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Que conclusões os recrutadores podem tirar de um currículo?

Embora nunca seja avaliado isoladamente, o seu documento de apresentação pode mostrar sua personalidade; saiba o que o seu currículo "diz" sobre você


	Currículo: o documento pode revelar poder de síntese, criatividade e até raciocínio lógico
 (Getty Images)

Currículo: o documento pode revelar poder de síntese, criatividade e até raciocínio lógico (Getty Images)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 5 de setembro de 2014 às 14h36.

São Paulo - Se processos seletivos funcionassem como tribunais, o currículo seria uma das primeiras “testemunhas” convocadas a falar sobre o candidato.

A comparação pode parecer brincadeira - mas não é tão distante assim da realidade. Para Thalita Doering, gerente de divisão de recursos humanos da Michael Page, “o currículo fala” e pode sugerir muito sobre quem é o profissional que o elaborou.

É claro que o documento não é a única referência considerada pelo recrutador. “Não dá para confiar apenas no que fica subentendido e, na maioria dos casos, só a entrevista é capaz de esclarecer quem o candidato é”, explica Thalita.

Isso porque os currículos também podem apresentar "falsos testemunhos”. É o que comenta Isis Borge, gerente de divisão da Robert Half. “Hoje, muita gente contrata serviços de terceiros para fazer currículos maravilhosos e impressionar o recrutador”, diz ela.

A se julgar por esse documento, apenas, um profissional desorganizado, prolixo e distraído, por exemplo, pode se passar por alguém muito objetivo, preciso e atento - ou vice-e-versa. "Muita gente boa simplesmente não sabe fazer currículos", aponta Thalita.

É por isso que ter uma conversa presencial com o candidato é uma etapa básica para todo recrutador. “Só assim conseguimos esclarecer informações e descobrir quem é aquela pessoa”, diz a gerente da Michael Page.

O que dizem os detalhes
Ainda assim, o currículo funciona como um ponto de partida importante. Segundo uma pesquisa recente da Robert Half nos Estados Unidos, apenas dois erros de digitação em um currículo são o suficiente para 46% dos recrutadores eliminarem um candidato.

De acordo com as duas especialistas consultadas, os detalhes revelados num currículo sempre podem ser relativizados - o que não quer dizer que deixem de afetar a imagem criada na mente do recrutador.

A seguir, com a ajuda de Isis e Thalita, EXAME.com listou algumas características pessoais que podem ser inferidas a partir do seu currículo:

1. Atenção às minúcias
Ninguém merece a forca por trocar letras ou mesmo cometer algum erro ortográfico. Se muitas dessas falhas sobrevivem na versão final do documento, porém, a mensagem que fica é ruim.

“O recrutador entende que o profissional não revisou o material, o que pode significar que ele não enxerga ou não valoriza detalhes”, comenta Isis.

2. Poder de síntese
Outro traço do candidato que pode ser detectado no currículo é sua capacidade de se comunicar de forma objetiva.

Segundo Thalita, currículos longos demais ou com passagens prolixas geralmente pertencem a candidatos que, na entrevista, também revelam dificuldade de se expressar de forma precisa e econômica.

3. Criatividade
Um bom uso de cores, fontes e outros elementos gráficos pode ser visto como sinal de originalidade.

“Dependendo do cargo e da empresa em questão, mostrar-se no currículo como alguém inovador pode contar pontos a favor do candidato”, afirma Thalita.

4. Raciocínio lógico
Um currículo com começo, meio e fim em geral revela a sua capacidade de priorizar e organizar a informação, segundo Isis.

A capacidade de concatenar ideias de forma lógica também aparece na forma da expressão escrita do candidato.

5. Dificuldade de relacionamento
“Se o currículo mostra que o profissional pulou de emprego em emprego, pensa-se na hipótese de ele ser inquieto demais”, diz Thalita. O recrutador pode até ir além, e inferir que o candidato tem dificuldades sociais.

A ideia surge, principalmente, se existe um intervalo grande entre um emprego e outro - o que sugere ter havido demissões. “Se elas aparecem repetidas vezes, talvez o candidato seja uma pessoa difícil”, afirma Isis.

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