Homem pensando próximo de outros homens (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 13h56.
São Paulo - O jovem executivo acabou de apresentar seu projeto na reunião mensal cheio de si. Afinal, tinha trabalhado um bocado nele. Para concluir, disse:
— O mercado está ávido por novidades. Este produto é uma novidade. Logo, será um sucesso.
O diretor abanava a cabeça como se o aprovasse, mas ainda não tinha dito nada. Até que falou. E o que disse pegou a todos de surpresa:
— O colibri é uma ave. O colibri voa. Logo, todas as aves voam. Certo?
Enquanto todos buscavam um comentário inteligente para a frase inesperada, o diretor se antecipou:
— Errado! Vamos fazer um rápida revisão de uma disciplina chamada lógica. Para que um raciocínio seja considerado lógico, é necessário que tenha uma estrutura de pensamento ordenada, mas também é necessário verificar se as premissas são verdadeiras. Uma única falácia acaba com a lógica de um pensamento. E, às vezes, a falsa premissa está nos detalhes.
Até então ninguém tinha visto uma conversa desse tipo em uma reunião de trabalho. O assunto era marketing, vendas, produtos, custos, não lógica, pensaram todos, mas não ousaram interromper o chefe, que continuou:
— Vejamos: o que eu falei parece lógico porque as assertivas estão perfeitamente encadeadas, mas o sentido final não é uma verdade porque uma delas contém uma falácia. Ora, o fato de o colibri voar e ser uma ave não significa que todas as aves voem. A galinha está aí para derrubar essa premissa.
— Da mesma forma, voltando ao projeto em discussão, concordo que o mercado está ávido por novidades e que seu projeto seja uma novidade, mas daí dizer que ele será automaticamente um sucesso há uma grande diferença. O motivo é que o mercado não quer apenas novidades, quer novidades que encantem, mas que também atendam às necessidades e que tenham excelente relação entre o custo e os benefícios. E eu não estou seguro de que o produto que vocês querem lançar reúna todas essas condições. Precisamos revê-lo.
Bela lição. As reuniões de trabalho estão cheias de frases de efeito que não sobrevivem a uma análise. É incrível como assistimos a tentativas descaradas de assassinato do bom senso. Lógica sem iniciativa não leva a lugar nenhum. Já a iniciativa sem lógica leva quase sempre ao fracasso. Hoje, busca-se iniciativa com lógica, desesperadamente.