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Requalificação, o grande desafio do futuro do trabalho, chega a Davos

Pesquisa do Fórum de Davos com a PwC revela que o investimento na requalificação da mão de obra poderia trazer um ganho no PIB global de 6,5 trilhões de dólares

 (Moyo Studio/Getty Images)

(Moyo Studio/Getty Images)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2021 às 17h06.

Nesta quinta-feira, 28, um dos maiores desafios para o futuro do trabalho entra em debate no Fórum Econômico Mundial, realizado nesta semana de maneira virtual em função da pandemia: como capacitar a mão de obra para os empregos do futuro?

Com o tema Skilling the Global Workforce (algo como "ensinando a força de trabalho global, numa tradução livre), dois painéis discutem como governos e empresas podem colaborar de maneira mais robusta para um treinamento contínuo da mão de obra global após o choque profundo causado pela pandemia colocar de cabeça para baixo o ambiente corporativo.

Entre os convidados estão nomes de instituições na vanguarda do capitalismo mundial, como Angel Gurría, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube de nações de renda alta, Jonas Prising, principal executivo da consultoria de recrutamento e seleção ManpowerGroup e Frida Polli, fundadora da Pymetrics, empresa de tecnologia dedicada ao emprego de inteligência artificial e neurociência na tentativa de remover vieses na seleção de pessoas para o mercado de trabalho.

Num cenário em que empresas prometem estender o home office ou adotar o trabalho híbrido (parte presencial, parte em casa) mesmo após a vacinação em massa, especialistas estão às voltas com dúvidas do tipo: que treinamento a mão de obra precisa para ser produtiva trabalhando de qualquer lugar?

Segundo o relatório Future of Jobs 2020, do próprio Fórum Econômico Mundial, metade de todos os trabalhadores do mundo vão precisar de requalificação até 2025. Entre as 15 habilidades mais requisitadas pelo mercado de trabalho do futuro, segundo o relatório, estão competências técnicas, como programação e experiência de usuário, com habilidades socioemocionais, como criatividade, liderança, pensamento analítico e inteligência emocional.

A janela de oportunidades para treinar a força de trabalho pode estar ficando mais estreita por causa da crise econômica causada pela pandemia – afinal, com receitas em perigos numa economia global numa das fases mais incertas da história, como as empresas conseguirão investir recursos em treinamentos de sua mão de obra?

Segundo o relatório, que ouviu a liderança de 291 grandes empresas em 24 países, inclusive o Brasil,  43% dos entrevistados esperam reduzir sua força de trabalho nos próximos anos, fatia superior aos 34% com planos de expandir o quadro de funcionários para integrar novas tecnologias.

Segundo Andrew McAfee, co-diretor do MIT Initiative on the Digital Economy, fórum de estudos da prestigiada universidade de tecnologia dos Estados Unidos, em palestra no primeiro dia do Fórum de Davos de 2021, a lacuna de habilidades digitais é um dos desafios mais urgentes para os governos, negócios e trabalhadores.

O risco não é somente de a automação acabar com as vagas de emprego, mas de uma mudança nas competências exigidas pelo mercado afetar todas as profissões. Na área de tecnologia, por exemplo, que já tem uma demanda de mão de obra muito superior à oferta no mundo todo, diversas empresas já se atentaram para o problema e buscam novas soluções para capacitar seus futuros empregados.

Uma pesquisa do Fórum com a consultoria PwC revela que o investimento de empresas junto ao setor público na requalificação em larga escala da mão de obra poderia trazer um ganho no PIB global de 6,5 trilhões de dólares e levar à criação de 5,3 milhões de empregos até 2030.

No Brasil, a preocupação com uma formação contínua da mão de obra já está presente em algumas empresas. A locadora de veículos Localiza é uma das companhias que se antecipou à tendência e ofereceu um curso para acelerar a carreira de programadores, unindo a seleção da empresa a uma formação de profissionais com mais experiência na linguagem de programação que a empresa necessita.

A startup Buser, aplicativo para fretamento de ônibus, foi além: ofereceu uma bolsa de 3.500 reais para ajudar os alunos do seu curso de formação de desenvolvedores full-stack. A formação não tinha contrapartidas, mas, da primeira turma do programa, quatro dos seis alunos preencheram vagas em aberto.

Na operação brasileira da consultoria global GFT, a primeira etapa do processo seletivo para 70 vagas de estágio será um curso de programação. Em parceria com a plataforma Digital Innovation One, a empresa ofereceu 5 mil bolsas de estudo para os candidatos.

Aqui e ali, empresas e especialistas estão mostrando a importância da qualificação constante da mão de obra. Resta saber se esses esforços vão conseguir acompanhar a velocidade das mudanças no mercado de trabalho causadas nos próximos anos.

 

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