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Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2013 às 12h05.
São Paulo - A análise de expressões faciais para ler emoções é um tema bastante explorado pela ficção, como na série de TV Lie to me, cujo personagem principal (Cal Lightman) tem a missão de usar seu conhecimento em leitura de microexpressões e linguagem corporal para auxiliar investigações.
A técnica utilizada por Lightman tem bases reais, na teoria de Facial Action Coding System (FACS, Sistema de Codificação de Ações Faciais), e pode ser utilizada não só em casos policiais e na publicidade, mas até para quem se candidata a uma nova oportunidade de trabalho.
Com base na teoria de que as expressões faciais e gestos traduzem emoções do interlocutor, inclusive se ele está mentindo, o programa de computador Face Reading já é usado por alguns recrutadores em entrevistas de emprego.
“O programa de reconhecimento facial gera relatórios de acordo com as emoções captadas e o recrutador vai analisar se as emoções relatadas condizem com o que o candidato fala no momento”, explica o empresário Wanderson Castilho, que trouxe o software dos Estados Unidos em julho de 2010.
A consultoria Employer deve adotar o sistema já no próximo semestre. “Desde o ano passado, já utilizávamos técnicas para detectar mentiras de candidatos mesmo sem o equipamento", diz Marcos Aurélio Abreu, presidente da empresa.
Como o sistema funciona
Para chegar à análise final das expressões do candidato, primeiro o sistema grava a reação da pessoa diante de perguntas básicas como nome, profissão e idade, para identificar o padrão facial do entrevistado. Quando ele alterar o padrão de expressões faciais diante de perguntas mais relevantes, como a fluência em línguas ou a causa da última demissão, o recrutador poderá avaliar o que a emoção demonstrada diz sobre o candidato.
De acordo com Abreu, alguns sinais já indicam que os candidatos podem não estar falando a verdade como olhar sempre para baixo, piscar e engolir saliva com mais frequência, ruborizar a orelha, entre outros. “O uso do software, no entanto, deverá identificar com mais precisão esse tipo de comportamento”, diz.
Na Employer, o sistema deve ser utilizado principalmente, segundo Abreu, para cargos de confiança e alta gerência. “Quanto maior o cargo, maior o risco, por isso é indicado ter uma ferramenta a mais para auxiliar o selecionador a avaliar mentiras em perguntas essenciais”, afirma.
Avaliação ou inibição?
Diante da possibilidade do entrevistado ficar constrangido com a gravação das respostas e o sistema de detecção de mentiras, o professor de Gestão em Recursos Humanos da Veris IBTA Cristiano Rosa afirma que a ferramenta é apenas mais uma fase no processo seletivo, assim como outros questionários que apontam o perfil do candidato e pode ser utilizado.
“É claro que técnica não pode ser a única avaliação do comportamento ou o ‘voto de minerva’", ressalva. "Caberá ao recrutador analisar se as emoções são comuns a qualquer entrevistado ou se identifica algum perfil que não é desejado”.