodo da casa. Assim, fica mais difícil que uma mensagem fora de hora atrapalhe o convívio familiar.
Sociedade - Uma das hipóteses mais prováveis para que as mulheres sejam as mais afetadas é a de que, apesar do papel feminino no mercado de trabalho ter mudado consideravelmente, algumas ainda acreditam (mesmo que inconscientemente) que o papel delas é em casa com os filhos. “É preciso fazer novas pesquisas que mensurem especificamente a relação entre as expectativas no trabalho e em casa”, diz Glavin.
Para os pesquisadores, mesmo mulheres consideradas modernas, com uma visão mais aberta do mundo, ainda têm uma construção familiar de mães e avós que foram donas de casa e viveram para cuidar dos filhos. Assim, a cada vez que elas são interrompidas enquanto passam tempo com a família, é como se estivessem sendo privadas (ou mesmo falhando) em seu dever de mãe e mulher.
Pesquisa – O estudo analisou dados de 1.042 homens e mulheres na faixa dos 40 anos, casados e com filhos. Os entrevistados tinham renda anual média de 60.000 dólares (mulheres) e 75.000 dólares (homens).