Portugal: o ecossistema de startups português cresceu o dobro da média europeia entre 2010 e 2016 (SeanPavonePhoto/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2018 às 13h53.
Última atualização em 7 de março de 2018 às 17h22.
Para Chitra Stern, a recuperação econômica de Portugal está trazendo uma consequência imprevista.
Quando ela e o marido abriram seu primeiro hotel em uma pequena vila de pescadores no extremo sudoeste de Portugal em 2010, eles não tiveram dificuldades para encontrar trabalhadores para ajudar a administrá-lo, apesar da localização remota.
Eles visitaram algumas escolas de administração hoteleira, publicaram anúncios e em pouco tempo estavam entrevistando candidatos para o Martinhal Sagres Beach Family Resort Hotel. Como na época Portugal estava em uma situação desesperadora e dezenas de hotéis estavam à beira da falência porque o país afundava em uma recessão, encontrar trabalhadores altamente qualificados e acessíveis era muito fácil.
Agora, Stern, de 47 anos, que possui quatro hotéis no país com o marido, Roman, diz que simplesmente não consegue encontrar trabalhadores portugueses suficientes.
"Com o boom do turismo, agora enfrentamos uma escassez de trabalhadores, não de empregos", disse Stern.
Portugal está começando a se preparar para o que poderia ser uma enorme temporada turística neste verão boreal, e o setor começa a se preocupar com a capacidade de lidar com o fluxo de visitantes. Já no ano passado, os hotéis de Portugal receberam um recorde de 20,6 milhões de hóspedes, cerca do dobro da população do país. Com ajuda do boom do turismo, a economia cresceu 2,7 por cento, o ritmo mais rápido desde 2000. O desemprego caiu para 8,1 por cento no quarto trimestre do ano passado, em contraste com o recorde de 17,5 por cento em 2013.
A recuperação do mercado de trabalho foi uma boa notícia para os trabalhadores portugueses, mas alguns proprietários de hotéis se frustraram ao buscar pessoal. A escassez corre o risco de abalar um setor que representa quase 17 por cento do produto interno bruto do país e um em cada cinco empregos, de acordo com dados compilados pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo.
"Nós podemos conseguir diretores, mas temos dificuldade de encontrar gente para preencher os empregos mais básicos", disse Raul Martins, diretor da Associação da Hotelaria de Portugal, que representa cerca de 600 empresas hoteleiras.
Martins, que também é o presidente da cadeia de hotéis Altis, estima que há um déficit de cerca de 40.000 trabalhadores para hotéis. Baixos salários podem fazer parte do problema - Portugal é o país mais barato da Europa Ocidental, depois de Malta, em termos de custos trabalhistas por hora, de acordo com dados compilados pelo Eurostat.
Embora a receita hoteleira e o número de visitantes tenham atingido picos recorde, o salário líquido médio para trabalhadores de hotéis, restaurantes e profissões similares aumentou apenas 7,7 por cento no período de 2011 a 2017, para 632 euros por mês, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística de Portugal. O salário mínimo é de 580 euros por mês. Os empregados de hotéis ganham em média 1.035 euros por mês, disse Martins, citando um estudo da Associação da Hotelaria de Portugal.