Mulher executiva em montanha (RyanKing999/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 8 de março de 2020 às 06h00.
Última atualização em 9 de março de 2020 às 14h55.
São Paulo - Das empresas de capital aberto do Brasil, apenas 16,9% possuem ao menos duas mulheres em seus conselhos de administração, revela estudo “Mulheres na Liderança” da Teva Indices.
O levantamento foi encomendado pelo Women on Board (WOB), iniciativa independente apoiada pela ONU Mulheres que procura estimular a participação feminina nos cargos mais altos da liderança.
Considerando os 1.854 assentos em conselhos das 272 empresas participantes no estudo, somente 10,8% são ocupados por mulheres.
Quando se debate a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, a presença das profissionais na liderança é um ponto crucial para trazer mudanças dentro das empresas.
Mesmo com a grande presença de mulheres no mercado de trabalho, são poucas as que avançam na carreira para cargos mais altos e que colocam suas visões nas salas onde as grandes decisões são tomadas.
“Eu acredito no poder da diversidade. Ter pessoas com experiências e pensamentos distintos é essencial para uma compreensão de cenário mais abrangente, principalmente no aspecto humano e na capacidade de empatia e de escuta”, comenta Tatiana Sereno, participante da alta liderança e diretora de Recursos Humanos da Diageo no Paraguai, Uruguai e Brasil.
A empresa, dona de marcas de bebidas com Johnnie Walker, Smirnoff e Ypióca, possui 50% de seu conselho em Londres formado por mulheres e 50% da alta liderança no Brasil também.
Mesmo que o mercado de bebidas alcoólicas tenha uma imagem masculina, as mulheres têm avançado na empresa: 39% dos 718 funcionários e 46% das lideranças são mulheres.
Em 20 anos de carreira, a diretora da Diageo é formada em Psicologia e cuidou da área de Recursos Humanos em empresas como Unilever, Philips, Mars e Avon.
Para ela, chegar ao cargo foi o resultado de escolhas estratégicas ao longo de sua jornada, tomando decisões que proporcionaram experiências variadas.
“Isso fez toda a diferença para eu entender as situações de vários ângulos, desenhar soluções criativas, inovadoras, além de engajar e inspirar pessoas”, diz ela.
De acordo com o estudo da Teva Indices, a maior parte das conselheiras de empresas são formadas em Administração (23%), Direito (15%), Engenharia (15%) e Economia (13%). A idade média delas é de 53 anos, contra 59 anos para homens. Das eleitas para o cargo, 61% conseguem a reeleição; entre homens o percentual é de 71,2%.
No mundo, as mulheres representam 47% do quadro de apoio e 42% dos cargos de nível profissional, mas apenas 29% e 23% dos cargos de nível sênior e executivo, respectivamente, segundo o relatório global da Mercer “When Women Thrive 2020”. A pesquisa consultou 1.157 organizações de 54 países, incluindo o Brasil.
No lado mais positivo, a pesquisa revela que 72% das empresas têm equipes que analisam equidade de pagamento e 64% monitoram a representação de gênero nas equipes.