Fábrica da Termomecânica, siderúrgica de São Bernardo do Campo: setor continua contratando (Ricardo Correa / VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2013 às 12h19.
São Paulo - No primeiro semestre do ano, as mineradoras e as siderúrgicas contrataram mais gente do que as montadoras e as fabricantes de eletroeletrônicos juntas. Enquanto as primeiras criaram 7.000 empregos, as fábricas de carros, caminhões, linha branca e eletrodomésticos empregaram pouco mais da metade desse total.
"Olhando esse quadro, percebe-se que a demanda interna por aço e minérios, insumos para a área de infraestrutura, não desacelerou, o que dá maior otimismo para os próximos meses", diz Marcelo Arnosti, economista-chefe da gestora de fundos BB DTVM, com base na sondagem da indústria feita pela Fundação Getulio Vargas, publicada no mês passado.
O resultado surpreendeu os analistas de mercado, que temiam uma redução na geração de vagas nos setores devido ao menor crescimento da China no primeiro trimestre do ano, ante o mesmo período de 2011. O país asiático é o maior cliente das commodities brasileiras.
A desaceleração da economia chinesa não foi suficiente para diminuir o apetite da China por aço e minérios brasileiros. "Nós continuamos bastante confiantes no futuro da China e achamos que todo um país ainda precisa ser construído", diz Murilo Ferreira, presidente da Vale. Na avaliação do executivo, a China não está exuberante, mas está muito bem. Para você, significa dizer que as mineradoras vão seguir recrutando.
Um levantamento feito pela VOCÊ S/A no início do ano com as sete grandes empresas de siderurgia e mineração apontou que juntas elas pretendiam recrutar 9.500 funcionários este ano. A mineradora Vale, sozinha, anunciou que contrataria 8.100 profissionais do nível operacional, especialistas de todas as áreas e engenheiros.
De acordo com Maria Gurgel, diretora global de recursos humanos da Vale, 54% dessas vagas já foram preenchidas até o fim de maio, e a expectativa é seguir recrutando no segundo semestre. Atualmente, a companhia enfrenta dificuldades para encontrar gente da área de projetos de capital, responsável pela avaliação de novos negócios.
"Temos em nosso portfólio muitos projetos no mundo, como expansões de minas, aumento de capacidade de ferrovias, e esse profissional é mais crítico porque o disputamos com empresas de construção civil e outras do mesmo ramo", diz Maria.
As mineradoras e as siderúrgicas sofrem com a concorrência de outros setores que acenam com melhores salários, como óleo e gás, energia e financeiro. A remuneração média inicial para recém-formados na siderurgia é de 3.000 reais, chegando a 10.000 reais para quem tem dez anos de experiência.
"A Petrobras, por exemplo, é a grande empregadora de engenheiros. Com os projetos do pré-sal, essa concorrência está ainda mais agressiva", diz Horacídio Leal Barbosa Filho, diretor executivo da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração. Para quem abandonou esses setores ou busca emprego em outra área talvez esteja na hora de repensar a estratégia, pois a oferta de vagas é grande. Como a disputa por profissionais é intensa, mineradoras e siderúrgicas têm pago bons salários.