Carreira

Promover mulheres à liderança faz parte do meu propósito, diz CEO da SAP na América Latina e Caribe

Cristina Palmaka teve passagem por diferentes empresas de tecnologia até chegar na companhia alemã; à EXAME, presidente compartilha as lições de carreira e as expectativas com o negócio

Cristina Palmaka, da SAP: O segredo dos avanços está na forma como a equidade é tratada no topo das empresas. A liderança precisa ser intencional para avançar nessa agenda (Leandro Fonseca/Exame)

Cristina Palmaka, da SAP: O segredo dos avanços está na forma como a equidade é tratada no topo das empresas. A liderança precisa ser intencional para avançar nessa agenda (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 8 de março de 2024 às 07h02.

Última atualização em 8 de março de 2024 às 07h34.

O setor da tecnologia é considerado hoje a área das oportunidades de emprego dentro e fora do Brasil, mas a proporção de mulheres que trabalham em funções tecnológicas não traz um cenário positivo. Segundo estudo da McKinsey & Company de 2023, as mulheres ocupam aproximadamente 1 em cada 4 posições de altos cargos de companhias de tecnologia. 

Cristina Palmaka, CEO da SAP na América Latina e Caribe, é uma dessas poucas mulheres que conseguiu o cargo de CEO em uma empresa do ramo de tecnologia.

O setor de tecnologia chegou na vida de Palmaka na época em que começou a buscar o primeiro emprego. Com 16 anos, ela se candidatou a uma vaga de estágio na Philips Electronics. “Eu não tinha nenhuma expectativa de entrar em uma grande empresa - por que eles me contratariam? Eu apenas coloquei meu nome e passei por algumas entrevistas.”

Palmaka acabou sendo contratada e seu primeiro emprego rendeu em um salário que ajudou muito sua família na época. “Como muitos jovens, tive que conciliar meu emprego diurno e estudar à noite, porque a minha família precisava.”

Com formação em Administração pela FAAP, especialização pela FGV, Universidade do Texas e IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), após a experiência de 15 anos na Philips, Cristina Palmaka passou pela HP, SAP, Microsoft e retornou à SAP como CEO no Brasil.

Com família em São Paulo e viajando a trabalho na região da América Latina, hoje a executiva divide seu tempo entre o amor da família, paixão pela corrida e realização no trabalho.

“Felizmente, tenho um parceiro maravilhoso, meu marido, que me apoiou ao longo de toda a minha carreira, cuidando da nossa filha quando ela era mais nova e eu viajava. Também sempre separo um tempo para a corrida, meu esporte predileto”, diz Palmaka que reforça que na parte corporativa o foco hoje está em se envolver cada vez mais com o tema governança e entender como a tecnologia impacta a vida das pessoas e as organizações.

Abaixo, a entrevista exclusiva da CEO da SAP na América Latina e Caribe à EXAME.

Como aconteceu o convite para ser CEO da SAP?

Eu já vinha de uma jornada de mais de 30 anos na vida corporativa, entre diferentes posições de liderança na HP, na própria SAP e na Microsoft, quando via RH SAP (que já me conheciam) perguntaram se eu tinha  interesse em participar do processo para a posição no Brasil. Apesar de já ter trabalhado na SAP (1 ano entre 2009/2010 – como VP de SMB), eu sabia que a empresa passava globalmente por uma grande transformação, transição para nuvem, desafios em rever talentos e competências necessárias neste novo momento. E entendi que era um desafio que poderia contribuir para meu desenvolvimento pessoal e profissional. E foi o que aconteceu – fiquei 7 anos liderando a operação do Brasil e agora já estou liderando a operação da SAP para América Latina há quase 4 anos.

Pesquisa da McKinsey aponta que 28% das mulheres que abandonam empregos em tecnologia citam a falta de oportunidades de crescimento profissional como motivo principal. Neste cenário desafiador para o público feminino, o que significa ser uma das poucas mulheres CEO no Brasil e América Latina?

É uma grande responsabilidade. Para mim, ser líder é uma incrível oportunidade de impactar outras pessoas profissionalmente e poder vê-las crescer, se desenvolver e utilizar todo seu potencial. Ajudar a promover a participação de mais mulheres em cargos diretos e profissionais começou a fazer parte do meu propósito em 2000, quando percebi que poderia incentivar outras mulheres a chegar a cargos de liderança ocupados pelos homens nas empresas.

