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Claudia Gasparini
Publicado em 6 de novembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 6 de novembro de 2016 às 06h00.
São Paulo — Se nenhum site ou app de produtividade parece surtir o efeito prometido sobre a sua rotina e você continua correndo atrás do relógio, existe uma solução alternativa que pode soar como música para os seus ouvidos.
Segundo um número cada vez maior de estudos acadêmicos em todo o mundo, aprender um instrumento como piano, violão ou flauta pode ser muito mais benéfico para o seu desempenho mental do que a parafernália tecnológica que supostamente melhora funções cognitivas como memória e concentração.
“A música faz algo provavelmente único: estimula o cérebro de um modo poderoso a partir da nossa conexão emocional com ela”, afirma a neuropsicóloga Catherine Loveday, da Universidade de Westminster, ao site do jornal “The Guardian”.
Tocar um instrumento é uma experiência complexa, que exige que o seu cérebro integre informações de diversos sentidos, como visão, audição e toque. Isso sem falar na sofisticada coordenação motora necessária para fazer um solo de guitarra ou criar ritmos com as baquetas de uma bateria, por exemplo.
A prática da música tem uma influência tão poderosa sobre as pessoas que pode até alterar sua anatomia. Pesquisadores alemães descobriram que o corpo caloso — estrutura nervosa que conecta os hemisférios direito e esquerdo do cérebro — é significativamente maior nos músicos do que nos não-músicos.
Outro estudo, publicado na prestigiada revista Nature, mostrou que pessoas que tocavam instrumentos com teclado, como o piano, tinham um desenvolvimento acima da média de regiões cerebrais responsáveis por audição, visão e raciocínio espacial. O treinamento musical também tem uma relação direta com a memória verbal e até habilidades linguísticas, apontam estudiosos chineses.
Assim como o aprendizado de idiomas, a prática da música tem resultados mais profundos quanto mais cedo for iniciada. A regularidade e a intensidade das sessões de estudo também são diretamente proporcionais aos benefícios.
No entanto, há evidências científicas de que mesmo períodos curtos de prática musical na infância podem ter efeitos vitalícios sobre um indivíduo, como o aumento da capacidade de diferenciar sons e até o adiamento da perda da audição na velhice.
Ao contrário de aplicativos e outras ferramentas comerciais feitas para estimular as atividades mentais e aumentar a produtividade, o treinamento musical tem uma influência mais profunda sobre o intelecto. “A música atinge partes do cérebro que nenhuma outra coisa atinge”, diz Loveday ao Guardian.
A perspectiva de aprender a tocar um instrumento parece distante ou improvável para você? Há um alento: até escutar música traz benefícios incríveis para o seu desempenho.
De acordo com cientistas da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, pôr os fones e curtir os seus artistas favoritos no trabalho impulsiona o rendimento em diversas tarefas — desde que elas não exijam raciocínio verbal e se organizem em padrões repetitivos.
Gostou da ideia? Veja uma seleção do Spotify feita por EXAME.com com faixas que favorecem a concentração e podem alavancar o seu rendimento.