Executivo com bom marketing pessoal (wgmbh/Thinkstock)
Claudia Gasparini
Publicado em 14 de abril de 2017 às 06h00.
Última atualização em 14 de abril de 2017 às 18h08.
São Paulo — O carisma é uma daquelas características pessoais que intrigam os especialistas em comportamento. O magnetismo sutil que destaca certas pessoas da multidão — e pode ter grande impacto sobre o seu sucesso profissional — parece ter algo de inexplicável.
Sobre um ponto, porém, não há dúvidas: contrariando senso comum, o estranho charme de figuras como Winston Churchill, Audrey Hepburn ou Mahatma Gandhi não é uma qualidade que vem de nascença. Ou pelo menos não só.
Segundo Richard Wiseman, professor de psicologia da Universidade de Hertfordshire e estudioso do tema, o carisma é 50% inato e 50% treinado. Sim, isso mesmo: qualquer pessoa pode tomar atitudes para desenvolver o seu próprio magnetismo social.
Em artigo para o jornal “The Guardian”, o psicoterapeuta Richard Reid explica como fazer isso. “Muitas vezes, nós já incorporamos algumas das qualidades [que caracterizam o carisma], tais como presença, afabilidade e autoridade”, escreve ele. “Ajustes na sua linguagem corporal e na sua forma de falar e escutar, se praticados regularmente, podem virar hábitos e tornar você mais carismático”.
Pode até soar surpreendente, diz Reid, mas fazer isso é muito fácil — basta tomar consciência sobre alguns mecanismos tipicamente humanos.
Chega a ser intuitivo: pessoas que não fazem contato visual, ficam de braços cruzados e sorriem pouco são percebidas como frias, nervosas ou desinteressadas pelas demais. Evitar esses sinais já faz grande diferença para a sua imagem profissional e para a percepção geral sobre o seu nível de carisma.
Outro exemplo bastante simples está ligado à sua postura antes de um encontro profissional. “A forma como você imagina as situações de antemão influencia o seu grau de carisma naquele dia”, afirma o especialista. “Se você se convenceu de que uma reunião será desconfortável, isso inconscientemente será refletido na sua linguagem corporal, e as outras pessoas serão menos atraídas por você”.
A solução? Ir para encontros com o objetivo de aprender mais sobre o outro. Isso significa se abrir para uma escuta genuína do que a pessoa à sua frente tem a dizer. Além de eliminar a pressão sobre a sua performance, isso criará um laço mais profundo entre vocês.
Reid dá outros conselhos para quem quer treinar o próprio carisma e usar esse magnetismo para atrair oportunidades profissionais. Veja a seguir:
1. Demonstre interesse sincero pelo outro
Pessoas vistas como carismáticas costumam ser delicadas e atenciosas. Se você quer ser percebido dessa forma, demonstre curiosidade pela vida dos demais, faça perguntas, escute as suas queixas e preocupações e lembre-se de detalhes sobre conversas que já tiveram. Sorrisos falsos não funcionam, é claro — a sua solicitude precisa refletir um desejo real de contribuir para a vida do outro.
2. Fale da forma mais clara possível
Treinar suas habilidades de comunicação também pode garantir mais “charme”. A dica de Reid é praticar uma boa dicção, inserir pausas estratégicas nas suas falas e caprichar em metáforas, histórias e até piadas. Quanto mais rico, colorido e compreensível for o seu discurso, mais ouvidos (e corações) você vai conquistar.
3. Demonstre convicção e nunca abandone o bom humor
Pessoas carismáticas nunca vacilam nas suas exposições orais. Elas parecem realmente acreditar no que estão dizendo, e se expressam de forma apaixonada. Outra característica que as diferencia é a capacidade de se divertir enquanto estão com outras pessoas: elas sorriem, fazem brincadeiras e compartilham boas risadas. Tudo isso pode ser treinado e incorporado à atitude de qualquer pessoa, garante Reid.
Em tempo: vá com calma. Não é possível se tornar mais carismático da noite para o dia — e nem é recomendável. Além de ser menos agressivo para você, um progresso lento na direção desse objetivo fará com que a nova característica se integre de forma mais natural à sua personalidade.