Desde então tenho trabalhado constantemente para alcançar esse objetivo, orientando e treinando mulheres, participando de eventos para compartilhar meus aprendizados e experiência. Acredito que quando mais mulheres ocuparem posições de liderança, teremos uma sociedade mais equilibrada e justa.

Minha maior missão é primeiro mostrar que é possível – mas cada uma tem que achar seu caminho e trade-offs que esteja disposta a fazer. Meu segundo foco é ajudar a criar oportunidades – precisamos de todos nesta jornada – homens e mulheres – para mostrar benefícios de grupos diversos, colocar metas e ambições, em casos necessários abrir vagas afirmativas, mostrar os analíticos quando houver desbalanço. 

Esse cenário de poucas mulheres na presidência é também comum na América Latina e Caribe?

Sim, a situação é semelhante em toda a região. De acordo com um estudo recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, os conselhos de administração da região têm uma representação feminina de 15%; e apenas 11% das empresas têm uma mulher ocupando o cargo de presidente.

Temos muito trabalho pela frente para melhorar a representação feminina nos cargos mais altos de liderança. A primeira coisa que temos que fazer, no entanto, é ter bem claro o que buscamos. Buscamos a equidade de gênero, cujo objetivo é oferecer às pessoas acesso às mesmas oportunidades com base em suas particularidades e vulnerabilidades.

A equidade é diferente da igualdade, que parte do pressuposto de que todos somos iguais. Nós não somos. Por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão mostrou que 92% das mulheres sofrem mais do que homens com situações de assédio e constrangimento no ambiente profissional.

A equidade entende que as pessoas são diferentes e enfrentam dificuldades diferentes. Uma vez que as condições são equitativas, então pode-se selecionar com base em habilidades, conhecimento e capacidade.

Quando fui nomeada presidente da SAP América Latina e Caribe e comecei o processo de seleção dos executivos que estariam a cargo de nossos quatro mercados, não tinha o foco de contratar mulheres. Eu estava procurando pessoas que pudessem trazer algo novo para a mesa, pessoas capazes de liderar pelo exemplo. O gênero é apenas um aspecto de uma organização equilibrada. Hoje, três dos quatro mercados são liderados por mulheres e temos outras posições-chaves na América Latina ocupadas por mulheres.

Há diferenças em gerir a SAP no Brasil das unidades na América Latina e Caribe? Como muda a cultura, a forma de gerir também muda?

Uma das coisas que mais gosto de ter um cargo regional é justamente o fato de me deparar com a diversidade cultural. Na América Latina, existem muitas culturas diferentes. Existem diferenças desde o idioma (em muitos países se fala espanhol, mas com sotaques e expressões diferentes), passando pela comida, tradições e até a idiossincrasia.

No Brasil, por exemplo, negociamos de forma forte e franca. Em outros países da região, essa não é a norma, e agir assim não é bem-visto. Existem protocolos e normas sociais diferentes, que geralmente são implícitos. Por isso, é muito importante para mim ter uma equipe tão diversa quanto a própria região.

Eu acredito em um estilo de liderança transparente e próximo do meu time, considerando as particularidades dos países. Gosto muito de viajar para aprender. Em cada um dos escritórios da SAP na América Latina, ouço as perspectivas e insights de meus colegas locais e aprendo bastante buscando tomar as melhores decisões.

Você passou por grandes empresas de tecnologia, como Philips, HP, Microsoft e SAP. Como você conquistou cargos altos em uma área que ainda é predominantemente masculina? Foi a formação, networking, hard skills...? Existe um caminho?

O caminho pode ser diferente para cada pessoa – o que funcionou para mim talvez não seja igual a outras tantas pessoas incríveis que conheço. Mas fundamentalmente sempre alinhei meus objetivos tendo como base alguns valores que carrego comigo – de atuação com respeito, resiliência, transparência e colaboração.

Eu estou convencida de que meu segredo é me cercar de pessoas que são melhores do que eu. Nada do que alcancei foi sozinha. Sempre tive colegas espetaculares e equipes maravilhosas que me apoiaram. Equipe, foco e disciplina. Essa é a receita.

Também tive o privilégio de contar com mentores incríveis nos diferentes momentos de carreira e vida – e foram fundamentais para minhas reflexões e aprendizado. Tento desta forma retribuir com muitas mentoradas, para abrir novos horizontes e forma de pensar.

Sob a sua presidência, a SAP conquistou o certificado de igualdade de gênero. O que foi feito para conseguir esse reconhecimento para a empresa? Existe uma meta para igualdade de gênero?

