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O negócio não cresceu? Você está demitido!

Aumenta o número de presidentes de empresa demitidos por não cumprirem as metas de crescimento


	Executivos que não cumprem metas estão sujeitos a demissão durante corte de custos
 (Zach Klein / Flickr Commons)

Executivos que não cumprem metas estão sujeitos a demissão durante corte de custos (Zach Klein / Flickr Commons)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2013 às 19h22.

São Paulo - Em tempos de crise ou desaceleração econômica, como no caso do Brasil, é comum anúncios de cortes de mão de obra para conter gastos. Agora, até presidentes e diretores estão sendo demitidos. É o que está acontecendo com os executivos que não conseguiram cumprir as metas, de acordo com consultorias de recolocação de profissionais, que são pagas pelas companhias para conseguir outro emprego para quem saiu.

Houve um aumento de 20% nas demissões de dirigentes de empresas no Brasil no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 40 demitidos — 60% deles de empresas com faturamento acima de 200 milhões de reais e 55% de multinacionais.

Os números são da consultoria em recolocação profissional Produtive. O motivo: a pressão por resultados causada pelos prejuízos no exterior com a crise financeira americana e europeia, principalmente por parte das multinacionais. "Há dez anos, os presidentes das filiais brasileiras eram os últimos a falar nas reuniões de conselho das múltis. Agora são um dos primeiros", diz Rafael Souto, diretor executivo da Produtive. Isso explica o aumento da importância e da responsabilidade desse profissional no faturamento global das empresas.

As maiores demissões ocorreram na indústria, principalmente em bens de capital e equipamentos. As empresas de produtos de consumo voltados para a classe C também amargaram demissões. Um dado curioso é que a maioria delas não teve prejuízo, apenas registrou resultados menores que a meta preestabelecida. "Um presidente, por exemplo, foi desligado de uma fabricante de eletrônicos mesmo tendo feito a empresa crescer 15% no ano. O problema é que ele tinha se comprometido com 30%", diz Rafael. 

O mercado não perdoa

Salvo raras exceções, as companhias por aqui costumam alegar outros motivos para as demissões ou afastamentos, mesmo as listadas na bolsa de valores. "Essa é uma questão de maturidade do sistema de governança brasileiro, porque lá fora, principalmente nos Estados Unidos, isso é mais claro", diz Cláudio Garcia, diretor da Lee Hecht Harrison DBM. "E a nossa cultura penaliza muito quem erra. A atitude das empresas de não contar a verdade é usada para proteger o profissional."


A Kraft Food Brasil, por exemplo, noticiou recentemente a saída de seu presidente, alegando motivos pessoais, por ele não querer seguir carreira no exterior. Mas, segundo um headhunter com anos de experiência no mercado, a decisão foi da Kraft por ele não ter conseguido bater a meta de crescimento, mesmo depois de ter feito a companhia crescer 16% em 2010.

As trocas de comando deverão se intensificar nos próximos meses. A explicação é que o perfil de um alto executivo que lidera uma empresa em uma economia estável é diferente daquele que precisa expandir o negócio em um cenário econômico de baixo crescimento. Se a média de permanência nos cargos de presidente e diretor executivo era de sete anos, a expectativa é que ela caia para menos de cinco anos nas multinacionais, de acordo com Cláudio, da Lee Hecht Harrison DBM.

"Somente na última semana de setembro conversei com três presidentes que estão prestes a sair por esses motivos", diz Cláudio. Ricardo Rocco,  sócio e diretor da consultoria SpencerStuart, de seleção de executivos, também fala em mudança de cenário em 2013.

Entretanto, ele acredita que a economia deve entrar no eixo e as trocas deixarão de ser feitas por frustração das empresas em razão de metas não atingidas, e passarão a acontecer graças a novas oportunidades de emprego para esses profissionais em um mercado mais aquecido.

As múltis são as que menos aceitam explicações de quem prometeu e não entregou o combinado. "O fato de os conselhos de administração das companhias nacionais estarem no Brasil e conhecerem melhor a realidade econômica ajuda na hora de negociar as metas estabelecidas", diz Dárcio Crespi, sócio-diretor da consultoria em seleção de executivos Heidrick & Struggles. 

Essa condição não se aplica aos executivos americanos em solo próprio. Segundo a empresa americana de recolocação profissional Challenger, Gray & Christmas, 790 presidentes foram demitidos entre janeiro e agosto deste ano. Assim como no Brasil, a desaceleração da economia e a pressão por resultados também estão por trás das demissões. Os setores mais afetados nos Estados Unidos foram os de saúde, tecnologia, serviços e farmacêutico.

Pelo visto, o negócio é não se arriscar com metas estratosféricas. Negociar taxas exequíveis e condizentes com a economia do país é primordial para alcançar, com conselheiros e sócios, números mais reais a médio e longo prazo. Para quem dirige ou planeja chegar ao cargo de direção, o importante é não se comprometer com metas irreais, por mais difícil que isso seja. 

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