Maternidade: as mulheres muitas vezes se afastam da carreira porque o trabalho não remunerado se torna mais exigente (Tuan Tran/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2019 às 15h00.
Última atualização em 11 de abril de 2019 às 15h00.
Nova York - Bebês são fofos. São afáveis, geralmente cheirosos e, vamos combinar, são necessários para a sobrevivência da raça humana. Mas para as mulheres, a chegada de um bebê coincide com um evento econômico significativo: o momento em que o poder aquisitivo feminino começa a diminuir em relação aos colegas do sexo masculino.
No início de carreira, a renda de homens e mulheres é praticamente equivalente. Quando ambos os gêneros têm mais ou menos 45 anos, as mulheres ganham em média 55% do salário dos homens.
Claudia Goldin, professora de economia da Universidade de Harvard e especialista em disparidade salarial entre gêneros, diz que a maior parte dessa diferença, não toda, pode ser atribuída a mulheres que trabalham pelo menos um pouco menos do que os homens.
Ou trabalham menos por salário: sua pesquisa aponta que as mulheres muitas vezes se afastam da carreira porque o trabalho não remunerado, cuidar de uma criança, se torna mais exigente.
Em um estudo feito por alunos de MBA da Universidade de Chicago por 15 anos, Goldin e seus colegas descobriram que a diferença salarial começa a aumentar um ou dois anos depois que a mulher tem seu primeiro filho. “Essas mulheres são extraordinariamente motivadas e dedicadas ao que estão fazendo”, disse. “Elas dão o máximo que podem, mas em algum momento, as demandas do lar realmente chegam.”
Em sua segunda temporada, o premiado podcast da Bloomberg, “The Pay Check”, está analisando detalhadamente o que acontece com as carreiras das mulheres quando têm filhos e o que acontece com a economia global se decidirem não ter. Embora cerca de 70% das mulheres trabalhem fora nos EUA, elas ainda fazem muito serviço de casa. Segundo uma pesquisa da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas, as mulheres gastam mais tempo em casa cuidando de filhos do que os homens. Elas também gastam mais tempo em tarefas domésticas, como limpar e lavar roupa.
Essas responsabilidades a mais muitas vezes fazem com que as mulheres limitem o tempo para os empregos remunerados. O esforço das mulheres para lidar com essas demandas conflitantes é frequentemente confundido com falta de dedicação ou ambição na carreira. Essa percepção também contribui para a disparidade salarial entre gêneros, diz Goldin.
E quando os salários das mulheres diminuem dessa maneira, a dinâmica de poder com um parceiro começa a mudar. Em um casal, faz sentido financeiramente para um dos pais, que tem uma profissão, estar disponível para trabalhar essas longas horas e colher os dividendos financeiros, mas isso aumenta as responsabilidades do parceiro em casa. Normalmente, o parceiro profissional acaba sendo o homem.
Para as mulheres que não têm filhos, diz Goldin, a disparidade salarial entre gêneros é muito menor. E para as mulheres que têm, essa disparidade começa a diminuir à medida que se aproximam do fim da carreira, quando os filhos saem de casa ou são geralmente mais independentes.