O segredo dos avanços está na forma como a equidade é tratada no topo das empresas. A liderança precisa ser intencional para avançar nessa agenda. 

Trabalhando há mais de 38 anos fico feliz em ver um mundo muito mais inclusivo do que certamente era quando comecei com 16 anos. Na SAP, a equipe está mais feminina, sim, e queremos ir além.

A companhia já estabeleceu a meta global de alcançar um equilíbrio entre homens e mulheres até 2030. Atualmente, 38% da força de trabalho e 35% dos cargos de liderança da empresa na América Latina e Caribe são mulheres.

Em 2016, a SAP se tornou a primeira empresa multinacional de tecnologia no mundo a receber o Certificado Global de Igualdade de Gênero (Economic Dividends for Gender Equality – EDGE). Essa certificação global exige a inclusão de países que representam 80% da empresa e foi concedida pela Fundação EDGE após uma revisão e avaliação dos dados, práticas de gênero e políticas de emprego da SAP, bem como entrevistas com funcionários em 12 países: Austrália, Brasil, Canadá, China, República Checa, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Japão, Singapura e Reino Unido. Os critérios analisados ​​incluíram recrutamento e promoção, treinamento de desenvolvimento de liderança, mentoria, trabalho flexível e cultura empresarial. O Brasil contribuiu decisivamente para a certificação.

Qual foi o seu maior desafio como CEO da SAP? Como conseguiu resolver?

Em momentos de transição e mudança as incertezas sempre aparecem – porque o desconhecido pode preocupar as pessoas – mesmo que sejam boas oportunidades. Eu entrei quando a empresa vinha de várias aquisições (crescimento acelerado, inorgânico) – mudança de cultura, então ter o time alinhado, nas competências e perfis foi o ponto onde coloquei mais foco e meu maior desafio. Um balanço entre desenvolver talentos internos, cuidar da adaptação das pessoas que vieram pelas aquisições e novas contratações com perfis mais alinhados com o futuro – e garantir a colaboração, e que a soma fosse positiva, um time real – não somente um grupo de pessoas trabalhando juntos.

Fico feliz em ver muitos destes talentos brilhando, seja no Brasil, na América Latina ou globalmente – e tenho muito orgulho do que todos construímos juntos.

Como você concilia trabalho, família e cuidados com a saúde?

Uma das coisas que faço para conciliar todos os aspectos da minha vida é priorizar e ser disciplinada com minha agenda. Eu planejo tudo e coloco todos os meus compromissos na minha agenda - não apenas os compromissos de trabalho, mas também as atividades familiares, exercícios e consultas médicas.

Por fim, sempre dou prioridade ao exercício. Para mim, correr é uma daquelas coisas não negociáveis. Eu faço todos os dias, mesmo quando viajo. Também cuido muito da minha alimentação.

Alcançar um equilíbrio perfeito não é sempre possível, pois as prioridades mudam, eventos inesperados acontecem ou as demandas de trabalho flutuam, mas busco um equilíbrio geral que satisfaça minhas necessidades e valores pessoais, sendo adaptável e flexível quando as circunstâncias mudam.

Quais são os seus hobbies?

Mesmo com uma agenda atribulada, eu não abro mão de me conectar comigo mesma por meio do esporte. Pelo menos quatro dias por semana, eu faço treinos de corrida - atividade que eu considero a minha terapia. Gosto de dizer que o meu segredo está na disciplina e foco.

Eu sou apaixonada por esporte desde pequena, jogava futebol com os meus irmãos e cheguei a praticar vôlei, que eu acredito que contribuiu muito para o senso de trabalho em equipe.

A corrida entrou na minha vida sem querer. Um dia eu estava na academia e fui convidada para participar de uma corrida de oito quilômetros, no centro histórico de São Paulo. No começo, eu resisti porque não queria acordar tão cedo no final de semana, mas acabei topando o desafio. Corri quatro quilômetros e depois caminhei até o final e adorei. Comecei a pensar que era algo que eu gostava.

Hoje, já fiz mais de 15 Sao Silvestres, 15 maratonas e uma ultramaratona. Completei as seis maiores maratonas do mundo – Boston, Nova York, Chicago, Londres, Berlim e Toquio, na semana passada.

O esporte te ajuda na sua carreira de alguma forma?

