Carreira

Qual é o erro na frase: "Os números falam por si só"?

Professor de português dá uma aula sobre concordância a partir de uma frase extraída do noticiário futebolístico

 (Berezko/Thinkstock)

(Berezko/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 14h09.

Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 14h27.

Em época de jogos da Seleção Brasileira, é muito comum ouvirmos dos comentaristas a seguinte frase:

"Gente, os números de Tite falam por si só."

Na nossa Língua Portuguesa, o termo "só" pode modificar o substantivo ou o pronome substantivo. Nesse caso, a concordância será obrigatória (o termo deverá sofrer variação sempre que houver exigência):

"Aqueles dois deputados chegaram sós à Câmara."

"Eu e ele sós pouco podemos fazer."

É também possível que "só" modifique o verbo, tendo a classificação adverbial. Nesse caso, o termo é invariável:

 "Só aqueles dois deputados chegaram à Câmara."

"Só eu e ele podemos resolver o problema."

Em suma, nos dois últimos exemplos adverbiais,  "só" equivale a "somente", "apenas". Vejamos:

"Apenas aqueles dois deputados chegaram à Câmara."

"Somente eu e ele podemos resolver o problema."

Mais um exemplo em que o termo não deve sofrer variação:

"Não escrevemos só (apenas, somente) poesia, mas também crônicas."

Na frase que inicia este texto, nota-se que a intenção do termo "só" é modificar "os números", devendo sofrer a variação. Vejamos outras leituras possíveis:

"Sozinhos, os números de Tite falam por si."

"Sozinhos, os números de Tite são suficientes."

 Por isso, seguindo os parâmetros da concordância de nossa Língua:

"Gente, os números de Tite falam por si sós."

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

Diogo Arrais

@diogoarrais

Professor de Língua Portuguesa - CPJUR

Autor Gramatical pela Editora Saraiva

Acompanhe tudo sobre:Dicas de carreiraDicas de Português

Mais de Carreira

Como responder "Como você lida com a pressão?" na entrevista de emprego

Como desenvolver habilidades de comunicação escrita eficazes

Agulha no palheiro: este é o líder que as empresas procuram, mas poucos estão prontos para o desafio

Como manter o espírito inovador sendo enorme, segundo o CEO da Heineken