Carreira

Responsável por playlists do Spotify explica o que é necessário para ter esse emprego

O responsável por montar as playlists do Spotify, Bruno Telloli, de 30 anos, conseguiu seu emprego dos sonhos por acaso

Bruno Telloli (Spotify Brasil)

Bruno Telloli (Spotify Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2015 às 06h16.

Se você gosta de música, provavelmente já sonhou em trabalhar com isso. Aliar prazer e necessidade é o que a maioria das pessoas deseja em suas carreiras.

Bruno Telloli, de 30 anos, conseguiu o emprego dos sonhos. Ele atuava há muito tempo na área musical, e acabou assumindo o posto de responsável por montar as playlists do Spotify.

INFO conversou com Telloli para saber como conseguir uma vaga como a sua e também entender como ele monta as playlists do serviço de streaming. Leia a íntegra da entrevista abaixo:

O que é preciso para ser o curador de playlists do Spotify, que é um emprego dos sonhos para muita gente?

É engraçado, porque eu tenho um primo que acabou de entrar na faculdade e me perguntou a mesma coisa. Mas não existe uma formação específica. Eu sou formado em publicidade e aconteceu de eu sempre trabalhar com música e ficar nesse meio.

O que me levou a hoje a ser a pessoa responsável pelas playlists do Spotify foi o fato de saber fazer a curadoria, de entender a cabeça do usuário que curte música no Brasil, de prever o que ele vai querer ouvir, do que ele vai gostar. E por estar sempre antenado e conectado com o que está acontecendo.

Qual a importância de se ter playlists no Spotify?

Eu acho que o Spotify vive um momento que a gente quer participar do dia a dia do usuário. E a gente consegue isso por meio das playlists. Então a gente tem playlists para diferentes atividades, diferentes partes do dia, e desse jeito a gente consegue ter a trilha perfeita para o momento certo do usuário.

A função da playlist também é mostrar para o usuário que existem diversos artistas no mundo da música aos quais ele talvez não tenha acesso, e isso funciona. O usuário do Spotify espera um pouco dessa curadoria, é a coisa do “o que você vai me mostrar de novo”?.

Meu papel é tentar introduzir da melhor maneira uma nova música, um novo artista, pesquisar o que está acontecendo.

E há alguma playlist bacana a caminho ou recém-lançada?

Uma coisa que a gente quase não divulgou ainda é a playlist para as pessoas ouvirem enquanto pintam livros de colorir. E aí entrou a criatividade, porque eu pensei se faríamos algo para as pessoas relaxarem ou algo criativo.

E decidi criar uma playlist em que todas as músicas possuem cores em seus nomes. Uma delas, por exemplo, é a Pink, do Aerosmith. Mas há músicas brasileiras e internacionais.

Qual a métrica utilizada para a criação das playlists?

A primeira coisa que a gente pensa na hora de criar a playlist é “aquela música vai servir para o usuário fazer o quê? O que vai agregar para ele?”. Então a gente pensa para o que vai servir a playlist e também informações sobre o que os usuários estão ouvindo, de acordo com determinada faixa de idade, sexo, ou parte do dia, por exemplo. E aí a gente monta a playlist baseado naquelas informações.

Mas também tem o lado humano da curadoria, de introduzir algumas coisas que você sabe que vai funcionar para aquela atividade – porque você sabe que as pessoas estão comentando na internet ou viu em algum lugar. As métricas são essas: tem o lado tecnológico e o lado humano.

E se você descobrir uma música nova na internet ou em outro lugar, que ninguém ainda tenha ouvido, você pode colocá-la em uma playlist?

A parte mais trabalhosa é separar o gosto pessoal do profissional. Você ouvir aquilo e falar “é bom, vai agradar alguém”, e colocar na playlist. E foi o que eu disse, os usuários esperam que o Spotify mostre coisas novas para eles.

Uma vez, por exemplo, a gente colocou uma música de um rapper desconhecido de São Paulo, chamado Marcelo Gugu – que pe u não está na TV e nem no rádio – em uma playlist. No dia seguinte, ela estava no Top 50 das mais compartilhadas. Uma semana depois, outras três músicas do mesmo artista entraram nesse ranking. É um jeito também de dar suporte aos novos artistas.

Como você define o que é tendência para colocar nas playlists?

Pesquisando na internet, frequentando shows – inclusive às vezes você vai para ver uma banda e acaba descobrindo outra, descobre que ela já tem um público legal – e lendo. Leio sobre o mercado e pesquiso qual artista está crescendo em qual país.

Artistas pequenos também têm vez. Duas bandas que ficaram conhecidas por participar do Superstar [programa musical da Rede Globo] já estavam em playlists do Spotify há algum tempo exatamente por terem ficado no nosso radar. São elas Supercombo e Scalene.

Como você escolhe qual playlists destacar no Spotify?

Depende da hora do dia e do dia da semana, a rotatividade é alta. Mas todas ficam disponíveis para ouvirem depois.

E quais fazem mais sucesso aqui no Brasil?

Uma que faz muito sucesso é a chamada “Quinta é quase Sexta”.

E fizeram algo especial para comemorar o primeiro ano do serviço em terras brasileiras?

Para um ano a gente criou a playlist com as 100 músicas mais tocadas na história do Spotify Brasil.

Alguma playlist em particular foi um desafio para você criar?

Pelo fato de o Brasil ter uma diversificação tão grande de estilos musicais, as playlists nacionais são as mais difíceis de fazer. Mas, ao mesmo tempo, é legal pesquisar, ir atrás, conhecer muita coisa nova.

A barreira de que música é algo muito particular pode ser superada de qual forma na hora de criar uma playlist?

Pensando na atividade que o usuário está fazendo em determinado momento do dia. É claro que por alguns artistas e músicas você já sabe que o usuário tem um carinho especial, mas dentro da plataforma a gente tenta quebrar essa barreira mostrando que existem outros artistas além dos mais conhecidos.

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