Para mim, qualquer esporte traz um aprendizado que depois será usado em outros aspectos da vida. Entre a corrida e o mundo coorporativo, eu gosto de elencar seis características comuns aos dois universos: objetivos claros, preparação, constância, trabalho em equipe, resiliência e equilíbrio físico e mental.

Outro ponto de enorme relevância para mim é a tranquilidade que a corrida provoca. Para me preparar para uma maratona, eu corro uns 30 km - o que dá quase 3 horas. É muito tempo comigo mesma, dá para pensar bastante. É durante a corrida que eu consigo solucionar problemas mais complexos e colocar a minha cabeça em ordem.

Considerando as necessidades do trabalho atual, quais são as competências que serão exigidas para os líderes no futuro?

O futuro requer líderes que possuam habilidades técnicas e habilidades interpessoais que possam se adaptar às necessidades em constante mudança do mercado de trabalho.

Uma das habilidades essenciais para os líderes do futuro é ser adaptável e flexível. À medida que o cenário empresarial evolui rapidamente, os líderes devem ser capazes de se adaptar rapidamente a novas tecnologias, tendências da indústria e dinâmica do mercado em constante mudança.

Por isso, o conhecimento de tecnologia também é muito importante. Com a crescente dependência da tecnologia em todas as indústrias, ter um bom domínio de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, análise de dados e automação, é crucial para os líderes do futuro.

O pensamento crítico e a solução de problemas são duas habilidades cruciais também. Os líderes precisam ser capazes de analisar situações complexas, pensar criticamente e desenvolver soluções eficazes para enfrentar desafios e impulsionar a inovação.

Finalmente, três habilidades que já são fundamentais para a liderança atualmente e serão ainda mais importantes no futuro: inteligência emocional, colaboração e aprendizagem contínua.

  • Uma forte inteligência emocional é vital para construir relacionamentos eficazes, comunicar-se bem e motivar equipes diversas. Isso inclui habilidades como empatia, autoconsciência e capacidade de gerenciar conflitos.
  • Enquanto isso, à medida que as equipes se tornam cada vez mais diversas e remotas, os líderes do futuro devem ter habilidades para promover a colaboração, incentivar o trabalho em equipe e liderar equipes virtuais para alcançar metas organizacionais.
  • A aprendizagem ao longo da vida é imperativa para que os líderes do futuro se mantenham atualizados com os avanços da indústria e aprimorem suas habilidades. Cursos ou treinamentos focados em temas específicos da indústria, desenvolvimento de liderança e plataformas de aprendizagem contínua são valiosos.

Como a SAP pretende lidar com a IA? Quais foram os avanços até o momento?

A SAP trabalha com IA e Machine Learning há 8 anos. Temos mais de 26.000 clientes globais que usam SAP Business AI e mais de 130.000 casos de uso. Em 2023, lançamos várias capacidades de IA generativa, incluindo uma assistente pessoal chamada Joule, que permite que qualquer usuário possa se comunicar com os sistemas da SAP em linguagem comum, como se estivesse conversando com um colega.

Nossa abordagem com o SAP Business AI é fornecer aos nossos clientes a IA mais relevante, confiável e responsável - construída para negócios.

A SAP Business AI é relevante porque está incorporada em todas as partes de nosso portfólio. Podemos combinar vastas quantidades de dados de processos de negócios (80% das transações mundiais passam por nossos sistemas), melhores práticas em toda a SAP e principais modelos de linguagem de terceiros.

Nós fazemos uma IA responsável, porque nossas soluções são construídas com os mais altos níveis de preocupação com segurança, privacidade, conformidade e ética.

Você se sente realizada profissionalmente?

Tenho muito orgulho em ver minha vida em retrospectiva, as pessoas que impactei, a família que formei e o equilíbrio que consegui desenvolver - com muito aprendizado, balanceando uma carreira bacana, uma família que está sempre ao meu lado e minhas realizações no âmbito das corridas.

Fico feliz em poder olhar para trás e ter certeza de que cada dia tento ser uma pessoa melhor, procurando saber como seguir contribuindo cada vez mais a cada passo que dou. E para mim, sucesso, realização significa causar impacto positivo, deixar um legado. Em 40 anos de vida profissional vejo muitos projetos que me enchem de emoção e alegria.

Em mais de 10 anos na SAP, tenho orgulho de muitas coisas. Nossa transformação de empresa para um foco em nuvem, os clientes e parceiros que impactamos – mas de verdade, os projetos que mais me emocionam são os que tocam as pessoas. E aí também temos muita coisa, como o programa de Autism at work, que existe desde 2013, e os programas de saúde mental - lançados ainda em 2018 – que nos prepararam para o que vinha pela frente (pandemia) e tornar nossos líderes muito mais humanizados. 

