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Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2013 às 15h24.
São Paulo - Profissionais liberais, autônomos e comissionados estão acostumados a receber valor diferente de salário todo mês. Se você é como eles e sempre fica preocupado porque não sabe se a sua grana será suficiente para pagar as contas, tenha calma. Com disciplina e organização é possível pagar todas as despesas, poupar dinheiro e conquistar seus objetivos.
Prova disso é que muita gente vive sem saber qual vai ser o salário do próximo mês. No Brasil, há 18,6 milhões de profissionais autônomos, o que representa 20,2% da população ocupada, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2008, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.
O primeiro passo para se dar bem é identificar qual é sua renda média mensal. Some todos os rendimentos do último ano e divida por 12. “Quanto maior o período analisado maior a previsibilidade e mais fácil será planejar sua vida”, diz Elaine Toledo, consultora financeira, de São Paulo. Identifique em qual época seus rendimentos são muito maiores ou menores do que a média que você costuma receber e evite surpresas.
Conhecer qual mês você paga mais contas também é essencial para não se endividar. Aproveite os momentos em que o salário estiver em alta para formar uma reserva financeira. Não assuma dívidas baseando-se nos rendimentos máximos. É importante se comprometer apenas com gastos que você pode cortar quando for necessário, por isso é bom evitar o uso abusivo do crédito.
Se você tem uma empresa, não misture a conta corrente pessoal com a da companhia. “Organize o fluxo para ter perfeita noção do rendimento médio do negócio”, diz o consultor Humberto Veiga. E não se empolgue com os bons resultados do negócio. Sem reservas, quando o período de baixa vier, pode haver dificuldade para pagar as despesas fixas.
Rumo à independência
A professora carioca Flávia Florência Muniz, de 27 anos, dá aulas de português e espanhol em uma escola de idiomas do Rio de Janeiro. O maior desafio dela é lidar com a instabilidade financeira, já que recebe apenas por hora lecionada. “Se meus alunos cancelam a aula, não recebo nada.”
Em abril deste ano, seus rendimentos chegaram a 1 000 reais. Em maio do ano passado bateram em 3 000 reais. O problema é que ela não sabe o que vai acontecer no mês seguinte. Janeiro e fevereiro são períodos em que ela recebe menos porque a maior parte dos alunos está de férias.
“Como recebo 13º salário no fim do ano, aproveito para pagar os gastos de janeiro e fevereiro”, diz. Apesar de morar com os pais, Flávia tem gastos fixos como o estacionamento para o carro dos pais, a faculdade e o combustível, que somam 700 reais.
Todos os meses, ela investe 100 reais em previdência privada. Flávia também investe em CDBs, nos quais estão aplicados 12 000 reais, e em fundos de ações, no qual tem 3 000 reais. O maior objetivo na vida de Flávia é conseguir sua independência financeira. Os analistas recomendam que, para começar a desenhar sua independência, ela acumule o equivalente a um ano de seus gastos mensais.
O que diz o especialista
• Flávia deve criar uma regra para que os alunos paguem as aulas que não forem canceladas com antecedência.
• Só deve continuar aplicando em CDB se tiver um objetivo de curto prazo, como a compra de um carro.
• Flávia pode começar a investir em fundos de ações com valores pequenos, a partir de 100 reais.
Poupança prévia
Viver com um salário instável não é nada fácil. Veja o caso da gaúcha Roberta Rocha, de 27 anos. Em novembro de 2009, ela recebeu uma proposta para assumir o cargo de supervisora de vendas na empresa Oxigênio, distribuidora de gases medicinais, em São Paulo. Roberta chegou à capital paulista em janeiro deste ano.
Com a saída de Porto Alegre, ela interrompeu a faculdade de processos gerenciais e viu seu salário mudar. Agora, a remuneração dela varia de acordo com as vendas e não há um piso salarial fixo. O salário de Roberta já oscilou entre 900 e 1 500 reais. Seus custos fixos somam cerca de 1 000 reais por mês, mas ela não consegue economizar. “Às vezes sobram 300 reais”, diz.
A perspectiva é que até o fim do ano sua renda alcance 5 000 reais, quando o trabalho dela terá reflexos no faturamento da companhia. Ela quer voltar a estudar e acredita que vai gastar cerca de 9 000 reais com as mensalidades do curso, que deve durar um ano e meio. Ela também pretende comprar um carro seminovo no valor de 18 000 reais.
O que diz o especialista
• Ela não tem reservas financeiras e precisa poupar pelo menos 100 reais todo mês.
• Antes de ter uma reserva, ela deve esquecer o carro.
• Roberta não deve se fixar na perspectiva de que seu salário vai ficar maior no fim do ano, assim evita fazer dívidas pensando em um dinheiro que ainda não tem.
Vida financeira saudável
O corretor de imóveis Eduardo Canova, de 23 anos, é autônomo e trabalha para uma imobiliária em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Ele recebe um salário médio anual de 90 000 reais. “Tem meses que chego a receber 10 000 reais, mas já cheguei a ficar três meses sem receber nada.”
Mesmo com salário instável, o corretor aprendeu a organizar a vida financeira e hoje faz o possível para comprar tudo à vista. Ele mora no apartamento da namorada e tem dois imóveis que comprou na planta, usando as comissões das vendas já realizadas. “Agora, estou economizando para comprar um apartamento de 600 000 reais.”
O corretor gasta entre 2 000 reais e 3 000 reais por mês e investe o restante, em média 3 000 reais, em caderneta de poupança, na qual já estão aplicados 29 000 reais. Ele também tem 6 000 reais investidos em ações. Para pagar o imóvel, o corretor pretende dar 250 000 reais de entrada.
Para isso quer vender um dos imóveis, no valor de 150 000 reais, e usar os 35 000 reais que tem guardados. Segundo os especialistas, Eduardo deve juntar mais dinheiro e comprar o apartamento à vista.
O que diz o especialista
• Adie a compra do imóvel, junte dinheiro e pague à vista.
• Deixe o dinheiro na poupança, para ter uma reserva de emergência.
• Reserve pelo menos 200 reais por mês para um plano de previdência.