Empresas: a crescente desconexão entre funcionários e chefes vai além dos planos de retorno ao escritório (Malte Mueller/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 20h30.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 10h22.
Por Matthew Boyle, da Bloomberg
As empresas estão chamando os trabalhadores de volta aos escritórios — de novo. Mas, depois de tantas idas e vindas, os funcionários estão perdendo a confiança na capacidade de que seus gestores possam fazer isso direito.
A parcela de trabalhadores remotos que confiam em seu empregador para tomar a decisão certa ao retornar ao escritório atingiu o ponto mais baixo em 12 meses, de acordo com uma pesquisa semanal do Morning Consult. Pouco mais da metade dos entrevistados mostrou-se segura, abaixo dos cerca de dois terços que expressaram confiança nos últimos meses.
O Bank of America, o Citigroup e o Credit Suisse estão entre as grandes empresas que trarão seus funcionários de volta aos escritórios dos Estados Unidos nas próximas semanas, conforme a situação do coronavírus melhorar. Os anúncios vêm algumas semanas após muitas empresas darem aos funcionários mais liberdade para trabalhar de casa no final de 2021, quando a variante ômicron surgiu, criando um efeito chicote. Outros empregadores, como a Apple, adiaram seus retornos ao escritório indefinidamente. À medida que os locais de trabalho se preparam para o terceiro ano da pandemia de covid-19, especialistas dizem que uma coisa é clara: fazer planos firmes é um tiro no escuro.
“Dado que muitas empresas mudaram e cancelaram as datas de reabertura, não é surpresa que os trabalhadores remotos estejam se sentindo desconfortáveis sobre quando serão chamados de volta aos escritórios”, disse Joanna Piacenza, chefe de inteligência da Morning Consult. “Os empregadores estão, atualmente, enfrentando um equilíbrio quase impossível de cumprir os cronogramas de reabertura que anunciaram em 2021, ao mesmo tempo que estão atentos aos níveis de conforto e saúde de seus funcionários.”
A crescente desconexão entre funcionários e chefes vai além dos planos de retorno ao escritório. Quase três em cada quatro executivos acreditam que estão sendo “muito transparentes” em relação às políticas de trabalho remoto, mas menos da metade dos funcionários concorda com isso, de acordo com uma pesquisa recente com mais de 10.000 trabalhadores qualificados. O cinismo tem suas consequências: os trabalhadores que não acham que seus gestores estão se equiparando a eles têm duas vezes mais chances de procurar um novo emprego, aponta o levantamento do Future Forum, um consórcio de pesquisa criado pela Slack Technologies.
Uma razão para a crescente desconfiança pode ser a falta de comunicação. Por exemplo, na semana passada, 42% das empresas disseram à Gartner, consultora sobre local de trabalho e pesquisa, que não tinham comunicado nada aos funcionários sobre a decisão de 13 de janeiro da Suprema Corte dos EUA, que rejeitou a exigência do presidente Biden de que grandes empresas implementassem exigência de vacina ou testes periódicos. Para Brian Kropp, chefe de pesquisa de RH da Gartner, a situação pode ser resultado de dois anos de políticas erráticas que deixaram empregadores e funcionários exaustos.
“É muito mais difícil para os empregadores motivar seus funcionários agora”, disse ele.