Quais são os planos para o futuro profissional? Fazer parte de um Conselho é uma opção?

Estou muito interessada no tema da governança e, por isso, além de estar à frente da SAP América Latina & Caribe, faço parte de vários conselhos de empresas.

Hoje, tanto empresas globais quanto locais precisam priorizara governança. Toda empresa, grande ou pequena, desempenha um papel importante para garantir a sustentabilidade do mundo. Algumas empresas estão melhorando na área de ESG porque precisam cumprir regulamentações, outras fazem isso porque é a coisa certa a se fazer e está incorporado em sua visão e propósito central.

Outro foco grande meu é como a tecnologia impacta a vida das pessoas e as organizações. Como usamos Inteligência Artificial por exemplo, de forma responsável, correta e ética – como alavancamos valor para os negócios – são temas que tenho focado em aprender por seu dinamismo e evolução constante.

De maneira geral, tenho o objetivo de deixar um legado positivo, seguir aprendendo e mantendo a mente ativa e curiosa para as infinitas possibilidades que a jornada da vida nos traz.

Quais lições você aprendeu em sua jornada como executiva e que vale compartilhar para mulheres que sonham um dia ocupar altos cargos em uma companhia, inclusive de CEO?

Tive grandes oportunidades ao ocupar novas posições, mas isso sempre vem com grandes desafios. São momentos em que não necessariamente temos todo o conhecimento - e que exigem coragem de encarar o diferente e desconhecido, mas que trazem muito crescimento e grandes aprendizados.

Tive muitos momentos como estes em minha carreira. Me deparei com dúvidas, desafios, que depois me fortaleceram e trouxeram novas perspectivas, visões e conhecimento, com o desenvolvimento de novas competências.

Minha recomendação é sempre encarar estes momentos como alavancas de desenvolvimento.

Sobre os negócios...

Quanto a empresa faturou em 2023 e quais são as expectativas para este ano e para os próximos? Ao que deve o resultado?

De acordo com a política da SAP, não compartilhamos números de receita, mas posso dizer que em 2023 fechamos nosso 35º trimestre consecutivo (ou seja, quase 9 anos) de crescimento de dois dígitos na nuvem na América Latina. O Brasil, em particular, teve um desempenho excepcional na receita da nuvem no ano passado.

Nossa solução em nuvem Enterprise Resource Planner (ERP) foi o destaque de 2023. Nosso ERP é o coração de nossa oferta de transformação, tanto na modalidade de nuvem privada com o RISE with SAP, quanto na nuvem pública com o GROW with SAP.

A BRF, líder global de alimentos com cerca de 100.000 funcionários em mais de 120 países, por exemplo, escolheu RISE with SAP em 2023 para digitalizar suas operações em 35 fábricas e 22 centros de distribuição que atendem supermercados, varejistas, atacadistas e restaurantes. Com essa oferta abrangente, a BRF busca reduzir o custo total de propriedade, melhorar a eficiência operacional e agilizar a integração de futuras aquisições.

Outro cliente, Ília, empresa de tecnologia brasileira especializada em soluções digitais para retenção e conversão de clientes, adotou o GROW with SAP para impulsionar um ambicioso plano de expansão de receitas. A empresa implementou a oferta que inclui a robusta edição pública do SAP S/4HANA Cloud e a SAP Business Technology Platform, para melhorar a governança, aproveitar os dados e análises em tempo real e otimizar as operações nos mercados em crescimento do Brasil, Europa e EUA.

O que esperar dos negócios da SAP no Brasil e na América Latina e Caribe? Há alguma meta para ser alcançada?

Estamos vivendo um momento único em que duas tecnologias transformadoras para os negócios estão convergindo. O incrível poder da nuvem, que permite que as empresas quebrem barreiras e acessem os dados necessários para inovar mais rapidamente e em um ambiente mais seguro, e a inteligência artificial geradora de negócios, que proporciona desde a geração de conteúdo e código até a automação de tarefas demoradas e a descoberta de novas perspectivas.

Apenas as empresas que estão na nuvem serão capazes de aproveitar esse momento.

É por isso que prevemos uma continuação da adoção e inovação em nuvem. Antecipamos que a IA dobrará o tamanho do mercado endereçável da SAP, que deverá alcançar US$ 1 trilhão até 2028.

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