Ensino: Minas Gerais, Bahia e Roraima estão entre os estados que tiveram queda no Ideb (Avosb/Thinkstock)
Claudia Gasparini
Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2018 às 06h00.
São Paulo — Sobrecarga mental e pouca familiaridade com os livros fazem com que muita gente tenha dificuldade para escrever de forma clara, correta e agradável — ainda mais dentro do exíguo limite de tempo imposto pela rotina.
Resultado: artigos, e-mails, relatórios, apresentações e até exames de redação em concursos públicos acabam povoados de erros gramaticais, ambiguidades, contradições, redundâncias, palavras mal empregadas e frases longas demais.
Quem apresenta textos de qualidade insatisfatória perde oportunidades profissionais, independentemente da sua área de atuação. Mas não é preciso ser nenhum Machado de Assis para ser capaz de produzir redações bem avaliadas pelo mercado de trabalho.
De acordo com professores de redação ouvidos pelo site EXAME, você pode dar um grande salto se evitar pequenas armadilhas que sabotam o trabalho de qualquer redator. Confira a seguir três delas:
É impossível construir um prédio sem desenhar a sua planta. O mesmo vale para uma redação: se você não arquitetar previamente o que vai escrever, há grandes chances de o resultado não parar de pé. “Faça um projeto do seu texto, com palavras-chave ou pequenas frases que indiquem o conteúdo de cada parágrafo”, orienta o professor de português Diogo Arrais.
Sem esse apoio, você corre o risco de perder o controle da progressão das ideias e fugir do tema original. “Muita gente se deixa levar pelas associações mentais que vai fazendo”, afirma João Bolognesi, professor de português do Damásio Educacional. “O texto acaba sem nexo entre começo e fim”.
Esboçar esse projeto também ajuda quem costuma demorar muito para começar o texto, em busca de uma introdução "perfeita". “Com o seu plano em mãos, você já pode começar a escrita”, diz Rosângela Cremaschi, professora da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e consultora na RC7. “Depois que tiver algo concreto no papel, pode ir apurando e melhorando as frases”.
Escrever é um ato solitário, mas sua finalidade é atingir outra pessoa. Nesse sentido, é preciso tomar cuidado para não se perder na sua própria vaidade e usar palavras muito rebuscadas, termos técnicos ou construções complicadas só para se exibir. “O ideal é simplificar”, diz Cremaschi. “Prefira frases curtas, na ordem direta, com vocabulário acessível a qualquer público”.
Um exercício interessante, quando possível, é submeter o seu texto à avaliação de uma outra pessoa. Ouvir esse feedback ajuda a enxergar facetas surpreendentes sobre o seu estilo de escrita, diz Arrais, como pequenos (ou grandes) vícios de linguagem.
Além de guiar a estrutura formal do texto, a preocupação com o leitor também deve ditar seu conteúdo. Conhecer as características do destinatário — seja o chefe que lerá seu relatório, seja a banca avaliadora que julgará sua redação — ajuda na busca por argumentos. “É fundamental saber com quem você está falando, ou você não conseguirá seduzi-lo”, afirma Bolognesi.
Pode parecer básico, mas muita gente pula a etapa mais decisiva da construção de um texto: a revisão. Segundo o professor Arrais, é fundamental reler atentamente o que você escreveu para garantir que tudo está de acordo com a norma culta da língua.
Essa análise também serve para avaliar a clareza e a fluidez das ideias, a concatenação entre os argumentos e o ritmo geral do texto. Há ambiguidade em alguma frase? As ideias se harmonizam até o fim ou se contradizem em algum ponto? A redação está monótona ou tem uma cadência agradável para quem lê? Procure responder a essas perguntas antes de dar seu texto como concluído.
Nessa hora, concentração é fundamental. Tanto a escrita quanto a revisão são atos introspectivos, que exigem foco total. “Evite fazer outras tarefas simultaneamente”, diz Bolognesi. “Busque um ambiente silencioso, desligue seu celular e evite interrupções de qualquer tipo, até acabar”.