Robô: como competir com eles no mercado (Paul Hanna/Reuters)
Camila Pati
Publicado em 24 de agosto de 2017 às 06h00.
Última atualização em 25 de agosto de 2017 às 11h14.
São Paulo – O receio do impacto da automatização no mercado de trabalho é tão grande que já há até um site que mostra qual a probabilidade de um robô roubar o seu emprego de acordo com a profissão que você tem.
Se você trabalha com telemarketing, por exemplo, a chance de ter seu posto de trabalho preenchido por uma máquina em futuro próximo é de 99%, segundo o site “Will robots take my job?” (os robôs vão roubar o meu emprego?).
Desde o boom da internet nos anos 1990, pesquisadores e especialistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma das instituições de ensino e pesquisa mais bem conceituadas do planeta, tentam prever o rumo e o impacto das transformações tecnológicas na vida e no trabalho dos humanos. Mas, se há alguma certeza e a de que tudo é incerto.
“A gente parte do pressuposto de que não temos noção do grau de transformações que vamos ter”, diz Maria Alice Frontini, presidente da MIT Sloan Club do Brasil, o clube dos ex-alunos brasileiros da instituição. No começo deste mês, Maria Alice, participou do Empower Summit, realizado pela consultoria Empodere-se, e falou justamente sobre as habilidades necessárias aos profissionais do futuro.
O pior dos mundos para um profissional, diz ela, é achar que ele sabe tudo. Confira as habilidades que, segundo Maria Alice e também Gabriel Coelho, fundador e CEO da Empodere-se, tornam um profissional insubstituível por máquina.
Aprendizado contínuo
Nesse grau de incerteza, os estudos do MIT, diz Maria Alice, apontam para a capacidade de aprendizado contínuo como habilidade fundamental. Uma pesquisa recente realizada pelo ManpowerGroup vai na mesma linha e conclui que é a continuidade da aprendizagem a chave da empregabilidade.
Por isso, funções que demandam tarefas repetitivas que pouco ou nada mudam são as mais ameaçadas pela inteligência artificial. “Tudo o que tiver um histórico que permita a criação de padrões é passível de ser substituído por robô”, diz Gabriel Coelho, da Empodere-se.
Resolução de problemas complexos
Enxergar que há algo que não vai bem, investigar qual é o problema e então trabalhar na sua solução é um ponto forte dos humanos em relação aos robôs, segundos os entrevistados.
A nós restarão os problemas mais complexos para resolver, aqueles que demandam a mais alta capacidade analítica, tendo em vista de que a lógica básica pode (e vai) ficar a cargo das máquinas, segundo a presidente do MIT Sloan Club do Brasil.
Mais do que ameaça aos pontos de trabalho, os robôs são nossos aliados na busca do aumento da produtividade, segundo os dois entrevistados. Como também já afirmou a presidente da Microsoft no Brasil, Paula Bellizia, em artigo no LinkedIn, espera-se a integração entre humanos e máquinas e não desemprego em grande escala.
Habilidades sociais
A conclusão dos pesquisadores do MIT, Andrew McAfee e Erik Brynjolfsson, é a de que não é a criatividade e, sim, as chamadas habilidades sociais que vão compor o papel humano no trabalho frente à inteligência artificial e machine learning.
No estudo, eles provam com exemplos de aplicação na área de design de produtos, que as máquinas podem até ser melhores do que humanos para criar coisas novas e, assim, derrubam por terra a ideia de que a criatividade é o grande trunfo humano.
A nossa vantagem competitiva em relação às máquinas está, na verdade, intimamente ligada à nossa capacidade de relacionamento interpessoal e de trabalho em equipe. Você já viu um robô emotivo e/ou com traquejo social?
São as emoções que nos diferenciam e Deb Roy, também pesquisador do MIT, lista a compaixão, orgulho, vergonha, inveja, justiça e solidariedade como exemplos de características exclusivamente humanas. A consciência social, uma das vertentes da inteligência emocional, é justamente a habilidade de fazer a leitura desses sentimentos não só em si mesmo, mas nos outros.
É inegável que líderes que têm essa consciência conseguem tirar o melhor da equipe. Nesse contexto, Coelho cita a empatia. De acordo com ele, é fundamental na resolução de problemas entender quem são os envolvidos na questão e como eles se sentem em relação a isso.